Contatos imediatos com o dragão-de-komodo

Veja como o fotógrafo Stefano Unterthiner fotografa esses répteis gigantes.

Por Alexa Keefe
fotos de Stefano Unterthiner
Publicado 1 de fev. de 2018, 13:26 BRST, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Atraído caixa-estanque vermelha da câmera do fotógrafo, um dragão macho adulto se move da praia para ...
Atraído caixa-estanque vermelha da câmera do fotógrafo, um dragão macho adulto se move da praia para a água na ilha de Komodo.
Foto de Stefano Unterthiner

A ideia de Stefano Unterthiner era chegar na remota ilha indonésia de Rinca para fotografar um dinossauro moderno. Zoólogo e fotógrafo, ele diz: "Sempre fiquei fascinado em trabalhar com o dragão-de-komodo. [O komodo] é cheio de mistério". Esse mistério, aliado ao fato de que o lagarto gigante é uma espécie ameaçada, seu habitat limitado a algumas ilhas do arquipélago indonésio, "seria uma história perfeita para a National Geographic", diz Unterthiner.

Unterthiner fotografou esses répteis gigantes por cerca de sete semanas. Os machos podem medir até 3 metros e pesar mais de 90 quilos na região pitoresca e pouco habitada do Parque Nacional de Komodo. "Quando você vê o dragão de perto nessa paisagem, com as pequenas colinas e a grama alta, a floresta no fundo, sem humanos", ele diz, "você tem a sensação de voltar no tempo”.

"Mesmo que eles pareçam um pouco feios, um pouco como um monstro, em certo ponto eles parecem muito bonitos porque são completamente incomuns", diz ele.

Embora cativado pela visão do dragão que se movia em seu ambiente pré-histórico, Unterthiner estava nervoso. Ele já esteve próximo de muitos animais selvagens, mas o que ele achou desconcertante no komodo era que ele não sabia o que estavam pensando.

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Um lagarto idoso é fotografado contra o pano de fundo de uma tempestade que se aproxima da ilha de Rinca.
Foto de Stefano Unterthiner

"Eles não olham para você, mas aí olham para você por um tempo e você não entende o que estão fazendo", diz Unterthiner. Eles são répteis, afinal, não muito diferentes das cobras. Com movimento lento e "sonolentos", como Unterthiner os descreve, os dragões podem ser imprevisivelmente rápidos quando estimulados por movimentos repentinos, vibrações ou o cheiro de sangue – e eles mordem.

"Eles realmente me chocaram quando estavam se alimentando. Sempre que cheiram o sangue, eles ficam incrivelmente rápidos e agressivos. Eu fotografei dois dragões comendo uma cabra... eles destruíram-na completamente [em] menos de três minutos. Os ossos, os chifres, comeram tudo."

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    Com Pà Matieus (fora da imagem) para protegê-lo, Unterthiner fotografa um dragão de Komodo em Loh Buaya, na ilha de Rinca. Esta foto foi tirada pela esposa de Unterthiner, Stéphanie, que o acompanhou como sua assistente.
    Foto de Stefano Unterthiner

    Depois de mais de uma semana de viagem junto com pesquisadores que estudavam os animais, Unterthiner lentamente começou a se sentir mais confortável. Com a confiança reforçada pela companhia de um guardião experiente chamado Pà Matieus, ele ousou se aproximar cada vez mais até que, em um momento, estava quase a um metro deles. A menos que a foto valesse a pena, com uma luz bonita ou um comportamento envolvente do dragão, ele não se arriscaria ficar tão perto, mas fotografava a distância.

    Perto do fim da viagem, quando já tinha conseguido suas fotos e estava relaxado, ele correu o risco sem sequer perceber. Fotografando um dragão de uma árvore, ele decidiu que queria fotografar de outro ângulo. "Quando eu pulei [da árvore], minha esposa viu ele se aproximar de mim, e no exato momento eu retrocedi um passo, ele mordeu o ar onde eu estava. Então, eu me afastei alguns passos e o dragão parou. É raro eles perseguirem a "presa". Normalmente, eles caçam com ataques rápidos e curtos, principalmente usando o elemento surpresa".

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    Um dragão-de-komodo macho é fotografado acima da aldeia de Kampung Komodo, dentro do Parque Nacional de Komodo. Os encontros são inevitáveis, mas a maioria termina sem ferimentos. Unterthiner foi atingido pela mistura de medo e respeito que os aldeões têm para com esses animais, que são o principal atrativo para os turistas que chegam na ilha. "Eles tem orgulho de mostrar o dragão indonésio", diz Unterthiner
    Foto de Stefano Unterthiner

    Depois disso, Unterthiner desligou a câmera por alguns minutos. Depois, começou a fotografar novamente.

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