Os cães são mais parecidos com a gente do que pensávamos

Um exemplo: cachorros fogem de pessoas que são maldosas com seus donos, diz um novo estudo.

Por Maya Wei-Haas
Cachorros-como-a-gente
Um pescador e seu golden retriever desfrutam o rio Provo, no estado de Utah. Pesquisas recentes sugerem que os cães são mais parecidos com os humanos do que se acreditava.
Foto de Cameron Lawson, National Geographic Creative
Um pescador e seu golden retriever desfrutam o rio Provo, no estado de Utah. Pesquisas recentes sugerem que os cães são mais parecidos com os humanos do que se acreditava.
Foto de Cameron Lawson, National Geographic Creative

Isso provavelmente não será nenhuma surpresa para quem tem um cão, mas pesquisas recentes sugerem que o melhor amigo do homem age frequentemente de forma mais humana do que canina.

Cães podem ler expressões faciais, comunicar ciúme, mostrar empatia e até assistir a TV, apontam estudos. Eles pegaram estes hábitos humanos durante a evolução de lobos para animais domesticados, o que ocorreu entre 11.000 e 16.000 anos atrás, dizem os especialistas.

Em especial, "prestar atenção em nós, se dar bem conosco, [e] nos tolerar” os deu características que costumam espelhar as nossas, diz Laurie Santos, diretora do Laboratório de Cognição Comparativa de Yale. 

Confira alguns dos mais recentes estudos que mostram o lado humano dos nossos companheiros caninos.

Um pug observa humanos no Parque Nacional de Wrangell-Saint Elias, no Alasca. Cães observam muito a interação de seus donos com outras pessoas, uma nova pesquisa sugere.
Foto de Rich Reid, National Geographic

Cães espiões

Espiar socialmente as pessoas é algo central para as interações sociais humanas, já que isso nos permite descobrir quem é bom e quem é mau.

De acordo com um estudo publicado em agosto pela revista Animal Behaviour, nossos cães fazem o mesmo.

Em um novo estudo, cientistas testaram 54 cães. Cada um viu seus donos tendo dificuldades para pegar um rolo de fita em um recipiente. Os cães foram divididos em três grupos: ajudantes, não-ajudantes, e de controle.

No grupo de ajudantes, o proprietário pedia ajuda a outra pessoa, que segurava o recipiente. No grupo de não-ajudantes, o proprietário pedia ajuda a uma pessoa que em seguida dava as costas, sem ajudar. No grupo de controle, a pessoa adicional dava as costas sem que sua ajuda fosse solicitada. Em todos os experimentos, uma terceira pessoa, "neutra", ficava sentada no cômodo.

Depois do primeiro ciclo de experimentos, a pessoa neutra e o ajudante ou não-ajudante ofereciam petiscos para os cães.

No grupo de não-ajudantes, os cães preferiam o petisco dado pela pessoa neutra com mais frequência, evitando a pessoa que não ajudou. No entanto, no grupo de ajudantes, os cães não tinham preferência nem pelo ajudante nem pela pessoa neutra. Cientistas já observaram resultados similares em crianças e macacos-prego.

Então os cães estão tomando partido ao ignorar as pessoas que foram cruéis com seus donos? Apenas pesquisas futuras poderão dizer.

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    Fiz você olhar

    Acompanhar o olhar é algo instintivo para muitos animais – incluindo humanos, macacos, cabras, golfinhos, e até jabutis – porque isso os alerta em relação a tudo, desde ameaças imediatas até “uma planta frutífera especialmente gostosa", diz Lisa Wallis, doutoranda no Instituto de Pesquisa Messerli em Viena, na Áustria.

    Pensava-se que os cães só seguiam olhares humanos quando comida ou brinquedos estavam envolvidos. Agora, um novo estudo sugere que cães também acompanham quando os humanos olham para o nada – mas apenas se eles não forem treinados.

    "Sabemos que eles devem ser capazes de fazer isso", diz Wallis, líder da pesquisa publicada em agosto na revista Animal Behaviour, mas o treinamento era a "peça perdida do quebra-cabeça".

    Em experimentos recentes, Wallis e seus colegas recrutaram 145 border collies com uma variedade de níveis de treinamento e idade. Os pesquisadores queriam ver se a idade, a habituação ou o treinamento influenciavam na tendência dos cães de acompanhar o olhar humano.

    Wallis então observou as reações dos cachorros ao olhar na direção de uma porta. Surpreendentemente, apenas os border collies que não foram treinados acompanharam seu olhar – os animais treinados a ignoraram. Isso pode acontecer porque animais treinados tendem a se concentrar no rosto de uma pessoa, e não na direção para onde ela olha.

    Depois de Wallis e seus colegas passar apenas cinco minutos ensinando os cães sem treinamento a olhar para o seu rosto, eles começaram a ignorar o instinto de acompanhar o olhar.

    Ainda mais surpreendente é o fato de que os cães sem treinamento frequentemente olhavam para frente e para trás, entre ela e a porta, confusos com o que ela estava olhando. O comportamento era conhecido apenas em humanos e em macacos.

    ”É uma lição para todos nós, que devemos sempre examinar se o treinamento tem efeito neste tipo de estudo", afirma Wallis.

    Próximos passos nas pesquisas caninas

    Nos seres humanos, o envelhecimento acelera os declínios na memória de curto prazo e as habilidades de raciocínio lógico, tornando mais difícil aprender novas tarefas. Pesquisas anteriores encontraram declínios similares em cães, mas a memória a longo prazo é um aspecto pouco conhecido da biologia canina. 

    É por isso que Wallis e seus colegas estão estudando como os cachorros jovens e velhos memorizam tarefas, e se os animais conseguem se lembrar delas meses depois.

    Os resultados ainda estão sendo trabalhados, mas Wallis espera descobrir que é difícil – mas não impossível – ensinar novos truques para um cão velho.

    Siga Maya Wei-Haas no Twitter.

    Publicado originalmente em 20 de julho de 2015.

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