O acidente de Chernóbil pode ocorrer de novo em outro lugar?

A resposta é não, mas reatores como os usados na usina da União Soviética que explodiu em 1986, chamados RMBK, ainda estão operando.

Por João Paulo Vicente
Publicado 17 de mar. de 2021, 12:26 BRT
A explosão do reator n. 4 de Chernóbil aconteceu graças a uma sequência de erros humanos e ...

A explosão do reator n. 4 de Chernóbil aconteceu graças a uma sequência de erros humanos e uma usina insegura.

Foto de Ilustração de Keryma Lourenço

“Não há nenhuma possibilidade de um acidente como o de Chernóbil se repetir.” Ufa.

As palavras são de Claudio Geraldo Schön, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e um dos responsáveis pela abertura, neste ano, do curso de Engenharia Nuclear na instituição, em entrevista à reportagem. “Aquilo foi um grosseiro erro humano em um projeto vulnerável de reator, que só era usado na União Soviética.”

O erro grosseiro citado pelo professor causou uma explosão em um dos reatores da usina nuclear de Chernóbil em abril de 1986. O resultado, nas palavras do ucraniano Viktor Sushko, que pesquisa radiação, foi o “maior desastre antropogênico da história da humanidade”. Três décadas depois, a história da tragédia virou uma série de sucesso, e a região onde tudo aconteceu, um curioso destino turístico.

Junto a isso, fica sempre a dúvida: e se tudo acontecesse de novo? Como Schön explicou, a explosão foi a soma de erro humano com uma usina insegura. Desde então, projetos foram aprimorados para impedir que isso se repita. Mas sempre surgem novos problemas. O desastre de Fukushima, no Japão, em 2011, é o mais próximo que já chegamos de uma Chernóbil 2.0, mas ainda assim bastante diferente.

“Não foi um acidente nuclear em si, aquilo foi um erro de projeto”, diz Claudio. Em Fukushima, as bombas de refrigeração do circuito ficavam fora do prédio de contenção do reator. Por conta de um tsunami, elas foram inundadas e pararam de funcionar. O reator superaqueceu e uma série de reações químicas resultaram em uma explosão de hidrogênio – mas não do reator, como em Chernóbil.

Assim como em Fukushima, as duas usinas nucleares brasileiras também ficam próximas ao mar. As bombas de refrigeração de Angra 1 e Angra 2, no entanto, estão protegidas dentro dos prédios. Em teoria, nem Chernóbil, nem Fukushima aconteceriam por aqui – ou em qualquer outro lugar do mundo.

Em teoria. Na Rússia, ainda há nove reatores nucleares como os de Chernóbil, chamados de RBMK, em operação. Mesmo que eles tenham sido reformados para corrigir problemas, ainda suscitam preocupação. Além disso, a energia nuclear continua a ser um complemento importante para a matriz energética de diversos países e é improvável que isso mude nas próximas décadas.

As novas usinas nucleares são construídas para evitar os erros do passado. O importante é trabalhar para que elas não estejam vulneráveis aos erros do futuro.

#PossoExplicar, o primeiro talk show de ciência do Brasil, apresentado por Miá Mello, estreia 24 de março, às 21h, no National Geographic.
 

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