Tubarão de duas cabeças encontrado por pescador

Um pescador da Flórida encontrou o feto de duas cabeças ainda vivo dentro de outro tubarão-cabeça-chata.

Por Brian Clark Howard
Publicado 3 de mai. de 2018, 10:54 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
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Este tubarão-cabeça-chata de duas cabeças foi encontrado por um pescador e analisado numa publicação científica.
Foto de Republicada com permissão de C. M. Wagner et al

Tubarões são temas recorrentes no nosso site. Já escrevemos sobre os tubarões gigantes que se juntam em cardumes, mostramos o sono dos predadores no fundo do mar e revelamos a idade surpreendente das espécies do ártico. Desta vez, trazemos mais uma curiosidade a ser adicionada à lista: um tubarão de duas cabeças. 

Um pescador que trabalhava no litoral de Florida Keys, nos EUA, capturou recentemente um tubarão-cabeça-chata; quando o abriu descobriu dois fetos, um deles bem estranho, com duas cabeças. O pescador o doou para cientistas, que escreveram um artigo publicado no Journal of Fish Biology esta semana.

Os cientistas, liderados por C.Michael Wagner da Universidade do Estado de Michigan, disseram ter sido a primeira vez que o fenômeno foi avistado em tubarões-cabeça-chata, e um dos cerca de meia dúzia de casos registrados de tubarões com duas cabeças.

“Por si só, essa descoberta não nos diz absolutamente nada sobre a saúde dos oceanos ou sobre a população de tubarões-cabeça-chata”, Wagner disse hoje à Ocean Views por e-mail.

“É apenas um fenômeno raramente visto que pudemos registrar. Porém, chama atenção da mídia, o que é uma excelente oportunidade para jornalistas falarem sobre questões importantes acerca desse tema.” Como leitura adicional, Wagner aponta o recente estudo Índice de Saúde do Oceano publicado na revista Nature por Benjamin Halpern e colegas (nós cobrimos o artigo aqui).

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Raio X do feto de tubarão.
Foto de Republicada com permissão de C. M. Wagner et al

Por que duas cabeças?

O tubarão-cabeça-chata com duas cabeças apresenta uma característica tecnicamente chamada de “bifurcação axial”, quando um embrião não termina a sua divisão em dois indivíduos separados (gêmeos). Essa mutação também pode ser vista em outros animais, incluindo humanos.

De acordo com a equipe de Wagner, esses indivíduos dificilmente sobrevivem na natureza, pois possuem uma grande desvantagem na hora de procurar por comida e evitar predadores. Nesse caso, o tubarão também tinha um corpo muito pequeno, já que toda a energia foi direcionada para o crescimento das duas cabeças.

Wagner disse que o pescador que encontrou o animal relatou que ele morreu logo depois de retirado de dentro da mãe. “Provavelmente ele não teria sobrevivido durante muito tempo se tivesse nascido naturalmente”, disse Wagner.

“Estudar organismos tão raros pode nos ajudar a entender melhor os processos de desenvolvimento,” Wagner acrescentou.

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    Wagner respondeu a uma pergunta de um leitor sobre o fato de tubarões não terem ossos: “É verdade que o esqueleto dos tubarões é formado por cartilagem, e não ossos. A cartilagem do tubarão é densa o suficiente para aparecer em uma imagem de raio X. É uma técnica comum utilizada para analisar espécimes raros em museus, e em casos quando não se quer danificar o espécime (por exemplo, a exposição sobre diversidade de peixes, no Instituto Smithsonian).”

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