Aves de caça: belas e ameaçadas de extinção
Faisão Soemmerring macho, Syrmaticus soemmerringii, de uma coleção particular.
As aves de caça incluem algumas muito conhecidas como perus, perdizes e galinhas, espécies terrestres que há muito foram domesticadas por fornecerem carne e ovos.
Mas muitos membros da ordem dos galináceos são tudo menos pássaros comuns. Pavoas de cores gloriosas, faisões vibrantes, codornas de penas extravagantes e muitas outras espécies se destacam visualmente em qualquer floresta ou campo.
Em muitos casos, os pássaros de caça machos concorrem pelas fêmeas exibindo seus tons brilhantes, barbilhões carnudos, cristas de cabeça salientes e muito mais. Encontrar parceiras é um assunto tão sério que esses adornos geralmente não servem a nenhum outro propósito prático, como os impressionantes olhos do pavão indiano.
Muitas destas aves espetaculares, encontradas em todos os continentes, com exceção da Antártica, são caçadas para carne enquanto seus territórios natais estão fragmentados e encolhendo devido ao desenvolvimento humano. De acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza, mais de 25% das aproximadamente 290 espécies de galináceos são consideradas em risco de extinção.
“O ponto principal é que cada espécie de ave é uma verdadeira obra de arte, aprimorada ao longo de eras, e hoje muitas estão ameaçadas de extinção”, alerta o fotógrafo Joel Sartore, fundador do projeto Photo Ark (Arca de Fotos) da National Geographic, que destaca a biodiversidade do mundo para inspirar o movimento de conservação.
“Ainda não compreendo. Nós vigiamos pinturas em galerias de arte 24 horas por dia, mas estamos permitindo que essas obras de arte vivas escapem? Diz Sartore por e-mail. “Isso não é aceitável, e é por isso que estou fazendo o projeto Photo Ark.”
Este pavão verde da Indochina (foto acima no Centro de Conservação da Biodiversidade de Angkor, no Camboja) e seus parentes próximos já foram comuns no sudeste da Ásia, mas agora são classificados como ameaçados pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), em grande parte devido à perda de habitat. “Espero que as pessoas reconheçam a beleza e inteligência de cada um”, diz Sartore. “Todos e cada um desses animais podem inspirar mudanças se pararmos para prestar atenção e agirmos.”
Este mutum-de-bico-amarelo vive no Zoológico de Houston, enquanto seus parentes selvagens vivem nas florestas e planícies da Venezuela e da Colômbia. Os machos são facilmente identificados por sua cera amarela, uma cobertura carnuda na base do bico. Mas o que realmente se destaca é a sua notável vocalização, o mesmo assobio descendente que os desenhos animados usam para acompanhar a queda de uma bomba. Embora o som não termine com um som de explosão, os pássaros geralmente o completam batendo as asas.
Este par de perdizes de madeira com crista vive no Parque de Vida Selvagem Sylvan Heights, na Carolina do Norte (EUA), uma instalação que cria pássaros raros para conservação. Essas perdizes não são globalmente ameaçadas, porém, antes eram comuns em grande parte do Sudeste Asiático, e se tornaram muito mais escassas devido ao desmatamento extensivo de seu habitat florestal em áreas como a península da Malásia.
O faisão-pavão de Bornéu (na foto, um animal de uma coleção particular na Inglaterra) está em perigo, com apenas pequenas populações sobrevivendo em Bornéu devido ao desmatamento generalizado. É difícil para os cientistas medir a população dessas aves tímidas e esquivas, mas a estimativa é de menos de 2500 animais. “Para mim é muito importante mostrar tudo o que eu puder para que o público veja o que existe, hoje, que ainda há tempo de salvar as espécies”, diz Sartore. “Não vamos salvar o que nunca conhecemos. ”
Embora todas as pintadas tenham o rosto quase nu, o pescoço longo e nu da galinha-d'Angola e o bico distinto lembram os dos abutres, como visto acima no Zoológico Infantil Lincoln em Nebraska, EUA. Pesquisas recentes sugerem que essas galinhas não só vivem em grupos sociais estáveis, mas que os grupos interagem uns com os outros, sugerindo o tipo de sociedade socialmente complexa normalmente encontrada apenas entre animais de cérebro grande.
O pavão do Congo (fotografado no Zoológico de Houston) raramente é visto na natureza; talvez apenas 10 000 pássaros ainda habitem as florestas tropicais da bacia do rio Congo. Embora a República Democrática do Congo proteja sua ave nacional desde 1938, a caça furtiva e a perda de habitat continuam a causar declínios populacionais acentuados. A UICN lista esta espécie como vulnerável à extinção. Até agora, os programas de criação em cativeiro tiveram sucesso limitado, levantando preocupações sobre a única espécie de faisão da África.
Estudos genéticos confirmaram que as galinhas domésticas do mundo são principalmente descendentes de uma subespécie de Galo Banquiva (Gallus gallus) que foi domesticada no norte do sudeste da Ásia ou no sul da China há cerca de 9500 anos. Acima, um exemplar macho posa no Jardim Botânico do Zoológico do Estado de Assam, na Índia. Essas aves, que não estão ameaçadas de extinção, ainda vivem em áreas da Índia à Indonésia, e algumas espécies parentes de galinhas selvagens voltaram à vida silvestre em vários cantos do mundo – incluindo o Havaí.
O faisão-pavão de Germain macho (retratado no Zoológico de San Antonio, no Texas, EUA) é decorado com ocelos, os olhos mais famosos encontrados em pavões. A plumagem berrante provou ser tão bem-sucedida em atrair parceiros que evoluiu várias vezes nas diferentes espécies de galináceos. Como a maioria das aves de caça, esta espécie prefere se exibir no chão. “Se você já se deparou com um faisão ou uma codorna, elas simplesmente ‘explodem’ e depois percorrem apenas 100 metros. Todas essas aves são feitas para andar”, diz Kevin McGowan, biólogo do Laboratório Cornell de Ornitologia, em Nova York, EUA. Esta espécie é considerada quase ameaçada por causa das operações de extração de madeira e caça com armas e armadilhas.
as galinhas d´Angola, que incluem nove subespécies, como as pintadas com capacete de Reichenow (fotografada acima no Parque de Vida Selvagem Sylvan Heights) são vistas frequentemente na África subsaariana e na nação insular de Madagascar. Batizadas com o nome do casco ossudo em cima de suas cabeças, estas pintadas de capacete usam suas longas pernas para caminhar e correr quilômetros todos os dias em busca de comida e água. As pessoas domesticaram galinhas-d'Angola cerca de 2000 anos atrás, e as aves continuam em alta demanda por sua carne e ovos.
A galinha-d'Angola com capacete tufado é uma atração popular no Zoológico de Tsimbazaza em Madagascar. Os pássaros fazem barulho e, como são facilmente provocados, os bandos da fazenda frequentemente atuam como pássaros de guarda.
O faisão nobre de Bornéu (visto no zoológico de Houston) vive nas florestas de planície de Bornéu, onde enfrenta extensa destruição de habitat. Embora classificados como vulneráveis à extinção, estes faisões radiantes mostraram alguma adaptabilidade encorajadora ao sobreviver em florestas exploradas e, em alguns lugares, vivendo perto de pessoas. Para reivindicar um território ou atrair parceiras, os pássaros machos se envolvem em exibições dramáticas de bater as asas acompanhados por uma chamada semelhante à do esquilo.
Este faisão de Lady Amherst vive num santuário particular na Carolina do Norte (EUA) chamado de Pheasant Heaven (paraíso do faisão) dedicado a cuidar e criar muitos dos faisões mais raros do mundo. Essas aves brilhantes vivem principalmente em Mianmar (Birmânia) e no sudeste da China. Batizados com o nome da botânica e naturalista britânica Sarah Amherst, os pássaros foram introduzidos na selva da Grã-Bretanha, mas hoje estão extintos por lá.
Duas raças domésticas de galinhas, sedosas e Buff Orpingtons (com as penas laranja), olham fixamente para a câmera em Lincoln, Nebraska (EUA) Com mais de 33 bilhões de aves em todo o mundo, as galinhas são uma espécie que certamente não está ameaçada – hoje elas superam em 4 vezes a população humana.
O explorador da National Geographic Joel Sartore fotografou estes galináceos como parte da Arca de Fotos da National Geographic. Saiba mais em natgeophotoark.org