Os famosos macacos-da-neve japoneses tomam banhos para diminuir o estresse

Assim como nós, estes primatas amenizam as baixas temperaturas do inverno com banhos quentes. Hábito pode garantir a sobrevivência da espécie

Por Sarah Gibbens
Publicado 9 de abr. de 2018, 15:49 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Os macacos mergulham em água fervente na localidade de Jigokudani, no Japão.
Foto de Jasper Doest, Minden Pictures, National Geographic Creative

Há uma razão para os macacos parecerem tão serenos na foto acima. Submersos até as bochechas em água fumegante, com neve flutuando em suas cabeças peludas, eles parecem estar em estado de meditação.

Os pesquisadores sempre suspeitaram de que os macacos usavam as fontes termais para se aquecer no inverno. Novo estudo publicado na revista Primates confirma isto, mas vai além: a descoberta pode ainda esclarecer como estes primatas lidam com o estresse.

Temperaturas congelantes

De todos os primatas do mundo, os macacos japoneses são os que vivem mais ao norte. Durante décadas, eles foram observados em banhos no Jigokudani Monkey Park, no Japão. Seu comportamento tornou-se tão cativante para as pessoas que milhares de turistas costumam ir assistir ao banho dos macacos da neve em horário de pico.

Nas regiões montanhosas do Japão, os invernos podem ser bem rigorosos. Enquanto os macacos estão descansando em uma piscina calma, eles são frequentemente submetidos a intensa queda de neve e temperaturas congelantes.

Para ver exatamente que tipo de benefício os macacos conseguiram em seus banhos, um grupo de pesquisadores da Universidade de Kyoto, no Japão, rastreou 12 fêmeas. Seu comportamento foi observado em duas estações diferentes: a estação de nascimentos, de abril a junho, e a de inverno, de outubro a dezembro. Os cientistas analisaram quais macacos se banhavam com mais frequência e por quanto tempo.

Eles então mediram a quantidade de um hormônio chamado glicocorticóide das amostras fecais dos macacos. Os glicocorticóides vêm de uma família de hormônios esteróides e são produzidos quando os macacos sofrem estresse - muitas vezes tentando manter uma temperatura corporal que não seja muito fria nem muito quente.

Sobrevivência

Os resultados da equipe confirmaram que os macacos usavam as fontes termais com mais frequência durante os meses de inverno. As fêmeas que tinham maior status social foram documentadas em banhos mais longos (também é verdade que foram vistas envolvidas em mais conflitos).

Quando os pesquisadores mediram a quantidade de glicocorticóide nas fêmeas que tomaram banhos mais longos, encontraram níveis mais baixos do hormônio do estresse do que nas fêmeas que não tomaram banho. Isso significa que as fêmeas experimentaram menos estresse ao tentar regular a temperatura corporal.

Não está claro se os longos banhos influenciaram outros hormônios do estresse. Os pesquisadores planejam o próximo estudo de amostras de saliva para medir outros hormônios relacionados ao estresse. Eles teorizam que, ao reduzir o estresse, os banhos poderiam beneficiar a probabilidade dos macacos se reproduzirem e assim garantir sua sobrevivência.

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