Veja fotos da lesma rosa-choque encontrada somente na Austrália
A espécie possui 20 centímetros e é encontrada em uma única localidade: o Monte Kaputar.
Ela é grande. Ela é pegajosa. Ela é...rosa-choque? Conheça a Triboniophorus aff. Graeffei, espécie de lesma de 20cm encontrada apenas em uma montanha australiana.
Os cientistas já sabiam que uma lesma rosa-choque vivia no Monte Kaputar (mapa), mas achavam que era uma variação da “lesma triângulo vermelho”, uma espécie comum na costa leste da Austrália. Porém, pesquisas mostraram que a colorida criatura é na verdade outra espécie, disse Michael Murphy, guarda-florestal do National Parks and Wildlife Service.
“Estudos em morfologia e genética de um especialista nessas lesmas – as Athorcophoridae – indicaram que elas são uma espécie endêmica do Monte Kaputar e as únicas representantes dessa família na Austrália continental,” disse Murphy, que trabalha no Monte Kaputar há 20 anos.
A lesma rosa passou tanto tempo sem ser estudada porque os pesquisadores de lesmas e caramujos – conhecidos como malacologistas – são uma minoria se comparados com os que estudam coalas, disse Murphy. O governo australiano designou a montanha onde vivem as lesmas, no estado de Nova Gales do Sul, como “área ecológica ameaçada”, em uma tentativa de proteger essas raridades rosas e outras espécies únicas.
Peculiaridade da evolução
Há 10 milhões de anos, a Austrália era parte de um grande continente chamado Gondwana, que incluía Austrália, Papua Nova Guiné, Índia, partes da África e América do Sul. Era coberto por florestas tropicais parecidas com as existentes hoje em Papua Nova Guiné.
Uma erupção vulcânica há 17 milhões de anos no Monte Kaputar, manteve uma pequena área de 10 quilômetros quadrados, exuberante e úmida, ao mesmo tempo em que tornou a maior parte do resto da Austrália em deserto. Esta mudança no ambiente deixou as plantas e animais do Monte Kaputar isolados de seus vizinhos mais próximos por milhões de anos, transformando a área em um paraíso singular para espécies como a lesma rosa.
Como as lesmas rosas vivem em leitos de folhas vermelhas dos eucaliptos, Murphy suspeita que a cor sirva de camuflagem, ajudando os animais a se misturarem com seu habitat folhoso.
“Entretanto, [as lesmas] também passam grande parte do tempo no alto das árvores, bem distante das folhas caídas, então é possível que a cor seja apenas uma peculiaridade da evolução. Acho que se você vive isolado no topo de uma montanha, você pode ter a cor que quiser,” Murphy observou.
Fã das lesmas
Murphy também disse que as lesmas têm papel importante em seus ecossistemas – como por exemplo, reciclar matéria vegetal.
“Sou um grande fã dos invertebrados. As pessoas tendem a gostar de pássaros e mamíferos fofos como os coalas. Mas esses pequenos invertebrados que estão longe dos holofotes, conduzem ecossistemas completos,” Murphy disse ao Australian Broadcasting Service.
Além da lesma rosa, pesquisadores também identificaram várias outras espécies de invertebrados endêmicas do Monte Kaputar, como o ”caramujo cabeludo do Kaputar” e o “caramujo canibal do Kaputar”.
Essas descobertas, junto com a singularidade do Monte Kaputar e a ameaça constante do aquecimento global – temperaturas dois a três graus mais quentes podem destruir a flora e a fauna no Monte – provocaram a proposta do governo australiano de preservar o Monte Kaputar.
“Elas são uma parte única e colorida do nosso patrimônio, e devemos fazer de tudo para evitar sua extinção,” disse Murphy.