Carro espacial de Elon Musk pode colidir com a Terra
Pesquisadores calculam que cada longa volta ao redor do sol deixa o carro esportivo mais perto de um flamejante encontro com o nosso planeta.
Lançado semana passada a bordo do novo foguete Falcon Heavy da SpaceX, o Tesla Roadster interplanetário de Elon Musk está atualmente em uma lenta viagem ao redor do sol. Mas a jornada do carro pode chegar ao fim em um futuro não tão distante quando, em uma reviravolta do destino cármico, colidir com o planeta mais perto e mais querido por todos nós.
“O Tesla provavelmente colidirá com a Terra dentro de uns dez milhões de anos”, disse Hanno Rein, da Universidade de Toronto.
Pelo menos, essa é a melhor suposição de Rein, é baseada em simulações que sondam o futuro do errante Tesla Roadster, de 2008. O carro, preso na segunda parte da Falcon Heavy e levando um boneco chamado Starman, já está listado como um “corpo do sistema solar” em um catálogo mantido pelo Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa.
Rein e seus colaboradores recentemente decidiram colocar aquele corpo em órbita por vários milhões de anos e ver quais caminhos o carro pode pegar enquanto ele dá voltas ao redor do sol na mais épica viagem de carro do Sistema Solar. No momento em uma órbita que cruza os caminhos da Terra e de Marte, o Roadster será rebatido um pouco por encontros próximos com esses planetas no início.
Enquanto isso dificulta determinar com precisão o caminho do carro no futuro, se os cientistas fizerem simulações suficientes, eles podem ver quais eventuais resultados são mais prováveis de acontecer. A equipe diz que, independente de onde tudo isso acabar, o Roadster só tem uns dez milhões de anos de vida.
Encontros cada vez mais próximos
No entanto, o futuro próximo do Roadster é certo. O próximo encontro com a Terra ocorrerá em 2091, quando ele estará a uma distância lunar do nosso planeta. Ele poderá até ser visto com um tipo certo de telescópio. Embora não seja grande o suficiente para ser distinguido com facilidade de inúmeros objetos que rotineiramente flutuam sobre nós, a reflexividade do carro, ou o espectro, deve diferenciá-lo.
“Inicialmente, ele terá muitos encontros próximos com a Terra,” disse Rein. “Um pouco depois, ele também terá encontros próximos com Vênus e Marte. Durante cada encontro, ele mudará um pouco a sua órbita.”
Rein e seus colegas calcularam que quase não há chances de o carro acidentalmente fazer uma aterrissagem forçada em Marte. Mas tem 6% de chance de o Tesla colidir com a Terra nos próximos milhões de anos e 2,5% de chance de colidir com Vênus. Ambos números, talvez não surpreendentes, estão aproximadamente de acordo com o que os cientistas esperam para a classe de corpos pequenos, que cruzam a órbita da Terra, denominados Objetos Próximos à Terra (OPT).
Segundo Rein, depois que o prazo inicial de um milhão de anos passar, cada vez que o carro passar voando, a chance de ele colidir com um dos dois planetas irmãos aumenta tanto que tem 11% de chance de ele colidir com a Terra após três milhões de anos.
“A probabilidade da colisão aumenta com o tempo, porque a taxa de colisão é relativamente constante,” explica Rein.
Carro espacial azarado?
Renu Malhotra, especialista em dinâmicas planetárias da Universidade do Arizona, diz que o trabalho que Rein e seus colegas fizeram é genuíno. Apesar de ser um objeto único no espaço profundo, o Roadster se comporta quase da mesma maneira que um objeto natural de mesma massa e tamanho.
“Fiz uma rápida estimativa que a Terra colide com vários OPTs do tamanho do Roadster todos os anos e tais colisões são geralmente pouco notáveis”, ela disse.
Mas Malhotra suspeita que o fim mais provável para o Roadster seja uma colisão com ninguém menos que a maior estrela naquela proximidade, talvez dentro de alguns milhões de anos e não dez milhões.
“Acredito que o fim mais provável seja uma colisão com o sol”, ela disse. “E o segundo fim mais provável seja uma colisão com a Terra, como é o caso dos NEOs.”
Mas não fiquem com medo. Mesmo que o Roadster finalmente retorne ao seu planeta natal, isso irá acontecer em um futuro tão distante que você não estará por perto e não irá presenciar nenhum tipo de ameaça ao planeta. O carro é tão pequeno queimará quase inteiro ao entrar na atmosfera da Terra, seja lá como ela estiver nesse futuro distante.
“É possível que alguns destroços sobrevivam à entrada. Eles estariam tão quentes, mas também estariam chegando tão rápido que não teria tempo de tudo derreter”, disse Jonathan McDowell do Centro Smithsonian-Harvard de Astrofísica. “Tudo indica que eles derreteriam, mas definitivamente não é algo certo.”