Rara zebra com bolinhas em vez de listras fotografada no Quênia

O futuro do animal é incerto, pois a maioria das zebras com coloração incomum não sobrevive por muito tempo.

Por Katie Stacey
Publicado 24 de set. de 2019, 07:00 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Tira, a zebra potro com bolinhas, pode ser mais suscetível à mordida de moscas por não ...
Tira, a zebra potro com bolinhas, pode ser mais suscetível à mordida de moscas por não possuir as listras.
Foto de Frank Liu

Um fihote de zebra com pelagem escura e bolinhas brancas foi visto na Reserva Nacional Maasai Mara do Quênia. O fotógrafo Frank Liu estava em busca de rinocerontes quando percebeu uma chamativa zebra das planícies, provavelmente com uma semana de idade. "À primeira vista, ela parecia uma espécie completamente diferente", diz Liu. Antony Tira, guia do Maasai que viu animal pela primeira vez, deu a ele o nome de Tira.

As listras das zebras são tão únicas quanto as impressões digitais, mas é possível que tenha sido a primeira vez que uma zebra com a coloração de Tira tenha sido registrada no Maasai Mara, de acordo com Liu. Potros semelhantes foram vistos no delta do Okavango em Botsuana.

Tira e esses outros potros têm uma condição chamada pseudomelanismo, uma rara mutação genética na qual os animais apresentam algum tipo de anormalidade no padrão de suas listras, diz Ren Larison, biólogo que estuda a evolução das listras das zebras na Universidade da Califórnia, em Los Angeles.

As zebras também podem ter outras variações incomuns de cores, como o albinismo parcial, que foi visto em uma zebra "loira" extremamente rara, fotografada no início deste ano no Parque Nacional Serengeti, na Tanzânia.

Acompanhar tais aberrações equinas é útil para a ciência como parte de um objetivo amplo de monitorar mudanças nas espécies e de como tais espécies são tratadas pelas comunidades locais.

Exibindo as listras

Células específicas chamadas melanócitos produzem melanina, os pigmentos vermelhos, amarelos, marrons ou pretos que determinam a cor das células capilares e da pele em mamíferos.

"Há uma variedade de mutações que podem atrapalhar o processo de síntese de melanina e, em todos esses distúrbios, acredita-se que os melanócitos sejam normalmente distribuídos, mas a melanina que produzem é anormal", Greg Barsh, geneticista do Instituto HudsonAlpha para Biotecnologia, diz por e-mail.

Nas zebras, os melanócitos são distribuídos uniformemente por toda a pele, assim, uma zebra raspada fica completamente preta. No caso de Tira e outras zebras pseudomelanísticas, Barsh acredita que os melanócitos estão todos lá, mas a própria melanina, por algum motivo, não se manifesta corretamente como listras.

O futuro de Tira é incerto - a maioria das zebras com uma coloração incomum provavelmente não sobrevive por muito tempo, observa Larison. “Pesquisas em outras espécies mostraram, que embora seja mais difícil para um predador atingir um indivíduo em um grupo, é mais fácil se um indivíduo for diferente”, diz ela.

“Vi várias fotos de potros com esse padrão específico ao longo dos anos, mas apenas uma delas - dos anos 1950 - na qual o animal chegou a ser jovem ou adulto.”

Tira caminha pela Reserva Nacional Maasai Mara, no Quênia, com sua mãe, em fotografia recente.
Foto de Frank Liu

Obstáculos à sobrevivência

Infelizmente para Tira, pesquisas recentes de Larison e outros cientistas sugerem que as listras de zebra evoluíram para impedir as picadas de moscas - uma das cinco teorias que foram apresentadas ao longo dos anos, juntamente com a camuflagem e a regulação da temperatura. Experimentos em campo, por exemplo, mostraram que moscas que picam não gostam de pousar em superfícies listradas.

Se esse for o caso, Tira não terá tanto sucesso em repelir essas moscas - que podem transmitir doenças como a gripe equina - quanto uma zebra listrada comum, observa Tim Caro, biólogo da Universidade da Califórnia, Davis.

No entanto, se Tira sobreviver a este e outros obstáculos e chegar à idade adulta, não há razão para que ela não se encaixe no rebanho.

Pesquisas realizadas na África do Sul descobriram que em dois casos de zebras de planícies com coloração anômala, os animais, pelo menos, tinham relações normais com outras zebras - incluindo o acasalamento.

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