Descobertos cardumes de tubarões gigantes – para espanto de especialistas

Antes considerados solitários, os tubarões-elefante às vezes se reúnem em grupos de até 1,4 mil indivíduos, revela um novo estudo.

Por Cecelia Smith-Schoenwalder
Publicado 16 de abr. de 2018, 11:34 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Tubarões-elefante podem assustar, mas a imensa boca aberta serve apenas para filtrar zooplâncton e outras pequenas criaturas através das guelras.
Foto de Nick Caloyianis, National Geographic Creative

Grupos de mais de mil tubarões-elefante foram vistos na costa noroeste dos EUA, intrigando cientistas que estudam a espécie antes considerada solitária.

Levantamentos aéreos para localizar baleias-francas ameaçadas de extinção no Atlântico Norte nas últimas décadas, revelaram grandes grupos do segundo maior peixe do mundo. Encontrado em todo o planeta, esses caçadores lentos não representam uma ameaça para os seres humanos.

Os tubarões-elefante são enormes – podem atingir 10 metros de comprimento e, como peixes, são menores apenas que o tubarão-baleia. No entanto, pode ser difícil rastreá-los.

E sem essas descobertas oportunistas, "essas informações estavam escondidas", diz Leah Crowe, líder do estudo recente sobre o fenômeno e bióloga de campo da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional. "Este não é o objetivo da nossa pesquisa."

No estudo, publicado no periódico Journal of Fish Biology, Crowe e seus colegas documentaram 10 avistamentos de grandes grupos de tubarões-elefante entre 1980 e 2013, ao longo da costa da Nova Escócia até Long Island.

Por que se juntar?

Especialistas em tubarões têm várias teorias sobre por que os tubarões-elefante se juntam. Sabe-se que outras espécies de tubarões se reúnem para se alimentar, acasalar e evitarem predadores.

Um avistamento recorde – de cerca de 1,4 mil tubarões em novembro de 2013 ao largo do sul da região da Nova Inglaterra, no nordeste dos EUA – revelou vários jovens tubarões, o que para Crowe indica que o grupo provavelmente estava se alimentando de zooplâncton e não acasalando.

O estudo também sugere que os tubarões poderiam estar se reunindo para reduzir o arrasto causado pelas enormes bocas abertas durante a alimentação, permitindo que eles usassem uns aos outros para nadar e economizar energia.

Mas avistamentos aéreos revelam muito pouco.

"Vê-los de cima é interessante, mas não nos diz muito sobre os fatores ambientais", como a densidade do plâncton, diz Crowe.

O misticismo do tubarão

Gregory Skomal, cientista sênior de pesca da Divisão de Pesca Marinha de Massachusetts, nos EUA, concordou que os dados aéreos são limitados para explicar os motivos dos agrupamentos.

Skomal nadou em meio a um grupo de tubarões-elefante, mas não recomenda enviar pessoas para coletar dados, já que a presença de humanos faria com que os animais agissem de maneira diferente.

Tais agrupamentos "são parte do misticismo do animal", diz Skomal, que não esteve envolvido na pesquisa.

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Mas o público pode ajudar os cientistas através do programa de ciência cidadã "Encontre um Tubarão-Elefante", dirigido pelo Centro de Pesquisas de Tubarões do Pacífico, parte dos Laboratórios Marinhos de Moss Landing.

Os tubarões-elefante passam cerca de 90% do tempo nas profundezas do oceano e apenas 10% na superfície – por isso os avistamentos são tão valiosos, segundo Dave Ebert, diretor de programação do centro de pesquisa.

Espécie preocupante

Aprender o máximo possível sobre esses gigantes é crucial, pois algumas populações de tubarões-elefante diminuíram – o governo americano passou a considerar a população do Pacífico Norte Oriental como “espécie preocupante” em 2010.

No século 20, a caça em busca do óleo de fígado de tubarões reduziu sua população ao longo da Costa Oeste dos EUA, e o número de tubarões-elefante continuou baixo nas últimas décadas, diz Ebert.

Ele ressalta que "quando falo baixo, não estamos realmente certos sobre qual era a linha base inicial."

"Se você não os vê, isso não significa que eles não estão por perto."

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