Descobertas 18 aranhas que matam outras aranhas

Essas assassinas brutalmente eficazes vivem nas florestas tropicais de Madagascar e parecem pequenos pelicanos.

Por Jason Bittel
Publicado 15 de jan. de 2018, 12:35 BRST, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Esta nova espécie de aranha pelicano, Eriauchenius workmani, é a maior conhecida, com cerca de um centímetro de comprimento, um pouco maior que um grão de arroz. 
Foto de Hannah Wood, Smithsonian

Há um assassino de aranhas solto nas florestas tropicais de Madagascar.

É calmo como uma coruja, rápido como uma cobra, pequeno como um grão de arroz, e quando ataca, empala suas vítimas em uma das mandíbulas, que mais parece uma lança venenosa.

O assassino, depois, segura sua presa no ar até que a luz tenha desaparecido dos quatro conjuntos de olhos.

Na verdade, esses especialistas em matar aranhas também são aranhas. Alguns as chamam de aranhas assassinas pela maneira que caçam, enquanto outros chamam de aranhas pelicano pela semelhança de suas mandíbulas gigantes com os bicos das aves marinhas.

Apenas não demore para chama-las para o jantar.

Hannah Wood, curadora de aracnídeos e miriápodes do Museu Nacional de História Natural do Smithsonian, escreveu um novo artigo na publicação científica Zookeys descrevendo 18 novas espécies de aranha pelicano de Madagascar.

Wood observou essas aranhas na natureza e diz que, às vezes, elas simplesmente atacam outras aranhas que estão passando. E apesar das aranhas pelicano não tecerem teias, às vezes você pode encontrá-las pairando sobre a teia de outra aranha.

As aranhas pelicano (na foto, um macho adulto, E. workmani) são "fósseis vivos", pois são notavelmente semelhantes às espécies fósseis de 165 milhões de anos atrás.
Foto de Nikolaj Scharff

 "Elas mexem na teia para fazer com que suas vítimas venham até elas", diz Woods.

PEQUENOS LOBOS

Nativas de Madagascar, Austrália e África do Sul, as mandíbulas enormes das aranhas pelicano têm presas na ponta, permitindo que os predadores acertem suas vítimas e levante-as no ar, como se estivessem em um gancho de carne enquanto o veneno entra em ação.

Ao segurar suas vítimas nas presas, Wood suspeita que as aranhas pelicano estejam tentando evitar um contra-ataque por parte da vítima.

Wood também suspeita que as aranhas pelicano possam seguir a linha de seda que todas as aranhas deixam para trás quando andam.

"Elas vagam pela floresta à noite e agitam seu primeiro par de pernas como um par de grandes antenas. Elas fazem esses movimentos grandes enquanto andam, e acho que elas estão procurando por marcas de aranhas." 

"Elas são como pequenos lobos na floresta, capturando outras aranhas", diz Wood.

Tal como acontece com a maioria dos casos com aranhas pelicano, essa intuição ainda não foi testada experimentalmente. Outro mistério? Como esses animais reconhecem a diferença entre outras aranhas pelicano e as presas.

Woods diz que ela nunca viu uma aranha pelicano comer outra de sua espécie. Ela até colocou várias em uma placa de Petri para vê-las interagir, e tudo o que elas fizeram foi dar espaços umas as outras.

"Se eu tivesse três, elas fariam um padrão de triângulo. Quatro formariam um quadrado", diz ela.

E. workmani macho em sua teia. Atualmente, as aranhas pelicano vivem na África do Sul, Austrália e Madagascar.
Foto de Nikolaj Scharff

É possível que as aranhas sejam imunes ao próprio veneno, diz Wood. Ou talvez elas estejam tão fortemente blindadas, que nem sequer se importam em tentar.

ASSASSINAS EM PERIGO

Com tantas novas espécies para nomear, Wood usou a criatividade. Por exemplo, algumas das novas espécies têm um anel de chifres em suas cabeças, como uma coroa. Wood denominou essas aranhas com nomes de reis e rainhas de Madagascar.

Outra espécie, Eriauchenius milajaneae, foi nomeada com o nome da filha de Wood, Mila Jane.

"A descoberta e a descrição de 18 novas espécies é uma lembrança emocionante da diversidade da vida na Terra e do que ainda resta ser descoberto", diz Michael Rix, que estuda as aranhas pelicano da Austrália no Museu Queensland.

Também é um lembrete de que devemos trabalhar para preservar os habitats dessas criaturas únicas, diz Mark Harvey, curador sênior de aracnídeos e miriápodes no Museu do Oeste Australiano.

Uma aranha pelicano pendura sua presa de cabeça para baixo, em Madagascar.
Foto de Nikolaj Scharff

"Cada uma das espécies de Madagascar foi encontrada em uma área relativamente pequena da ilha – por isso, a perda de habitat em curso provavelmente afetará significativamente essas aranhas", diz Harvey.

"Esperemos que nenhuma delas entre em extinção devido ao desmatamento e as queimadas."

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