Conheça o recém-descoberto dinossauro que tem braços minúsculos como o T-Rex

O predador do Cretáceo, Meraxes gigas, sugere que os carnívoros gigantes podem ter usado seus braços comicamente pequenos para outras funções diferentes das conhecidas anteriormente.

Por Annie Roth
Publicado 13 de jul. de 2022, 16:43 BRT
O Meraxes gigas, um dinossauro terópode gigante que viveu na Argentina há cerca de 100 milhões ...

O Meraxes gigas, um dinossauro terópode gigante que viveu na Argentina há cerca de 100 milhões de anos, tinha braços pequenos em comparação com seu corpo e crânio gigantes. O plano corporal é semelhante ao do T. Rex, que só apareceu dezenas de milhões de anos depois.

Foto de Illustration by Carlos Papolio

Cerca de 100 milhões de anos atrás, um dinossauro predador gigante habitou o que hoje é a região patagônica da Argentina. Com um peso de mais de quatro toneladas e cerca de 10 metros de comprimento, o carnívoro recém-descoberto compartilhava várias características físicas com o Tiranossauro Rex, incluindo uma cabeça enorme e pequenos membros anteriores.

Mas a nova espécie, descrita em um estudo publicado na revista Current Biology, não está intimamente relacionada aos tiranossauros. Pertencia a um grupo totalmente diferente de dinossauros conhecido como carcharodontosaurídeos, e foi extinto milhões de anos antes de o T. Rex aparecer em cena. Portanto, esta espécie evoluiu com minúsculos braços de forma independente, característica que pode ter significado mais vantagens evolutivas do que se pensava anteriormente.

“Estou convencido de que esses braços proporcionalmente minúsculos tinham algum tipo de função”, disse o principal autor do novo estudo, o paleontólogo Juan Canale, da Universidade Nacional de Río Negro, na Argentina, em um comunicado à imprensa. “Eles podem ter usado os braços para comportamento reprodutivo, como segurar a fêmea durante o acasalamento ou como apoio para se levantar após uma pausa ou queda”.

O local de escavação na Argentina onde M. gigas foi descoberto.

O local de escavação na Argentina onde M. gigas foi descoberto.

Foto de Juan I. Canale

Descoberto em 2012 durante um trabalho de campo parcialmente financiado pela National Geographic Society, o novo dinossauro foi nomeado Meraxes gigas, em referência a Meraxes, o dragão da série de ficção As Crônicas de Gelo e Fogo, de George R.R. Martin.

Para os paleontólogos, a descoberta já contribui para um melhor entendimento dos carcharodontossaurídeos. Este grupo de dinossauros, cujo nome significa “lagartos com dentes de tubarão”, também engloba o Giganotosaurus, um dos maiores carnívoros já conhecidos.

 

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    “Esta descoberta ajuda a completar a diversidade desse grupo de dinossauros e nos dá uma imagem mais precisa da evolução e da ecologia da época”, diz Thomas Carr, paleontólogo do Carthage College, em Wisconsin, nos Estados Unidos, que não esteve envolvido no estudo. “O número real de dinossauros e outros animais extintos provavelmente seja muito subestimado. Por isso, é bom adicionar uma nova espécie à árvore genealógica.”

    Características familiares

    Dez anos atrás, uma equipe internacional de paleontólogos que pesquisava a região norte da Patagônia encontrou um tesouro de fósseis de dinossauros. Em seu primeiro dia de busca, eles desenterraram os restos fossilizados de M. gigas, que incluíam um crânio, um braço e parte inferior do corpo quase completos. O esqueleto é agora um dos carcharodontosaurídeos mais completos encontrados até hoje.

    “É um dinossauro muito legal, com cabeça de gárgula.”

    por PETER MAKOVICKY
    PALEONTOLOGISTA DA UNIVERSIDADE DE MINNESOTA E EXPLORADOR DA NATIONAL GEOGRAPHIC

    Anteriormente se pensava que o T. Rex e outros dinossauros carnívoros de braços pequenos não tinham uso para seus antebraços, e por isso os apêndices encolheram com o tempo. Mas os autores do estudo dizem que sua descoberta sugere que as coisas são um pouco mais complexas.

    De acordo com o coautor da pesquisa, Peter Makovicky, paleontólogo da Universidade de Minnesota e explorador da National Geographic, ambas as espécies passaram por uma mudança evolutiva semelhante devido à maneira como caçavam. “À medida que seus braços ficaram menores, suas cabeças ficaram maiores”, diz ele. “Houve uma transferência de funções, especialmente relacionadas à captura de presas, do membro anterior para o crânio.”

    Makovicky acredita que, à medida que esses dinossauros começaram a usar mais a cabeça e menos os braços, os membros encolheram. No entanto, ele também aponta que os braços dessa espécie permaneceram musculosos, portanto eles ainda tinham alguma função.

    Os braços pequenos não são a única característica intrigante do M. gigas. Seus pés também tinham garras em forma de foice, semelhantes às dos Velociraptors. Os pesquisadores também descobriram que M. gigas tinha ornamentos no crânio como cristas, saliências e pequenos chifres, que provavelmente eram usados para atrair as fêmeas da espécie.

    As verdadeiras funções desses recursos podem nunca ser conhecidas. Os fósseis só revelam uma parte do comportamento dos dinossauros, e os paleontólogos desenvolvem teorias comparando a anatomia dos dinossauros com a dos animais vivos. Sem mais detalhes, os especialistas só podem especular sobre a aparência de M. gigas.

    Aprofundar na pesquisa

    Enquanto muitos mistérios permanecem, descobertas como M. gigas contribuem para uma compreensão mais completa do mundo pré-histórico.

    “O fóssil de M. gigas mostra regiões inéditas do esqueleto, como braços e pernas, que nos ajudaram a entender algumas tendências evolutivas e a anatomia dos carcharodontosaurídeos”, disse Canale, no comunicado à imprensa.

    Ao escanear a caixa do cérebro do dinossauro e observar mais de perto seu braço, os cientistas esperam aprender mais sobre como o corpo dessa espécie se compara ao de outros carcharodontosaurídeos. E enquanto cada osso de M. gigas será examinado de perto, os cientistas também estão aproveitando um tempo para apreciar toda a maravilha desse gigante pré-histórico.

    “Levo quase 30 anos fazendo isto. Escavei muitas coisas diferentes ao redor do mundo, mas esta definitivamente se destaca”, comenta Makovicky. “Além do valor científico, é um dinossauro muito legal, com cabeça de gárgula e tamanho enorme.”

    A National Geographic Society, comprometida em iluminar e proteger as maravilhas do nosso mundo, financiou o trabalho dos exploradores Peter Makovicky e Pablo Gallina. Saiba mais sobre o apoio da Sociedade aos exploradores.

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