Gatos sabem o próprio nome — mas isso é ainda mais fácil para os cachorros

Nova pesquisa feita em cat cafés do Japão revela que os nossos amigos felinos são mais ligados a nós do que pensávamos.

Por Carrie Arnold
Publicado 20 de abr. de 2019, 11:17 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Os gatos associam o nome próprio a recompensas, como carinho e comida.
Os gatos associam o nome próprio a recompensas, como carinho e comida.
Foto de Marc Moritsch, Nat Geo Image Collection

 

Os gatos sabem de muita coisa: sabem pegar rato, sabem o que significa o som do abridor de lata e sabem inclusive o que devem fazer para dominar a internet.

Mas uma pergunta que a especialista em gatos Atsuko Saito ouve com frequência é se os gatos reconhecem seus próprios nomes, habilidade conhecida nos cachorros.

Em novo estudo publicado no periódico Scientific Reports, a psicóloga da Universidade de Sophia, em Tóquio, demonstra que eles de fato reconhecem seus próprios nomes — mesmo quando chamados por um estranho.

O gato é o animal preferido de Saito, que, depois de ter estudado a cognição dos primatas na pós-graduação, focou sua pesquisa nesses sempre mal compreendidos animais domésticos.

“Eu adoro gato. Eles são muito fofos e bastante egoístas. Quando querem ser tocados, eles se aproximam, mas, quando querem ficar sozinhos, saem de perto", diz ela, entre risos.

Os experimentos já realizados pela psicóloga revelaram que os gatos conseguem interpretar os gestos humanos para encontrar alimentos escondidos, reconhecem a voz do dono e pedem comida a quem olhe para eles e os chame pelo nome — fatos que sugerem que os felinos sabem o próprio nome.

O que há num nome?

Saito e seus colegas testaram essa hipótese observando um total de 78 gatos domésticos e felinos que habitam cat cafés no Japão.

Nas residências e nos cafés, os pesquisadores pediam tanto aos donos quanto a estranhos que chamassem o gato pelo nome, registrando em vídeo as reações que pudessem indicar reconhecimento, como movimentos das orelhas, cabeça e rabo.

Numa série de quatro experimentos diferentes, a equipe descobriu que os gatos apresentavam reação significativa aos próprios nomes — mesmo após ouvirem quatro substantivos similares ou os nomes de outros gatos da casa ou do cat café.

Os gatos demonstravam reação ao próprio nome não só quando dito pelos donos, como também quando tido por estranhos.

É possível que os gatos tenham aprendido a associar o som do nome deles a recompensas, como carinho e comida, explica Saito.

“Foi um estudo realmente bem feito”, afirma Jennifer Vonk, psicóloga cognitiva da Universidade de Oakland, em Michigan, que não participou da pesquisa.

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    Vonk fez um experimento análogo com os gatos dela, no qual seu marido dizia vários nomes bobos, como se cantarolasse algo, para ver se haveria alguma reação dos animais. E geralmente não havia.

    Cães na dianteira

    Muito embora as reações dos gatos não tenham sido tão animadas quanto às dos cachorros, Saito observa que os caninos praticamente nascem para responder aos nomes que lhe são dados.

    Há séculos, as pessoas fazem cruzamentos para produzir cães obedientes e inteligentes. Os gatos, por outro lado, basicamente se domesticaram sozinhos, na medida em que os felinos selvagens caçavam camundongos e ratos em assentamentos agrícolas. Não bastasse isso, os cães domésticos têm uma vantagem de 20 mil anos em relação aos gatos.

    Além do mais, uma das primeiras coisas que os cachorros aprendem na escola da obediência é responder ao nome, o que, por sua vez, facilita o trabalho com eles e sua socialização.

    “Nós sempre passeamos com os cachorros e os apresentamos a novas pessoas. E é muito fácil treinar o cachorro com mimos e outras recompensas", observa Vonk.

    “Se eu trouxer gatos para o laboratório, eles simplesmente ficam imóveis”.

    Evolução em andamento

    Saito observa que os gatos domésticos ainda estão evoluindo — graças a nós.

    Até uma ou duas décadas atrás, a maioria dos gatos domésticos passava a maior parte do tempo ao ar livre, entrando em casa somente à noite ou com o mau tempo.

    Com um número cada vez maior de gatos vivendo dentro de casa, com maior contato com os humanos, pode haver um fortalecimento da habilidade do gato de ler e reagir aos nossos gestos.

    “A evolução social é um processo contínuo", conclui Saito.

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