Um quatrilhão de toneladas de diamantes estão escondidos nas profundezas da Terra

As pedras brilhantes são ainda mais comuns do que achávamos, com base nas últimas estimativas.

Por Maya Wei-Haas
Publicado 23 de jul. de 2018, 11:35 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
A Terra pode estar cheia dessas pequenas pedras preciosas.
A Terra pode estar cheia dessas pequenas pedras preciosas.
Foto de Cary Wolinsky

Um quatrilhão de toneladas de diamantes podem estar sob seus pés. Mas antes que você pegue seu uniforme de garimpeiro e agarre a furadeira mais próxima, saiba: a 160 quilômetros de profundidade. Assim, as pedras estão fora de nosso alcance.

Cientistas encontraram uma quantidade inacreditável de pedras preciosas usando ondas sísmicas na Terra para estimar a composição de uma camada específica do planeta. Os resultados, publicados recentemente na revista Geochemistry, Geophysics, Geosystems, mostram que nosso planeta provavelmente tem mil ou mais vezes a quantidade de diamantes que os pesquisadores pensavam.

Organizações como a U.S. Geological Survey usam uma gama de instrumentos sensíveis conhecidos como sismômetros pelo mundo para monitorar cada tremor que ocorre no nosso planeta. Essa informação não apenas ajuda cientistas a entender melhor os tremores, mas os pesquisadores também usam isso para criar imagens do interior da Terra. A dureza, temperatura, densidade e composição das rochas afetam como essas ondas viajam. Então, examinando os pequenos tremores do nosso planeta, pesquisadores podem estimar o que está no interior – sem precisar de super-furadeiras.

Ao longo dos anos, no entanto, pesquisadores notaram algo estranho. Cerca de 160 quilômetros abaixo da superfície, ondas sísmicas se movem muito mais rápido do que o esperado. Essas regiões são chamadas de raízes cratônicas – montanhas invertidas de “manto frio, estável e rígido que dá suporte aos continentes acima dele”, diz Joshua Garber, um pesquisador de pós-doutorado na Universidade de Penn State e autor do estudo.

Rochas cratônicas são incrivelmente velhas, se formando e estabilizando nos primeiros dois bilhões de anos da história de 4,5 bilhões de anos da Terra. Pesquisadores tiveram pistas sobre sua composição através de erupções vulcânicas raras que enviam grandes volumes de magma até a superfície, carregando pedaços de rochas antigas. Mas a composição exata das raízes cratônicas – e o motivo das ondas sonoras passarem rápido por elas – por muito tempo foi um mistério. (Por exemplo, cientistas recentemente descobriram um tipo de mineral desconhecido em um diamante super-profundo.)

Ciência brilhante

No novo estudo, pesquisadores usaram dados sísmicos para estudar modelos diferentes de ondas tridimensionais se movendo pela Terra. Eles consideraram a composição da rocha, flutuabilidade e até eletromagnetismo de vários materiais possíveis para criar a receita de rochas que criariam a velocidade de onda observada.

“O que descobrimos, em contraste com estudos anteriores, é que não se pode simplesmente usar o tipo principal de rocha do manto – chamada de peridotito – para explicar essas velocidades”, diz Garber. “Precisamos de algo mais duro”.

A resposta: diamantes. E muitos deles.

Combinado com uma rocha oceânica chamada eclogito, um pouco mais de um quatrilhão – um número um com 15 zeros – de toneladas de diamantes estão escondidos dentro da Terra, eles estimam. Para ser justo, isso é apenas uma pequena porcentagem das rochas da Terra, diz Garber. Pelo volume, cerca de 2% das raízes cratônicas são feitas de diamantes.

Pesquisadores sabem há muito tempo que uma grande quantidade de carbono circula sob a crosta terrestre como dióxido de carbono e minerais ricos em carbono, como grafite, calcita e diamante. Apesar dessas rochas custarem muito caro em uma loja de joias, geologicamente, elas não são exatamente raras.

“Foi inesperado, mas não sem precedentes” diz Garber sobre a nova estimativa dos diamantes.

Ainda assim, um quatrilhão de toneladas é muito brilho. “Com certeza é algo que atiça nossa imaginação”, diz Maureen Long, sismóloga da Universidade de Yale que não estava envolvida no estudo.

Cavando fundo

Long diz que o estudo é “um resultado animador e elegante de várias formas”, e ela enfatiza que a pesquisa foi feita cuidadosamente e considera muitos fatores.

Mas pode não ser a última palavra sobre o depósito de diamantes da Terra: “Eu, particularmente, olho para as conclusões de forma cética”, diz Suzan van der Lee, sismóloga da Universidade Northwestern que não estava envolvida na pesquisa. Apesar de ela elogiar a meticulosidade do trabalho, há outros modelos que ainda não foram testados e que podem dar um resultado diferente.

Por hora, tanto Long quando van der Lee concordam que o trabalho é um passo na direção certa, já que vem de um grande grupo de colaboradores de muitas especialidades diferentes. Também conhecido como Cooperative Institute for Dynamic Earth Research, esse encontro de um mês junta todos os tipos de cientistas para uma pesquisa focada.

E resta uma pergunta importante: Os humanos um dia conseguirão chegar a esses diamantes? É improvável, diz Garber. “Pelo menos, [não] na escala de tempo humana”, ele adiciona. Até agora, mesmo usando tecnologia de ponta, humanos não conseguiram cavar mais fundo do que 12,2 quilômetros, então, cavar um buraco de 160 quilômetros ou mais seria certamente um desafio para um super vilão.

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