O que você precisa saber sobre gatos de estimação e o coronavírus

Casos de felinos domésticos que contraem o vírus são raros e não há evidências de que doença possa ser transmitida de animais para pessoas.

Por Rachael Bale
Publicado 1 de mai. de 2020, 08:00 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Um gato sendo examinado na clínica da organização sem fins lucrativos San Diego Humane Society em ...

Um gato sendo examinado na clínica da organização sem fins lucrativos San Diego Humane Society em 21 de abril de 2020. Dois gatos em Nova York foram os primeiros animais de estimação nos Estados Unidos a testar positivo para o novo coronavírus, mas os veterinários não recomendam testes generalizados em animais de estimação no momento.

Foto de Ariana Drehsler, AFP/GETTY IMAGES

Dois gatos domésticos no estado de Nova York foram os primeiros nos Estados Unidos a testar positivo para o coronavírus que causa a covid-19, conforme divulgado pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças. O dono de um dos felinos foi diagnosticado com a doença, porém ninguém na casa do segundo gato testou positivo, então ainda não se sabe como o gato contraiu o vírus. Ambos os animais apresentaram sintomas respiratórios leves e devem se recuperar.

Especialistas ressaltam que são muito raros os casos de gatos de estimação que contraem o coronavírus: no mundo, existem apenas três casos confirmados de gatos domésticos (e dois casos confirmados de cães) com a doença. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças afirma que não há evidência neste momento de que a doença possa ser transmitida na direção inversa: de animais de estimação a humanos.

“É quase exclusivamente uma doença transmitida entre humanos”, declarou Michael San Filippo, porta-voz da Associação Americana de Medicina Veterinária, às afiliadas da emissora dos Estados Unidos NBC. “O risco para animais de estimação é muito baixo, foram registrados apenas alguns casos do vírus em animais de companhia e nenhum caso de pessoas que contraíram a doença de seus animais de estimação” (muitas outras doenças humanas, como o resfriado comum, não representam risco a animais de estimação porque são causadas por vírus específicos da espécie incapazes de contaminar outros animais).

Um estudo recente, conduzido por um laboratório de diagnósticos veterinários no Maine, testou milhares de amostras de cães e gatos e não encontrou nenhum caso da doença. Embora a versão preliminar de um relatório sobre um pequeno experimento que testava a transmissão do vírus entre gatos tenha confirmado essa transmissão, pesquisas sugerem que gatos não são um vetor de transmissão da doença a pessoas.

Em vista dos mais de 2,6 milhões de casos da covid-19 em todo o mundo, os especialistas afirmam que já saberíamos se os animais de estimação fossem um vetor significativo.

Mantendo os animais saudáveis

O maior temor de muitos donos de bichos de estimação é que seus animais adoeçam e não que possam contrair doenças deles.

Para manter seus bichos de estimação saudáveis, trate-os como trataria qualquer membro da família: se alguém em sua casa estiver doente, deve ficar isolado. Certifique-se de que seu animal de estimação mantenha o distanciamento social; o Centro de Controle e Prevenção de Doenças recomenda que os animais de estimação não interajam com ninguém fora de sua casa. Ao passear com um cão, mantenha uma distância aproximada de 1,80 metro de outras pessoas (e animais) e evite parques para cães. Especialistas recomendam lavar as mãos antes e depois de interagir com um animal de estimação, assim como faria com uma pessoa.

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças e a Associação Americana de Medicina Veterinária não recomendam testes de rotina em animais de estimação neste momento (a Associação Americana de Medicina Veterinária responde aqui a perguntas frequentes de donos de animais de estimação).

Preocupações com animais silvestres

Em 5 de abril, foi divulgado que um tigre-malaio no Zoológico do Bronx testou positivo para o coronavírus; em 22 de abril, foi divulgado que outros seis tigres e um leão no Zoológico do Bronx também contraíram a doença. São os primeiros tigres e leões com o vírus de que temos conhecimento.

É de amplo conhecimento que tanto gatos selvagens quanto domésticos estão suscetíveis a contrair o coronavírus felino, uma cepa distinta, mas, até recentemente, não se sabia se poderiam contrair o SARS-CoV-2, nome do coronavírus que causa a covid-19.

Acredita-se que a cepa SARS-CoV-2 do vírus tenha se desenvolvido a partir de um coronavírus de parentesco próximo encontrado em morcegos. A hipótese formulada por pesquisadores é que a cepa tenha evoluído e saltado para um animal hospedeiro intermediário e posteriormente evoluído mais uma vez até contaminar humanos.

Os cientistas vêm conduzindo pesquisas intensivamente para determinar quais outras espécies são suscetíveis à infecção pelo SARS-CoV2. Os estudos iniciais tentam identificar qualquer animal que o coronavírus seja capaz de contaminar, ainda que não cause a doença nessa espécie. Dentre as espécies que os cientistas estudam estão gatos e furões, que parecem ser ambos ao menos um pouco vulneráveis à infecção em ambiente de laboratório (alguns outros animais estudados são cães, morcegos, civetas e porcos). Pangolins podem ser portadores de um coronavírus de parentesco próximo ao que ocasionou a pandemia, mas não foi constatado que possam ser portadores do SARS-CoV-2.

Virologistas alertam que, embora o patógeno possa invadir as células de algumas espécies em laboratório, tal infecção pode não ocorrer fora do ambiente de laboratório. Também determinaram que animais infectados em laboratório podem não adoecer. Mais testes serão necessários para se obter uma melhor compreensão de como ocorre sua manifestação em animais.

Em suma, sabe-se que pessoas podem transmitir o novo coronavírus a alguns animais, mas não há evidência neste momento de que animais possam transmiti-lo a pessoas. São necessárias mais pesquisas. Por ora, o melhor é tomar as mesmas precauções com seus bichos de estimação que você toma com pessoas.

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