Planeta do tamanho da Terra encontrado orbitando estrela próxima

O mundo potencialmente habitável foi batizado de Ross 128b, e fica a apenas 11 anos-luz de distância.

Por Michelle Z. Donahue
Publicado 17 de nov. de 2017, 12:18 BRST, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
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Uma fraca estrela vermelha ilumina o planeta Ross 128b nesta ilustração.
Foto de Ilustração de M. Kornmesser, ESO

Há um novo planeta do tamanho da Terra nas redondezas, e trata-se do mundo potencialmente habitável  – que orbita uma estrela "tranquila" o suficiente para se ter vida – mais próximo do nosso.

Descoberto a apenas 11 anos-luz de distância, Ross 128b circunda uma estrela anã-vermelha, um tipo pequeno e fraco. As anãs vermelhas estão em toda parte – representam cerca de 70% de todas as estrelas da galáxia. A maioria das estrelas em nossa vizinhança imediata são anãs vermelhas.

Com base na taxa de descoberta planetária nos últimos anos, os astrônomos estimam que uma em cada três anãs vermelhas tenha pelo menos um planeta em sua órbita.

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Tecnicamente, o planeta mais próximo do planeta Terra é Proxima b, que circunda a anã vermelha Proxima Centauri a apenas a 4,25 anos-luz de distância.

Mas há um porém: as estrelas mais jovens e mais rápidas desse tipo punem regularmente quaisquer planetas nas proximidades com potentes explosões estelares. Com cerca de cinco bilhões de anos, Proxima Centauri provavelmente ainda cozinha seu planeta com súbitas chamas de radiação violenta e esterilizante.

Em contraste, a estrela de Ross 128b é mais madura, tem sete bilhões de anos, e sua rotação diminuiu consideravelmente. Isso significa que seu planeta tem melhor chance de ser hospitaleiro para a vida na superfície.

FOGO E FÚRIA

Os astrônomos encontraram Ross 128b usando o High Accuracy Radial velocity Planet Searcher (HARPS) do Observatório de La Silla, no Chile. O instrumento permite aos cientistas examinar a luz das estrelas e testar os efeitos gravitacionais sutis de um planeta em órbita.

Depois de 12 anos de padrões de análise do brilho e movimento da estrela, a equipe anunciou hoje que eles perceberam uma inclinação fraca, mas consistente, em sua rotação. Essa inclinação é de um planeta cerca de 30% maior que a Terra que puxa a estrela ligeiramente para fora do centro, relatou a equipe em artigo que deve ser publicado no periódico Astronomy & Astrophysics.

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    A estrela anã vermelha Ross 128 está na constelação de Virgem.
    Foto de Ilustração de Sky Survey 2

    "Não houve um momento de 'eureka' aqui onde pudéssemos dizer de repente: nossa, achamos um planeta", diz o líder de estudo, Xavier Bonfils, da Université Grenoble Alps. "Nós acumulamos dados ao longo de muitos anos, e pouco a pouco o sinal foi se acumulando e se tornou significativo".

    Embora esteja 20 vezes mais próximo da sua estrela do que a Terra está do Sol, Ross 128b orbita a distância ótima para ter uma atmosfera intacta e água líquida – a depender das condições atmosféricas.

    [Veja também: Evidências apontam para um nono planeta no Sistema Solar]

    "Alguns modelos [computacionais] dizem que o planeta está próximo o suficiente para que possa ter perdido a atmosfera. Outros dizem que o planeta teria construído nuvens que refletem a radiação e impedem o superaquecimento, de modo que a água pudesse permanecer líquida na superfície", diz Bonfils.

    "Nós precisamos de mais dados antes de dizer qualquer coisa conclusiva".

    Mesmo se tiver nuvens, isso significa que alguma coisa poderia estar viva em Ross 128b? Chamar sua estrela anfitriã de "calma" é correto – mas talvez um pouco enganoso, diz Ed Guinan, astrônomo da Universidade Villanova que estudou o sistema Proxima Centauri.

    Mais cedo em sua vida, a estrela de Ross 128b pode ter sido tão ativa quanto a Proxima Centauri hoje, esterilizando seu planeta por bilhões de anos.

    "Quando tinha um bilhão de anos, ela estava em chamas, e esse é um momento crítico para os planetas", diz Guinan. "Tiveram que suportar raios X e ventos centenas de milhares de vezes mais fortes do que agora. Você precisa estar perto para ter calor e água, mas aí você é atingido por explosões e ventos que essas estrelas têm quando são jovens. É o caso de todas as anãs vermelhas, elas não são as melhores anfitriãs".

    Astrônomos não conseguem observar a Ross 128b transitando, ou cruzando, a sua estrela-mãe – a melhor maneira que temos para observar a composição atmosférica de um planeta.

    [Veja também: O planeta mais próximo do nosso sistema solar simplesmente desapareceu]

    Ainda assim, Bonfils e sua equipe estão otimistas de que o grande número de anãs vermelhas lá fora se provará importante. Eles estão tentando descobrir e caracterizar quaisquer planetas em torno de cada anã vermelha a até 16 anos-luz da Terra.

    E a próxima geração de telescópios gigantes, como o Extremely Large Telescope ou o Giant Magellan Telescope, vai permitir fazer imagens diretas desses planetas e descobrir a composição de qualquer atmosfera que possam ter.

    Quanto a Ross 128b, acrescenta Bonfils, "não é o único planeta potencialmente habitável que detectamos este ano, apenas o mais próximo. Foi um ano fantástico para se encontrar planetas".

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