Raríssimo, coiote de olhos azuis pode ser um em um milhão
Um guia encontrou recentemente este mamífero incomum em um parque californiano de vida selvagem, nos Estados Unidos.
“Coiote à vista!”
O fotógrafo e guia de vida selvagem Daniel Dietrich solta seus binóculos e sai correndo.
A quase 800 metros dali, um coiote está acordando de um cochilo perto da estrada principal em Point Reyes National Seashore, na Califórnia, Estados Unidos.
Quando se aproxima, o mamífero norte-americano lentamente se levanta e vai embora, entrando nos arbustos, acaba parando em uma pedra para olhar para o guia. Um momento depois, ele desaparece no mato.
Ver um coiote – um dos predadores mais bem sucedidos da América do Norte, que se espalhou por todo o país nas últimas décadas – não é tão incomum.
Mas revendo as imagens daquele dia de abril, ficamos sem palavras: um par de olhos azuis acinzentados olhando para nós.
“Eu nunca vi isso”, diz Juan J. Negro, pesquisador sênior no Conselho Nacional de Pesquisa Espanhol em Sevilha, Espanha, que estuda a coloração do animal há mais de 25 anos.
Diferente dos exóticos olhos azuis e verdes dos cães domésticos, que os humanos vêm selecionando há cerca de 8 mil anos, os olhos de coiotes ficam no espectro dourado, diz ele. Filhotes de coiotes são marrons com olhos azulados que ficam amarelos quando eles têm por volta de seis semanas de vida.
Mamíferos e pássaros selvagens tendem a ter cor de olhos consistentes, apesar de em algumas espécies – especialmente em pássaros – indivíduos possam ter olhos de cores diferentes de acordo com o sexo, idade e preparo para a procriação.
“Cores desviantes ou estranhas aparecem de tempos em tempos como mutações”, diz Negro, mas um mamífero selvagem com olhos azuis como os do coiote poder ser tão raro quanto um em um milhão.
Pode não ser possível saber a porcentagem exata, mas o explorador da National Geographic Stan Gehrt, especialista em coiotes urbanos da Universidade de Ohio, pode atestar sua raridade.
“Nós marcamos e lidamos com mais de mil coiotes [adultos] na área de Chicago”, diz ele, “e nunca vimos um desvio na cor dos olhos”.
Também não é provável que o animal de Point Reyes seja um híbrido com um cão doméstico ou lobo, um fenômeno que ocorre no Leste da América do Norte, mas é raro no Oeste.
Como Negro, Gehrt atribui os olhos azuis desse coiote adulto a uma mutação genética – que, ele menciona, é completamente plausível devido ao número relativamente menor de genes associados à cor dos olhos.
De olho no futuro
Camilla Fox, fundadora e diretora executiva do Project Coyote, uma instituição sem fins lucrativos de apoio ao predador com sua base a uma hora de onde Dietrich encontrou o coiote, também apoia a hipótese da mutação.
Nem ela nem nenhum dos membros do conselho de consultoria científica do Project Coyote que viram as fotos já tinham visto um coiote de olhos azuis.
Alguns membros do Conselho não estão convencidos de que os olhos do animal sejam realmente azuis, diz Fox, “o que está claro é que isso é incrivelmente raro”.
No geral, Fox espera que o coiote de Point Reyes inspire as pessoas a apreciar como os coiotes são parecidos com cães domésticos. Coiotes não são protegidos pela lei e os caçadores e agências do governo matam pelo menos 400 mil coiotes por ano nos Estados Unidos.
“Nós amamos e adoramos um, e denegrimos e perseguimos o outro. Tem algo muito errado nisso”.