A espaçonave InSight, da Nasa, pousou com sucesso em Marte. E agora?

A sonda chegou ao local ideal nesta segunda-feira (26/11) e pretende alcançar o coração do Planeta Vermelho.

Por Nadia Drake
Publicado 26 de nov. de 2018, 21:05 BRST, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
A sonda marciana da NASA, InSight, perfura o planeta vermelho em uma ilustração.
A sonda marciana da NASA, InSight, perfura o planeta vermelho em uma ilustração.
Foto de Art by Jason Treat, NGM STAFF, TOMÁŠ MÜLLER. Source: Bruce Banerdt, NASA

Após uma viagem de 205 dias pelo espaço, a sonda InSight, da NASA pousou com sucesso na superfície de Marte. Encarregada de explorar as profundezas da superfície marciana e mapear o submundo do planeta, a InSight aterrissou por volta das 18hs, horário de Brasília, em um trecho ensolarado das monótonas planícies equatoriais de Elysium Planitia.

Equipes de ansiosos cientistas e engenheiros reunidos no Laboratório de Propulsão a Jato, na Califórnia, Estados Unidos, sabiam que a espaçonave havia sobrevivido ao complicado e turbulento pouso na superfície do planeta vermelho quando receberem um sinal sonoro da sonda.

Mas a equipe responsável pela espaçonave ainda não comemora totalmente. Para o sucesso da missão, a InSight também deve acionar seus painéis solares, e essa confirmação sonora só será recebida em algumas horas. Partindo do pressuposto que os painéis serão acionados, a espaçonave se torna oficialmente o novo membro de uma frota interplanetária de robôs de elite que exploram o Planeta Vermelho, incluindo a sonda Mars Reconnaissance Orbiter, que monitorou a aterrissagem da InSight.

Confira a segunda temporada da série Marte, sábados, às 23h20, no National Geographic.
 
101 | Marte
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Primeiro contato

A jornada de mais de mais de 480 milhões de quilômetros da InSight começou em 5 de maio, com seu lançamento em uma manhã nublada a partir da Base da Força Aérea de Vandenberg, na Califórnia. Abrigada em seu casulo, a espaçonave percorreu o sistema solar com a ajuda de um sistema de rastreio astronômico de bordo, que a auxiliou a permanecer no caminho certo.

Em 25 de novembro e depois, novamente, algumas horas antes do pouso, a equipe responsável pela entrada, descida e aterrissagem da espaçonave fixou sua trajetória, permitindo à sonda pousar exatamente na Elysium Planitia. O terreno plano e de relevo monótono foi escolhido especificamente pela abundância de luz solar no equador e por sua superfície regular, o que oferece uma melhor chance de encontrar o local ideal para a instalação de seus instrumentos.

Quando seu mergulho na atmosfera foi definido, restou às equipes apenas parar e assistir. Sem uma entrada guiada na atmosfera, a InSight teve de guiar a si mesma até a superfície marciana, o que significa que o pouso seguro dependia de comandos corretamente pré-programados e do funcionamento adequado de todos os instrumentos de bordo.

“Há definitivamente alguns pontos que me farão sorrir caso tudo corra bem”, disse Julie Wertz-Chen, que faz parte da equipe de entrada, descida e aterrissagem, na semana passada.

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    Bruce Banerdt, investigador principal da sonda InSight, posa ao lado de uma réplica da InSight usada para simular o pouso semanas antes da aterrissagem real.
    Foto de Cassandra Klos

    Ao entrar em contato com a fina atmosfera do planeta, um escudo de calor protegeu a InSight de entrar em combustão enquanto a sonda descia a 20 mil quilômetros por hora. Cerca de um minuto depois, a espaçonave acionou seu paraquedas, fazendo-a frear bruscamente e diminuir sua velocidade para 215 quilômetros por hora.

    Seu escudo de calor foi desengatado e um radar de bordo começou a buscar e, consequentemente, definir seu local de pouso. A mil metros de altura, a InSight abandonou seu paraquedas, caiu brevemente em queda livre e, então, disparou uma dúzia de motores de aterrissagem, que diminuíram sua velocidade até alcançar míseros oito quilômetros por hora.

    Do contato com a atmosfera à estabilização de suas pernas robóticas ao chão, o processo levou apenas seis minutos e 45 segundos. Agora, a InSight deve esperar, literalmente, a poeira baixar para que possa começar a acionar seus painéis solares.

    A InSight não foi o único robô a entrar no espaço aéreo do planeta pela primeira vez hoje. Duas mini espaçonaves, cada uma do tamanho de uma maleta, serviram de acompanhantes na jornada como parte da primeira missão para enviar pequenas espaçonaves, conhecidas por CubeSats, ao espaço interplanetário.

    Conhecidas conjuntamente como Mars Cube One, mas separadamente como MaCO1 e MarCO2, sua missão é coletar informações da sonda InSight durante sua descida à superfície e retransmiti-las ao centro de controle no JPL.

    Batimento cardíaco marciano

    Agora, está na hora da InSight começar a trabalhar. Durante um ano marciano, ou ao menos dois anos terrestres, ela terá um trabalho um pouco diferente das outras missões marcianas, as quais tinham como foco os profundos vales e enormes vulcões do planeta, além de sinais que indicassem a antiga presença de água corrente na superfície.

    Em vez disso, esta missão visa chegar ao coração de Marte, para medir o tamanho do núcleo do planeta e de suas outras camadas interiores. Para fazer isso, ela dependerá de “marsquakes”, ou terremotos marcianos, ou seja, tremores muitas vezes produzidos pela mesma atividade tectônica que criou suas belas montanhas e vales.

    Um dos principais objetivos da InSight é descobrir o quanto de atividade sísmica há em Marte, disse Renee Weber, do Centro de Voos Espaciais George C. Marshall, da NASA.

    “Isso é algo que ainda não sabemos” ela disse. “Queremos saber, basicamente, quantos terremotos ocorrem, com que frequência, onde ocorrem e o tamanho deles”.

    Weber suspeita que Marte ficará entre a Terra e a lua em termos de atividade tectônica (sim, a lua tem “moonquakes”, ou terremotos lunares, os quais foram medidos pelos astronautas do programa Apollo quando a visitaram na década de 1970).

    Estacionada na superfície, a InSight está apenas esperando para captar esses sinais. Nos próximos três meses, ela acionará seus instrumentos, incluindo um sismômetro extremamente sensível que deve detectar diversos terremotos marcianos, tanto aqueles produzidos pelos próprios espasmos do planeta, quanto aqueles ocasionados pelo impacto de meteoros.

    Após a espaçonave determinar a localização de um terremoto, ela lerá as ondas sísmicas e usará as informações que carregam para descobrir por qual tipo de rocha elas se deslocaram. Quando os terremotos marcianos sacodem o interior do planeta, eles enviam ondas sísmicas que se propagam por seu interior, sinais estes que viajam de maneira ligeiramente diferente dependendo do tipo de material pelo qual estão se deslocando.

    Com dados suficientes de diferentes direções, cientistas serão capazes de montar uma imagem do coração extraterrestre do planeta vermelho. Um segundo instrumento será acionado para medir a temperatura do planeta, cavando às profundezas de Marte para descobrir quanto calor ainda escapa de seu núcleo.

    Em conjunto, as leituras da InSight ajudarão os cientistas a descobrirem como os planetas são formados e como evoluem, diz Suzanne Smrekar, investigadora principal e representante da missão. Isso é importante não apenas para melhor compreendermos o nosso sistema solar, mas também para decifrar pistas sobre planetas muito mais distantes, orbitando outras estrelas.

    “Realmente compreender todo o conjunto, e não apenas a superfície” disse Smrekar, “é essencial para sermos verdadeiramente capazes de fazer uma previsão razoável sobre o que acontece nesses mundos distantes”.

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