Cobra píton engole mulher inteira em ataque raro

Especialistas defendem que o desenvolvimento humano nos habitats dos répteis pode estar influenciando o comportamento dos animais.

Por Sarah Gibbens
Publicado 19 de jun. de 2018, 11:48 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Uma píton-reticulada, Broghammerus reticulatus, no zoológico de Naples.
Uma píton-reticulada, Broghammerus reticulatus, no zoológico de Naples.
Foto de Joël Sartore, National Geographic Photo Ark

A MORTE de uma mulher na Indonésia por uma enorme cobra levantou questões sobre como o desenvolvimento humano vem impactando as pessoas e as serpentes.

Wa Tiba, de 54 anos, trabalhava em sua horta quando teria sido atacada por uma píton-reticulada de sete metros.

O noticiário local diz que buscas foram iniciadas quando Tiba não voltou para casa. A cobra foi supostamente encontrada nas proximidades com o estômago inchado. Quando moradores da cidade da Tiba mataram a cobra e a abriram, a mulher foi encontrada morta, completamente intacta, após ter sido engolida. Imagens em vídeo do incidente mortal têm circulado pela internet.

O incidente aconteceu pouco mais de um ano após um homem de 25 anos ter sido engolido por uma píton-reticulada, também na Indonésia (veja abaixo).

Pítons-reticuladas são nativas da Indonésia, e alguns especulam que o desenvolvimento humano esteja resultando em um aumento da probabilidade de ataques de pítons. Mas especialistas dizem que mais estudos ainda são necessários para se ter certeza.

“Elas param o coração”, diz Max Nickerson, do Museu de História Natural da Flórida. “É incrível como acontece rápido”.

Nickerson mantém pítons-reticuladas como animais de estimação e diz que, embora cada cobra seja diferente, a espécie gosta “de se encostar”. Quando matam, elas afundam suas enormes mandíbulas nas vítimas e se enroscam em volta delas até que o sangue pare de circular.

Scott Boback, ecologista de vertebrados na Dickinson College, em Carlisle, Pensilvânia, observa que a espécie é um predador de emboscada. Ao invés de caçar suas presas, ela fica parada aguardando suas vítimas passarem.

“Um predador de emboscada, como a píton-reticulada, utiliza sua língua para quimiossensibilidade”, diz Boback. “Elas encontram áreas nas quais a presa tenha passado diversas vezes. Elas detectam os estímulos químicos e podem armar uma emboscada ao longo do trecho”.

Porque isso aconteceu

Ataques de pítons-reticuladas são raros, o que torna seus terríveis desfechos ainda mais chocantes.  Normalmente, as cobras se alimentam de mamíferos (podendo chegar ao tamanho de um cervo) e aves, mas elas têm sido vistas abocanhando alvos mais perigosos, como jacarés.

Quando o indonésio foi morto em março do ano passado, especialistas especularam que o desmatamento causado pela indústria do óleo de palma no país possa ter elevado a probabilidade dos ataques ao matar as outras presas da cobra e destruir seu habitat natural.

“As cobras maiores adoram rastejar e escalar, e conseguem muito de seus alimentos das florestas e árvores”, diz Nickerson. Com a destruição de seu habitat, elas podem ser obrigadas a sobreviverem através de meios alternativos.

No momento, entretanto, ainda não está claro se a cobra que atacou Tiba havia vivenciado a perda de seu habitat. E Boback observa que o conflito entre seres humanos e cobras não é algo novo.

“Há um antigo relacionamento com estas enormes cobras durante a nossa história”, ele diz. Estudos mostram que nossos cérebros podem até ter se desenvolvido para detectar e temer cobras, como uma forma evolutiva de proteção.

Um estudo publicado em 2011 mostrou que um grupo de pessoas vivendo nas florestas das Filipinas não apenas compartilhava parte de sua história evolutiva com as cobras, mas que também competiam com elas. Uma pesquisa identificou que 26% dos homens da vila haviam sido atacados por pítons.

Pesquisas complementares ainda são necessárias para determinar se os ataques das pítons contra pessoas estão realmente aumentando na Indonésia, assim como em outros lugares. Boback observa que qualquer mudança em seu ambiente pode influenciar no comportamento dos répteis, mas cientistas não sabem ao certo o quanto as pítons podem se adaptar ao atacarem mais seres humanos, ou se os acontecimentos recentes receberam mais atenção devido às redes sociais, à rápida proliferação das câmeras e ao aumento da cobertura jornalística.

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