Mineral nunca visto é encontrado em diamante superprofundo

A descoberta pode ajudar os cientistas a descobrirem como a crosta oceânica é reciclada no interior da Terra.

Por Sarah Gibbens
Publicado 13 de mar. de 2018, 12:27 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Diamantes brutos entre pedras em Kimberley, África do Sul.
Foto de James P. Blair, National Geographic Creative

Escondido no interior de um diamante forjado nas profundezas da Terra, cientistas encontraram a primeira evidência de um mineral jamais visto antes.

É chamado de perovskita de silicato de cálcio e, por não ter uma estrutura rígida como um diamante, os cientistas nunca conseguiram mantê-lo estável na superfície da Terra.

"Na verdade, não fazíamos ideia de que acharíamos isso", disse Graham Pearson, professor da Universidade de Alberta e co-autor de um novo estudo publicado na Nature que detalha a descoberta.

"A maioria dos cientistas diria que jamais encontraríamos isso na superfície da Terra", acrescenta. Isso ocorre porque, quando o mineral ascende à superfície, há menos pressão sobre ele e suas ligações de carbono são modificadas. Os cientistas estimam que o mineral seja o quarto mineral mais abundante da Terra, mas nunca foram capazes de observar a substância na superfície.

Outras versões da perovskita de silicato de cálcio foram encontradas no que Pearson chamou de "forma de pressão média" em outros diamantes, mas essa é a primeira vez que ele é visto, já que ele é prolífico centenas de quilômetros abaixo da superfície da Terra.

Ao contrário do mineral recém-encontrado, os diamantes têm ligações de carbono que são mais difíceis de se separar e se reorganizar. Isso torna o material um canal perfeito para estudar materiais encontrados nas profundezas da Terra.

Pearson – junto com cientistas de universidades do Canadá, Reio Unido e África do Sul – estudou diamantes da famosa Mina de Cullinan, na África do Sul. Antes da descoberta do mineral, a mina era mais conhecida como fonte dos enormes diamantes que adornam a Coroa britânica.

"Temos um programa que estuda diamantes super profundos visando obter mais informações", diz Pearson.

O diamante contendo perovskita de silicato de cálcio foi encontrado a menos de 2 km abaixo da superfície, mas Pearson diz que teria se originado a uma profundidade de mais de 600 km. A essa profundidade, o material estaria exposto a pressões equivalentes a 240 mil atmosferas terrestres. Os tipos de diamantes vistos em joias normalmente não são encontrados a mais de 160 km abaixo da superfície.

“Nós temos essa imagem do que achamos que está lá, mas nada se compara a ter esse material em mãos", diz Pearson.

Ele diz que os cientistas podem usar a descoberta para entender como se dá o ciclo do carbono, que vai da superfície da Terra até o núcleo, e depois retorna à superfície com a ajuda de atividades geológicas, como vulcões.

"Esse silicato, em especial, bem como o carbono, originalmente foram criados na superfície da Terra como uma crosta oceânica", diz ele. "Ao ser subduzido pno manto da Terra, ele continua afundando até atingir fases minerais de pressão cada vez maior.”

O que mais escondem os diamantes?

A perovskita de silicato de cálcio não é o primeiro achado geológico a ser encontrado em diamantes.

Em 2014, Pearson e um grupo de pesquisadores que mineravam diamantes no Brasil encontraram evidências de um mineral rico em água chamado ringwoodite. Ao estudarem o mineral, os cientistas descobriram que o material era constituído de 1,5% de água. Isso sugeriu que grandes reservatórios de água estavam entre a zona de transição da Terra, abaixo da superfície, e o manto inferior.

A equipe de pesquisa planeja continuar minerando diamantes, e Pearson diz que estão tentando descobrir a idade do diamante. Eles terão muito trabalho pela frente, pois as estimativas atuais dizem que ele pode ter desde "poucos anos até bilhões de anos", dizem os cientistas.

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