Amazônia: saiba como funciona a operação de uma agrofloresta
O que é um Sistema Agroflorestal e quais são seus benefícios para o meio ambiente e a economia?
Sistema agroflorestal da cooperativa Reca, em Nova Califórnia, no Acre. Do plantio ao processamento, a Reca produz e distribui polpas de açaí, maracujá, graviola, goiaba, acerola e abacaxi, óleos de andiroba, copaíba, castanha-do-brasil e manteiga de cupuaçu, além de palmito pupunha em conserva entre outros produtos.
Infográfico interativo desenvolvido pela National Geographic mostra em detalhes como se levanta uma agrofloresta, do preparo do solo ao processamento da colheita: Como funciona a agrofloresta na Amazônia.
Ao contrário da monocultura, a agrofloresta promove a diversidade de culturas agrícolas e evita ao uso de defensivos e agroquímicos, o que faz com que esse tipo de produção seja mais ecologicamente correto.
O Sistema Agroflorestal (SAF) visa emular a composição natural de uma floresta. Ou seja, é composto por várias espécies diferentes com uma lógica de espaçamento e sombreamento. Esse funcionamento pode ser visualizado na página especial Como funciona uma agrofloresta na Amazônia, infográfico interativo ilustrado por Luiz Iria com reportagem de Letícia Klein.
O SAF como é conhecido hoje foi introduzido na Amazônia na década de 1970 por imigrantes japoneses que se estabeleceram nos estados do Pará e do Amazonas 40 anos antes.
Fruto do cupuaçu cultivado no sistema agroflorestal da cooperativa Reca, em Nova Califórnia, no Acre.
Castanha-do-brasil colhidas no sistema agroflorestal da cooperativa Reca, em Nova Califórnia, no Acre.
Como funciona uma agrofloresta na Amazônia?
O SAF exige várias etapas, do preparo do solo à colheita.
O primeiro passo é escolher a área. A agrofloresta pode ser criada sobre uma área degradada, uma terreno de monocultura ou uma floresta secundária (que já foi manejada por pessoas).
Posteriormente, a adubação verde deve ser feita com espécies de crescimento rápido, que participam do ciclo de nutrientes. Essas plantas são, então, cortadas e usadas como biomassa para cobrir o solo para evitar a erosão e manter a umidade.
O próximo passo é semear as sementes e plantar as mudas. Enquanto crescem, as lavouras requerem manutenções específicas de acordo com as necessidades de cada espécie: poda, pastagem, adubação e cobertura do solo.
Por fim, dependendo da época de colheita de cada safra, a produção é coletada e encaminhada para a comercialização. Subprodutos podem ser criados. A venda pode ocorrer em supermercados, feiras urbanas, no sistema Comunidade de Apoio à Agricultura – uma rede que conecta produtores a consumidores – ou pela internet.
A agrofloresta tem papel fundamental no combate ao desmatamento e garante a biodiversidade por meio do plantio de múltiplas espécies, explica Osvaldo Kato, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, especializada em sistemas agroflorestais, e nascido em Tomé-Açu, no Pará.
Por sua vez, "estudos mostram que os agricultores familiares podem obter melhores retornos financeiros com sistemas diferentes do que com a monocultura", diz o pesquisador da Embrapa.
O SAF “é uma filosofia de vida”, à qual todas as pessoas podem aderir. Pode ser aplicado na hora de cultivar em casa, questionar fornecedores de alimentos e ter um consumo mais consciente, diz Mariana Saka, gerente global da Pretaterra, empresa que planeja e desenvolve projetos agroflorestais de pequena a grande escala.