Os gatos podem significar boa sorte, como na cultura japonesa, ou ainda serem considerados animais “demoníacos”, ...

Por que batemos na madeira ou cruzamos os dedos? Desvende a origem de 4 superstições populares

Geração após geração, muitas pessoas continuam acreditando nos “poderes” das superstições, mesmo sem saber como elas surgiram. Veja como nasceram quatro crenças supersticiosas populares no mundo.

Os gatos podem significar boa sorte, como na cultura japonesa, ou ainda serem considerados animais “demoníacos”, por causa das associações feitas às imagens destes animais durante a Idade Média, na Europa. Os gatos pretos, em especial, acabaram conectados à bruxaria e à peste, crendices que colocam suas vidas em risco até hoje.

Foto de Alan Turkus (CC BY 2.0)
Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 27 de out. de 2025, 10:01 BRT

Fazer mandingas e seguir certas superstições para se proteger da má sorte são ações que os humanos vêm fazendo há séculos. Mas você sabe qual é a origem de crenças tão arraigadas como o medo da sexta-feira 13o ato de bater na madeira para espantar energias ruins e a implicância com os gatos pretos, associando-os à feitiçaria? 

As superstições podem ser classificadas como religiosasculturais e pessoais. Sendo uma palavra ambígua, a superstição deve ser entendida subjetivamente”, explica a Enciclopaedia Britannica (plataforma de conhecimentos gerais do Reino Unido). Quem segue estas práticas acredita em seus resultados, ainda que não haja nenhuma comprovação científica ou filosófica para os casos, continua a fonte.

As superstições que pertencem a uma tradição cultural (em alguns casos inseparáveis da superstição religiosasão enormes em sua variedade. “Muitas pessoas, em quase todas as épocas, mantiveram, de forma séria ou meio a sério, crenças irracionais sobre métodos de afastar o mal ou trazer o bem, prever o futurocurar ou prevenir doenças e acidentes”, diz a Britannica

"As superstições podem ser classificadas, de maneira geral, como religiosas, culturais e pessoais”, diz a Enciclopaedia ...

"As superstições podem ser classificadas, de maneira geral, como religiosas, culturais e pessoais”, diz a Enciclopaedia Britannica. Na foto, uma mulher toca a boca da escultura de mármore que tem a reputação de morder as mãos dos mentirosos em Roma, na Itália.

Foto de ANTHONY B. STEWART

Muitas vezes, as superstições estão ligadas à falta de sorte, como mostram algumas tradições folclóricas específicas que pregam a eficácia de amuletos, por exemplo, “prática encontrada em muitos períodos da história na maior parte do mundo”, segue a enciclopédia. 

A seguir, National Geographic separou quatro superstições entre as mais populares em diversas sociedades e investiga qual é a origem possível de cada uma delas

(Vale a pena ler também: “Um ano sem verão”: como uma catástrofe climática ajudou a dar origem a “Frankenstein”)

De onde vem o hábito de bater na madeira? 

O ato de bater na madeira é bastante conhecido no Brasil, em diversos países da América Latina, bem como nos Estados Unidos e até na Inglaterra (onde ao invés de bater, a prática é tocar na madeira).

Esta ação serve não só para espantar a má sorte (ou algum “azar", palavra que dá arrepios a qualquer supersticioso), como também serve para reforçar que algo bom se mantenha

Segundo o “Dictionary of English Folklore” (“Dicionário do Folclore Inglês”), um livro dos estudiosos Jacqueline Simpson e Steve Roud, a referência mais antiga e conhecida para esta prática data de 1805. Segundo a fonte, o hábito pode estar conectado a jogos infantis do século 19, como “Tiggy Touchwood”, uma espécie de brincadeira de pega-pega no qual as crianças que participavam se livraram de serem pegas” quando tocavam em alguma estrutura de madeira ou numa árvore

Daí pode ter vindo a ideia de queao tocar na madeira” a pessoa está protegida

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    O professor e sociólogo Barry Markovsky, da Universidade da Carolina do Sul, afirma que a origem ...

    O professor e sociólogo Barry Markovsky, da Universidade da Carolina do Sul, afirma que a origem da superstição relacionada à má sorte trazida por espelhos quebrados pode ter surgido na Grécia Antiga e se consolidado no Império Romano. 

    Foto de Sam (CC BY 2.0)

    A superstição envolvendo os gatos pretos é das mais conhecidas (e perigosas para estes animais) 

    As crenças conectadas com a figura dos gatos pretos podem variar dependendo da região. Em certos lugares e épocas, os gatos foram adorados e considerados símbolos de boa sorte”, como no Egito Antigo. Mas em grande parte do mundo cristão, a associação de ideias a esses animais está ligada ao mal”. 

    Britannica explica que a visão negativa que caiu sobre os gatos negros se consolidou na Europa durante a Idade Média (a partir do século 15) e, posteriormente, nas Américas (a partir do século 18). Nesta época, os gatos estavam ligados a “atividades de bruxaria durante caças às bruxas e seus julgamentos”, diz a fonte. 

    “A associação dos gatos pretos com bruxas (e, portanto, com o azar) pode ter origem na demonologia ocidental, na qual eles eram frequentemente retratados como familiares das bruxas”, continua a plataforma. Esses “familiares” seriam, na verdade, “demônios”, fazendo com que os gatos pretos (junto com sapos, cães e certos insetos) fossem considerados “uma forma comum que esses demônios assumiam”.

    Os gatos também estiveram envolvidos com os surtos de peste ocorridos entre os séculos 14 e 17, quando não se sabia ainda que erabactéria Yersinia pestis a causadora da doença – e não estes animais. Isso reforçou a supertição de que os gatos negros traziam má sorte e mal agouro

    Até hoje, essa crença tão sólida é fonte de inúmeros casos de morte e maltrato a gatos da cor preta. Em pleno 2025, por exemplo, a câmara municipal de Terrassa, uma cidade a cerca de 30 quilômetros de Barcelona, na Espanhasuspendeu a oferta de gatos pretos para a adoção durante todo o mês de outubro, informou o site de notícias Euronews

    A medida visa evitaro uso destes animais em rituais ou celebrações ligadas ao Halloween”, segundo defendem as autoridades locais. Vale ressaltar que “não há evidências científicas que comprovem que os gatos pretos não possam ser animais de estimação amorosos e merecedores”, enfatiza a Britannica.

    Espelho quebrado dá sete anos de azar: será mesmo? 

    De acordo com um artigo da Universidade da Carolina do Sul, nos Estados Unidos, a superstição de que quebrar um espelho traz sete anos de azar tem entre 2 mil e 2.700 anos desde seu surgimento.

    “Tanto na Grécia Antiga quanto no Império Romano, acreditava-se que as imagens refletidas tinham poderes misteriosos. É provável que tenha sido em uma dessas épocas e lugares que a superstição do espelho quebrado começou a ganhar popularidade”, diz o artigo.

    De acordo com o professor e sociólogo Barry Markovsky, autor do texto, “os gregos acreditavam que o reflexo de uma pessoa na superfície de uma poça d'água revelava sua alma”. Os romanos, por sua vez, foram aqueles que começaram a fabricar espelhos a partir de superfícies metálicas polidas, diz a fonte. Eles também tinham a crença de que “seus deuses observavam as almas através desses dispositivos”. 

    Portanto, “danificar um espelho era considerado tão desrespeitoso que as pessoas achavam que isso levava os deuses a trazer má sorte para qualquer pessoa tão descuidada”, explica Markovsky. 

    “Por volta do século 3os espelhos passaram a ser feitos de vidro, e quebrá-los tornou-se muito mais comum. Mas os romanos não acreditavam que a má sorte resultante duraria para sempre. Eles consideravam que o corpo se renovava a cada sete anos”, completa o estudioso, pondo fim, portanto, na maldição.

    Cruzar o dedo médio sobre o indicador é sinônimos para o desejo de boa sorte – ...

    Cruzar o dedo médio sobre o indicador é sinônimos para o desejo de boa sorte – e tem sido assim há séculos.

    Foto de Evan Amos (CC BY-SA 3.0)

    Cruzar os dedos “para dar sorte”: um sinal quase mundial  

    Cruzar o dedo médio sobre o indicador ou mesmo dizer (e escrever) a expressão “dedos cruzados” são sinônimos para o desejo de boa fortuna. De acordo com um artigo da BBC (o canal público de informação do Reino Unido), essa crença data de séculos

    Originalmente, diz a fonte, eram necessárias duas pessoas para fazer o gesto, cada uma delas tocando o seu dedo indicador no dedo do outro. Tratava-se de uma tradição pagã a qual pregava que, desta forma, os desejos de quem fazia o sinal estariam protegidos até se tornarem realidade. 

    Mas o gesto também tem raízes cristãs: “quando estavam sendo perseguidosos primeiros cristãos da história cruzavam seus dedos para invocar o poder da cruz onde Cristo morreu”, diz a BBC. Os cristãos antigos também tinham o hábito de cruzar os dedos para absolverem a si mesmos enquanto diziam alguma mentira a seus inimigos ao serem perseguidos, completa. 

     É por isso que também se tornou usual alguém cruzar os dedos de maneira escondida (atrás das costas, por exemplo), quando diz uma “meia verdade” a alguém, afirma o texto da BBC. 

    Também já foi comum na Inglaterra, a partir do século 16, que as pessoas cruzassem o dedo médio sobre o indicador quando encontrassem com alguém que estivesse tossindo ou espirrando, ou quando passassem por debaixo de uma escada – nos séculos seguintes –, conta a fonte. Tudo para se proteger de doenças e do azar

    De qualquer maneira, a crença que se solidificou quando o assunto é cruzar estes dois dedos, em especial, é a de que a pessoa está atraindo boa sorte.

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