Veja o que as cidades precisam fazer até 2050 para cumprir as metas climáticas

Em 2050, a maioria das pessoas estará vivendo nas cidades. Um novo relatório apresenta as formas de manter as emissões sob controle.

Por Alejandra Borunda
Publicado 29 de set. de 2019, 10:00 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT

O progresso precisa ser rápido e deve começar agora, salienta Weyl. Pesquisas anteriores sugerem que, para atingir as metas de Paris, os edifícios em todo o mundo precisam obter cerca de 3 por cento de mais eficiência a cada ano, diz Weyl.

Mudanças a serem alcançadas

Consertar edifícios pode diminuir cerca de 60 por cento das emissões urbanas de carbono. Outra boa parte, pouco mais de 15 por cento, vem do uso de materiais melhores ou diferentes para construir prédios, veículos, estradas e ferrovias que sustentam a existência humana. Isso significa menos concreto, aço e vidro novos.

“O edifício mais verde é aquele que já existe”, diz Guttman.

Outra redução de 20 por cento pode vir do transporte, se este for liberto de seu atual vício em carbono. Nas cidades, isso poderia ser feito através da construção de sistemas eficazes de transporte público ou da troca de carros pessoais por carros compartilhados.

Mais de 10 mil cidades assumiram compromissos de reduzir drasticamente suas emissões de carbono até 2050. Provavelmente, elas conseguirão atingir um terço desse objetivo por conta própria, diz o relatório. Mas não conseguirão atingir os tipos de metas que desejam - quase zero de emissões líquidas – sem a cooperação e colaboração dos governos nacionais.

Para a redução de emissões de edifícios, por exemplo, os tipos de mudanças que as cidades podem controlar diretamente – como isolar melhor suas paredes – podem levá-las à metade do caminho para seus objetivos. Mas, para chegar até lá, os prédios precisam funcionar com eletricidade sustentável, o que exige mudanças na rede de energia que somente os governos estaduais ou nacionais podem controlar.

“Isso não é algo que os governos municipais podem conquistar sozinhos”, diz Sarah Colenbrander, principal autora do relatório. “Não podemos continuar passando a bola para eles e esperar que eles resolvam todos os problemas.”

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    Munique, Alemanha, planeja abastecer-se inteiramente com energia renovável até 2025. O município já assinou um contrato para fornecer energia ao seu sistema ferroviário urbano, o S- Bahn, com energia de um parque eólico offshore no Mar do Norte.
    Foto de Luca Locatelli

    Até 2050, cerca de 70 por cento da população mundial passará à vida cotidiana nas cidades. Eles farão tudo que compõem uma vida cotidiana: comer, se deslocar de casa para o trabalho ou para a escola, se refrescar nos verões, se aquecer nos invernos e muito mais.

    Todas essas experiências custam muita energia e, atualmente, essa energia custa muito carbono. Moradores urbanos, como um todo, acabam sendo responsáveis por três quartos de todas as emissões atuais de gases do efeito estufa. Mas não precisa ser assim, destaca um novo relatório da Coalizão para Transições Urbanas: usando tecnologias e políticas que já existem hoje, as cidades podem reduzir suas emissões de carbono em 90 por cento até 2050. 

    Isso reduziria substancialmente as emissões globais, levando-nos a cerca de 60 por cento dos cortes necessários para evitar o aquecimento além da meta de 2 graus Celsius (3.7 graus Fahrenheit) acordada no  Acordo de Paris de 2015.

    "A maioria das pessoas vive nas cidades e a maioria das emissões vem das cidades", diz Christiana Figueres, vice-presidente do Pacto Global dos Prefeitos. "À medida que as cidades avançam, avança também o clima."

    Edifícios, edifícios, edifícios

    As tecnologias e as políticas para tornar as cidades mais favoráveis ao clima já existem, afirma o relatório.

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      O parque eólico DanTysk, no Mar do Norte, fornece energia carbono-zero para Munique.
      Foto de CHRISTIAN CHARISIUS, Dpa, Alamy

      A maior mudança a ser alcançada? Em primeiríssimo lugar, as cidades precisam construir edifícios melhores ou, melhor ainda, adaptar os que já possuem para que eles usem muito menos energia.

      Nos cálculos do relatório, cerca de 30 por cento de todas as emissões urbanas poderiam ser reduzidas até 2050 se tornássemos os edifícios mais eficientes. Outros 30 por cento poderiam ser ganhos ao trocar grandes consumidores de energia – que atualmente funcionam com energia de combustíveis fósseis como os sistemas de aquecimento e refrigeração, luzes e fogões – por fontes renováveis como energia solar ou eólica.

      Isso significa reparar todas as rachaduras nos prédios para que eles não deixem vazar calor ou ar refrigerado. Melhor ainda seria redesenhá-los para não confiar tanto nas tecnologias de consumo de energia, que se tornaram a norma em muitos projetos norte-americanos e europeus.

      “Nós construímos esses edifícios e instalamos sistemas caros de climatização e iluminação como sistemas de correção. Mas se esse mesmo edifício tivesse sido construído levando em consideração o movimento da luz e do ar – coisas que costumávamos fazer nesse país antes do surgimento dessa tecnologia – nós provavelmente teríamos criado algo menos complexo,” diz Maureen Guttman, arquiteta especialista em design de edifícios verdes.

      Reprojetar e modernizar edifícios é um grande desafio, mas é algo que sabemos como realizar, diz Debbie Weyl, especialista em edifícios do World Resources Institute, que acabou de fazer um relatório separado sobre o futuro das construções carbono zero. Muitas cidades estão pedindo ajuda para fazer exatamente isso. Na Cidade do México, por exemplo, um projeto para ajudar poucos edifícios a descarbonizar cresceu como uma bola de neve. Em 2015, havia quatro prédios no programa; depois 15; neste ano, cerca de 800 prédios por toda a cidade se engajaram em grandes projetos de redução de carbono.

      Copenhague é uma das melhores cidades para se andar de bicicleta do mundo, além de ter um sofisticado sistema de trânsito. Na década de 1970, a cidade fez uma escolha ativa para buscar opções de transporte de baixo carbono e hoje possui uma das taxas mais baixas de propriedade de carros em cidades da Europa.
      Foto de Mads Claus Rasmussen, Ritzau Scanpix, AFP

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