Aranha mais velha do mundo morre e deixa lição de sustentabilidade

Esta aranha-de-alçapão australiana tinha 43 anos, era estudada desde 1974 e passou toda a vida na mesma toca.

Por Stephen Leahy
Publicado 2 de mai. de 2018, 11:52 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Número 16, a aranha-de-alçapão recentemente morta na Austrália.
Número 16, a aranha-de-alçapão recentemente morta na Austrália, era estudada desde 1974. Sua longa vida muda o que os cientistas pensavam sobre a espécie.
Foto de Leanda Mason

Ela tinha 43 anos de idade e foi, provavelmente, atacada por uma vespa: a aranha mais antiga do mundo morreu no começo desta semana. Chamada de Número 16, esta aranha-de-alçapão, da subordem Mygalomorphae, sobreviveu à recordista anterior, uma tarântula de 28 anos encontrada no México.

Anteriormente, pesquisadores acreditavam que as aranhas-de-alçapão viviam 25 anos. No entanto, mais importante do que estabelecer um recorde, Número 16 oferece uma lição de vida sobre sustentabilidade, disseram os pesquisadores à National Geographic.

Número 16 construiu sua toca na Reserva de North Bungulla, no sudoeste da Austrália, quando era jovem. Como todas as aranhas-de-alçapão fêmeas, ela era um animal caseiro, nunca deixando sua toca. Ela tinha que proteger e manter o lar: se ele fosse danificado, como já era mais velha, teria dificuldades de reconstruí-lo ou se deslocar facilmente.

Aranhas-de-alçapão são aranhas tropicais peludas de até 4 cm de comprimento que se aninham no subsolo. Suas mordidas podem causar dor e inchaço nos seres humanos. Ela camufla habilmente seu alçapão e estabelece tocaias para que, quando um inseto passe por ela, salte em um ataque surpresa, arrastando a presa a toca.

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Sessenta fios de ceda em formato triangular funcionam como uma vela de navio.

Exemplo de vida

Em 1974, a aracnologista australiana Barbara York Main incluiu Número 16 em um estudo sobre como as aranhas-de-alçapão vivem na mata nativa para aprender sobre sua natureza sedentária e baixo metabolismo. Como parte do estudo, todas as tocas ativas foram verificadas a cada seis meses. Em 31 de outubro de 2016, os pesquisadores descobriram que a tampa da toca da Número 16 havia sido perfurada por uma vespa parasita e estava em péssimo estado.

As vespas parasitas implantam ovos dentro de outros insetos, e quando os ovos eclodem, as larvas se alimentam de seus hospedeiros, neste caso, a Número 16. Naquele momento, todos os seus contemporâneos dela já haviam morrido.

Número 16 oferece um exemplo de vida longa com impacto de baixo nível e uso frugal de recursos, concluiu o estudo. Além disso, ela – e as aranhas-de-alçapão em geral – não podem simplesmente se mudar se sua casa for destruída ou danificada. Isso pode oferecer aos humanos uma lição de vida sustentável, diz a principal autora do novo estudo, Leanda Mason, da Curtin University, em Perth.

"Em contraste, os seres humanos são muito apressados e insustentáveis à medida que consumimos e destroem recursos", disse Mason por e-mail.

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