Os segredos por trás da beleza fugaz do beija-flor

Eles se movem tão depressa que o olho humano capta apenas um ponto colorido no ar. Mas câmeras de alta velocidade desvendam os mecanismos dessas máquinas de voar.

Por Brendan Borrell
fotos de Anand Varma
Publicado 8 de nov. de 2017, 20:34 BRST, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
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Em cativeiro, um beija-flor-de-anna alimenta-se enquanto paira diante de uma ilusão de óptica durante um experimento que mostra o quanto o voo destas aves depende das percepções visuais. Quando a espiral gira para criar a ilusão de que o colibri está se movendo para a frente, ela aciona a “marcha à ré” – e o seu bico se afasta do alimentador. (Fonte: Benny Goller e Doug Altshuler, Universidade da Colúmbia Britânica em Vancouver, Canadá)
Foto de Anand Varma

Em busca da minúscula ave, chegamos ao quintal de uma casa na localidade de Palpite, em Cuba. Christopher Clark, ornitólogo, trouxe uma parafernália no carro: câmeras, equipamentos de som, uma gaiola de tela transparente com formato de cubo. Poucos minutos após chegarmos naquela manhã de maio, Clark não consegue parar de girar o próprio corpo em círculos. Ele está tentando seguir a trajetória de um projétil alado que zune entre os pés de hamélias. Quando o beija-flor faz uma pausa para extrair das flores o seu combustível adocicado, as asas continuam batendo, em meio a uma nuvem cinzenta, com uma velocidade maior que a capacidade de percepção do olho humano.

Mesmo pelo padrão liliputiano dos beija-flores, o colibri-abelha-cubano (Mellisuga helenae) é um anão – trata-se, literalmente, da menor ave do planeta. O seu corpo esverdeado e iridescente não pesa muito mais que uma amêndoa comum. Nessa região, ele é mais conhecido como zunzuncito – “pequeno zunzum”, devido ao zumbido que faz −, e é ainda menor que o seu primo, chamado zunzun, o colibri-cubano (Chlorostilbon ricordii).

Ao registrar a trajetória e a velocidade deste beija-flor-de-anna enquanto ele voa diante de diferentes cores e padrões de fundo projetados num túnel, os pesquisadores querem aumentar o nosso conhecimento sobre o modo como os colibris processam o mundo pelo qual se movem a toda velocidade. Acredita-se que as aves, em geral, consigam avaliar a altura dos objetos que aparecem no seu campo visual, como estas faixas horizontais, a fim de evitar colisões durante o voo. (Fontes: Roslyn Dakin e Doug Altshuler)
Foto de Anand Varma

O que lhe falta em tamanho a avezinha compensa com a entusiasmo que demonstra assim que nota um visitante em seu território. No caso, o forasteiro é uma fêmea graciosa, capturada na gaiola de tela que Clark colocou sobre um telhado de metal corrugado. Mesmo ao perceber que a fêmea está presa, o macho não arrefece o ardor. Ele ascende no ar do seu poleiro num galho, fica pairando e emite um trinado na direção da fêmea.

Vai subindo cada vez mais até que não passa de um pontinho que mal se distingue no céu encoberto. Em seguida, como se tivesse chegado ao ápice de uma montanha-russa, ele se lança para a frente e despenca rumo ao solo. Em um instante, o atrevido macho repete toda a sequência: sobe, mergulha e arremete. Tais acrobacias não levam mais de um segundo. Depois desaparece, e o único vestígio da sua passagem é o tremor das folhas abaladas pelos seus voos rasantes.

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    A maioria das aves produz boa força ascensional – ou de sustentação – apenas com o movimento descendente das asas. O segredo da capacidade do beija-flor de pairar no ar está na quase simetria do movimento das asas, o que lhe permite gerar força de sustentação tanto ascendente como descendente. Ao dispersar no ar uma névoa fina por meio de um nebulizador, os pesquisadores observam os vórtices que este beija-flor-de-anna produz ao fim de cada meia batida de asa, quando elas giram mais de 90 graus e invertem o seu curso. (Fontes: Victor Ortega-Jimenez e Robert Dudley, Univ. da Califórnia em Berkeley; Doug Altshuler, Universidade da Colúmbia Britânica Vancouver)
    Foto de Anand Varma

    Por mais que eu concentrasse o olhar nesse espetacular comportamento de cortejo sexual, a verdade é que não pude distinguir coisa alguma.

    Embora também não tenha visto nada, Clark fez algo bem melhor. Ele registrou a exibição com uma câmera de precisão, de alta velocidade, capaz de dividir cada segundo de ação em 500 quadros. Depois de baixar os arquivos de vídeo, Clark me mostra a sequência no notebook, clicando uma a uma as imagens. Só então pudemos distinguir as incríveis manobras aéreas antes ocultas pela rapidez com que o colibri se movimenta.

    Confira a reportagem completa: Eles se movem tão depressa que o olho humano capta apenas um ponto colorido no ar – um borrão de asas. Mas, congelados por câmeras de alta velocidade, os beija-flores revelam segredos edição de agosto de 2017 da revista National Geographic Brasil.

    Publicada por ContentStuff 

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