Sapo do tamanho de grampo é um dos menores já encontrados

Impressionantemente pequenos, os recém-descobertos anfíbios de Madagascar têm cérebros que poderiam ser colocados sobre um alfinete.

Por Michelle Z. Donahue
Publicado 10 de abr. de 2019, 23:17 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
O Mini mum vive nas folhas mortas ao longo da costa leste de Madagascar.
O Mini mum vive nas folhas mortas ao longo da costa leste de Madagascar.
Foto de Dr. Andolalao Rakotoarison

De quantas maneiras é possível dizer “diminuto”? Que tal miniatura, minúsculo e mínimo, para começar?

Esses adjetivos não apenas descrevem as três novas espécies de sapos de Madagascar, mas ainda servem como nomes científicos oficiais.

O Mini mum, o Mini ature e o Mini scule (mínimo, miniatura e minúsculo, em inglês) “são impressionantemente pequenos”, afirma Mark Scherz, biólogo evolucionário da Universidade Ludwig-Maximilians em Munique, Alemanha, que descreveu essas e duas outras novas espécies pequenas de sapos em estudo publicado em 27 de março no periódico PLoS ONE. O Mini é um gênero de sapo totalmente novo.

“É possível colocar o cérebro dele sobre a cabeça de um alfinete. É surpreendente que todos tenham os mesmos órgãos que eu e você temos em nossos corpos, mas em um conjunto que pode caber em um quarto da unha do seu polegar.”

O menor, o Mini mum, tem o tamanho aproximado de um grampo de papel comum ou cerca de 8 a 10 milímetros de comprimento; o maior, o Mini ature, mede 14,9 milímetros — aproximadamente o comprimento de um cartão de memória microSD. O menor sapo do mundo conhecido (e vertebrado) é um sapo do tamanho de uma mosca doméstica com comprimento aproximado de 7,7 milímetros.

Cada um dos três anfíbios existe apenas em um local de Madagascar. A população conhecida e área de ocorrência do Mini mum, especificamente, são extremamente limitadas, levando os autores do estudo a recomendar listá-lo como criticamente ameaçado.

Família de microssapos

Os novos sapos fazem parte de um grupo informal chamado microssapos, que pertence à família Cophylinae. Sua descoberta aumenta o total de microssapos de Madagascar para 108; em média, 10 novas espécies são identificadas e descritas a cada ano no país.

Um macho adulto de Mini mum, um dos menores sapos do mundo, repousa em uma unha com espaço de sobra.
Foto de Dr. Andolalao Rakotoarison

Scherz e seus colegas descobriram mais de 40 microssapos desde que começaram a estudar as espécies em 2014. Evidentemente, não é tarefa fácil encontrar uma espécie nova

Identificar diferenças superficiais em sapos de aparência semelhante já é um desafio em um animal de tamanho normal; em microssapos, é virtualmente impossível. Contudo, juntamente com estudos moleculares e genéticos, a microtomografia computadorizada permitiu que Scherz e sua equipe examinassem diferenças ínfimas nos dentes e ossos dos diversos animais, ajudando a confirmar que são de fato espécies únicas.

Também não é fácil encontrar os animais, que vivem nas folhas mortas de florestas isoladas no sudeste da ilha e em touceiras densas de gramíneas nas montanhas do norte.

Os sapos provavelmente evoluíram para uma estatura pequena para aproveitar nichos ecológicos que poucas outras criaturas aproveitam, por exemplo, caçando presas igualmente pequenas como formigas, cupins e artrópodes da ordem Collembola.

O que nos diz um nome?

Jim Hanken, biólogo evolucionário de Harvard que estuda anfíbios em miniatura da América do Sul, afirma que a nova análise oferece sólidas evidências ósseas, dentárias e moleculares para justificar a criação de um gênero totalmente novo.

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    Ele também enxerga o mérito do humor nos nomes dos sapos, porém advertiu que nomes cômicos podem confundir — como acontece com frequência quando animais são reagrupados em novas famílias ou acontece de um nome escolhido já ter sido usado em outro organismo.

    Foi o que ocorreu com a salamandra da América do Sul originalmente conhecida como Oedipus complex (complexo de Édipo, em inglês) (e sua prima, a rex): quando ela foi renomeada como Oedipina para evitar o nome em duplicidade, a piada original perdeu a graça.

    “Tem sempre o risco de, quando você cria esses nomes espirituosos, alguém vir e mudar”, conta Hanken

    Scherz afirma que escolheu os nomes Mini mum, Mini ature e Mini scule para atrair o interesse das pessoas.

    “Tem tanta coisa na ciência que é incompreensível”, afirma. “Se houver algo que se possa fazer para tornar a ciência mais acessível, devemos fazê-lo”.

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