Nova trilha de ciclismo vai conectar 8 países da Europa

A Trans Dinarica oferece um corredor para cidades, vilas em montanhas remotas e antigas tradições.

Por Alex Crevar
Publicado 6 de fev. de 2019, 16:03 BRST, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Na Trans Dinarica, ciclistas apreciam a vista da ilha de Krk, na Croácia.
Na Trans Dinarica, ciclistas apreciam a vista da ilha de Krk, na Croácia.
Foto de Matej Hartman, transdinarica.com

A Trans Dinarica, uma nova rota de ciclismo que cruza fronteiras, no momento conecta a EslovêniaCroáciaBósnia e Herzegovina. Com início no Vale do Soča, na Eslovênia, perto da Itália, o caminho segue para o sul, para a costa adriática da Croácia, antes de virar para o leste e terminar em Sarajevo, capital da Bósnia. Contudo a meta final da rota — como os organizadores da rede de ciclismo logo mencionam — é atravessar todos os oito países dos Balcãs Ocidentais e, por fim, incluir MontenegroAlbâniaKosovoSérviaMacedônia.

A Trans Dinarica permite que muitos visitantes percorram, pela primeira vez, patrimônios da Unesco, vilarejos e parques nacionais. Aqui, ciclistas cruzam a vila de Vrboska, na ilha de Hvar, na Croácia.
Foto de Matej Hartman, transdinarica.com

Em uma combinação de superfícies, que incluem trilhas de ciclismo de faixa única, cascalhos e trechos de asfalto, o percurso destaca a ampla paleta de cenários da região: cumes de montanhas acima do nível do mar; passagens por montanhas; lagos e rios alpinos; cidades no coração dos Alpes Dináricos (que dá nome à rede) e cordilheiras vizinhas. Dividida em partes iguais de aventura e cultura, a Trans Dinarica proporciona uma visão rara desse canto da região sudeste da Europa, que ainda possui autenticidade genuína enraizada na honrada tradição secular de receber hóspedes com comida, vinho e histórias da região.

A ideia da Trans Dinarica surgiu em 2016, quando três operadoras de turismo—da EslovêniaCroácia e Bósnia e Herzegovina—se juntaram para criar um corredor entre os Balcãs Ocidentais que, com frequência, são esquecidos pelos turistas. A missão era combinar um ótimo ciclismo (com ênfase em mountain bike) com a riqueza da experiência de velho mundo da região. Com isso, a rede também aborda desafios de infraestrutura e acessibilidade, enquanto ajuda a incentivar negócios locais sustentáveis e familiares. Inspirada na trilha de caminhada Via Dinarica, que fica paralela à rota de ciclismo e abrange cerca de 1931 quilômetros desses mesmos oito países, a Trans Dinarica possibilita aos visitantes percorrer, pela primeira vez, patrimônios da Unesco, vilarejos e parques nacionais. 

mais populares

    veja mais
    Ciclistas cruzam ponte no Vale do Soča, na Eslovênia.
    Foto de Uroš Švigelj, transdinarica.com

    Recentemente, um grupo de ciclistas partiu de Sarajevo, capital da Bósnia e Herzegovina, para um percurso exploratório de três dias, de 321 quilômetros aproximadamente, para iniciar a expansão da Trans Dinarica para o sul, até Podgorica, capital de Montenegro. Alguns minutos fora da cidade principal da Bósnia, o tráfego urbano se torna um emaranhado de becos de paralelepípedos que combina casas de madeiras e bairros da era otomana. Então, a civilização abre lugar para estradas que ligam comunidades remotas. Tratores substituem carros e fontes em forma de canais captam nascentes e servem de fonte de água coletiva. Durante horas, fazendas avançam umas sobre as outras até a fronteira compartilhada dos países, ao longo do horizonte e abaixo dos picos ao redor.

    Quando os ciclistas se perderam percorrendo a nova rota até a linha de Montenegro, apoiaram suas bicicletas—aparelhos autossuficientes carregados com equipamentos à prova da água amarrados ao assento e guidão—em cercas de trilho feitas à mão em frente a casas de fazenda com chaminés de pedra que soltavam fumaça. Homens e mulheres pararam de mexer em seus jardins para convidar os ciclistas para provarem café, pão fresco, queijo e schnapps artesanais e discutir a utilidade dos mapas do grupo e modernos aparelhos de GPS. Essa rotina de exploração e interação se repetiria, com alegria e como parte da razão de ser dessa rota, entre ambos os países. 

    Atualmente, a trilha está concluída na Eslovênia, Croácia e Bósnia e Herzegovina, mas a Trans Dinarica será expandida para incluir Montenegro, Albânia, Kosovo, Sérvia e Macedônia.
    Foto de Uroš Švigelj, transdinarica.com

    “Por causa das muitas comunidades em que passa, a Trans Dinarica não parece o típico turismo—porque não é”, diz Edo Vričić da VMD Adventure Travel, a operadora da Croácia que ajuda a desenvolver a rota. “Esses são lugares reais, que não estão acostumados a turistas, mas adoram ser anfitriões.”

    Jan Klavora, da agência de turismo ativo em Liubliana, chamada Visit Good Place, a parceira eslovena da rede, concorda e acrescenta que esse tipo de viagem, feita em “velocidade humana,” é um encaixe perfeito para os Balcãs. “Dizemos que ciclistas são lentos e famintos”, diz Klavora. “E como os ciclistas não conseguem carregar muita coisa—mas ainda assim podem chegar a todos os lugares—essa trilha ajuda a transformar a infraestrutura ao longo do caminho e proporciona um motor para negócios em áreas remotas a que, normalmente, nenhum outro turista vai, exceto os ciclistas.”

    Na fronteira de Montenegro, o grupo de ciclistas percorrendo a Trans Dinarica cruzou o Rio Tara, que converge no desfiladeiro de Tara, o segundo cânion mais profundo do planeta. À frente, os íngremes picos cobertos de neve do Parque Nacional Durmitor se tornam a nova tela de fundo do percurso, onde pastores podem ser vistos guiando seus rebanhos até as comunidades nas encostas.

    “O que a Trans Dinarica planeja fazer, é claro, é criar um caminho desafiador e inspirador entre regiões relativamente intocadas da Europa”, diz Thierry Joubert, da Green Visions, em Sarajevo, uma operadora de turismo de aventura e a parceira da rede na Bósnia. De acordo com Joubert, trilhas de mountain bike de faixa única predominam no trecho na Eslovênia, mas, com o desenvolvimento em curso, mais dessas rotas técnicas—assim como vias alternativas para cada nível de experiência e preferência de ciclismo—estão sendo criadas na Croácia, Bósnia e Herzegovina e além. “O motivo pelo qual o caminho tem e terá sucesso são os próprios Balcãs Ocidentais. A região possui uma infinidade de cenários que literalmente te deixam sem fôlego, e apresenta a oportunidade de sentar, comer e beber com os moradores, que vivem para compartilhar sua cultura e se orgulham de você entender a importância disso.”

    mais populares

      veja mais
      loading

      Descubra Nat Geo

      • Animais
      • Meio ambiente
      • História
      • Ciência
      • Viagem
      • Fotografia
      • Espaço
      • Vídeo

      Sobre nós

      Inscrição

      • Assine a newsletter
      • Disney+

      Siga-nos

      Copyright © 1996-2015 National Geographic Society. Copyright © 2015-2024 National Geographic Partners, LLC. Todos os direitos reservados