Pesquisador descobre que o bico do papagaio-do-mar brilha no escuro
Nos últimos anos, a bioluminescência foi percebida em uma variedade de espécies animais.
Assim que Jamie Dunning acendeu a luz negra em seu laboratório, o bico do papagaio-do-mar-do-atlântico iluminou-se como uma árvore de Natal.
O aluno de Ph.D da Universidade de Nottingham estudava o animal morto como parte de seu trabalho sobre genética nas aves, quando se lembrou de algo que um colega lhe dissera: penas da alca-de-crista brilham quando vistas sob luz UV.
Como os papagaios-do-mar estão intimamente relacionados às alcas, Dunning ficou curioso e jogou a luz negra sobre a ave – o bico ficou alaranjado.
"Eu fiquei tão animado", diz Dunning. "Não existia nenhuma documentação sobre isso."
Animais biofluorescentes absorvem a luz azul que os atinge a reflete como uma cor diferente – as mais comuns são o verde, vermelho ou laranja. Isso é diferente da bioluminescência, quando os animais produzem a própria luz através de uma série de reações químicas ou hospedam outros organismos que emitem luz.
O papagaio-do-mar é a mais recente adição a mais de 180 espécies conhecidas – muitas delas tubarões, corais e outros animais marinhos – que emitem um brilho luminoso.
O fato de que tantos animais marinhos biofluorescem "nos diz que os organismos estão usando a luz de maneiras que nem podemos ver", disse John Sparks, curador de peixes do Museu Americano de História Natural, em Nova York, em uma entrevista anterior.
Papagaios-do-mar com estilo
Dunning imediatamente começou a escrever sobre a descoberta para uma eventual publicação e seu artigo parou na mesa de Tony Diamond, ornitólogo da Universidade de New Brunswick, no Canadá.
Diamond havia observado esse fenômeno em papagaios-do-mar décadas antes, mas não cogitou escrever sobre isso. Então ele perguntou a Dunning se poderia adicionar seus dados mais antigos às novas descobertas; os resultados combinados de dois papagaios-do-mar (um do Reino Unido e um do Canadá) estão sob revisão em uma revista científica e ainda não foram formalmente publicados.
O bico dos dois papagaios-do-mar estudados tinham o mesmo brilho alaranjado.
A equipe agora quer determinar se o fenômeno ocorre em papagaios-do-mar vivos. No entanto, eles não podem simplesmente colocar papagaios-do-mar vivos sob uma luz ultravioleta, porque pode danificar seus olhos.
Assim, Dunning convocou especialistas da Universidade de Londres de Goldsmiths para solicitar um objeto que protegesse os olhos das aves.
"Eu não podia acreditar que estava ligando para pedir óculos de sol", diz Dunning.
A equipe da universidade agora trabalha duro para projetar e produzir um conjunto de óculos amarelos flexíveis para Dunning levar para campo neste verão. Até então, não se sabe por que o bico das aves brilha alaranjado.
Visão de olho de peixe
As pessoas realmente não pensam sobre a importância da luz no oceano, apenas uma pequena parte dele é iluminada pelo sol, observa Sparks.
Em um ambiente tão opaco, os animais dependem de outras formas de gerar luz para se comunicarem.
"É um mundo oculto que estamos apenas começando a compreender", disse David Gruber, biólogo molecular marinho da Universidade da Cidade de Nova York e explorador da National Geographic, em uma entrevista anterior.
Seu grupo de pesquisa começou a usar uma câmera hiperespectral para tentar capturar o mundo subaquático através dos olhos de seus habitantes.
"Sentimos falta de coisas que estão acontecendo no mundo de outros animais se usamos apenas nossos olhos de mamíferos", diz Gruber.
Contribuiu Jane J. Lee.