Equinócio: o que é e como ver o fenômeno que marca a entrada da primavera
Neste mês, a Terra passa por um evento astronômico que ocorre duas vezes ao ano – em março e setembro –, marcando a entrada de uma nova estação. O responsável por esse anúncio astronômico é o equinócio.
A primavera chega em 22 de setembro no Hemisfério Sul, significando um adeus aos dias mais frios. Enquanto isso, no Hemisfério Norte, o fenômeno inicia o outono.
De acordo com a Nasa, este ano o equinócio acontecerá às 22h04 nos horários de Brasil, Argentina e Chile, e às 20h04 para México, Colômbia e Equador.
O que é equinócio?
O equinócio é um evento astronômico ligado à inclinação da órbita da Terra em relação ao Sol. Durante o fenômeno – cujo nome deriva do latim e quer dizer “noite igual” –, os dois hemisférios terrestres estão igualmente iluminados pelo Sol, explica o astrofísico Renato Las Casas, divulgador científico e professor aposentado de astronomia na Universidade Federal de Minas Gerais. “Exclusivamente durante o equinócio, o dia e a noite têm quase a mesma duração”, disse em entrevista à reportagem.
Isso acontece porque a Terra cumpre o chamado plano orbital, uma trajetória ao redor do Sol ao longo de um ano. Durante esse movimento, o planeta se mantém a uma inclinação aproximada de 23,4° em relação ao seu próprio eixo.
É essa inclinação que faz com que um dos hemisférios da Terra receba maior – ou menor – incidência de raios solares durante certo período do ano. “No equinócio, a inclinação faz com que o Sol fique exatamente acima da linha do equador terrestre. Por isso, os dois hemisférios recebem a mesma quantidade de luz”, afirma Las Casas.
Diferença entre equinócio e solstício
Assim como o equinócio, o solstício também é um evento causado pela inclinação da Terra e sua posição em relação ao Sol.
“Mas o solstício é como se fosse o contrário do equinócio. O solstício é o momento em que um dos pólos da Terra está no ponto mais inclinado em direção ao Sol, ou seja, um dos hemisférios estará recebendo mais luz solar e terá o dia mais longo que a noite”, explica Las Casas.
O solstício também acontece duas vezes ao ano, em junho e em dezembro. E, enquanto o fenômeno dá início ao verão no Hemisfério Norte, no Sul é marca a entrada do inverno.
Para que se usa o equinócio
Nas civilizações antigas, como no Antigo Egito, a mudança na posição das estrelas e do Sol no céu estava ligada a fenômenos da natureza. “Notava-se que certa posição das estrelas, ou do nascer e pôr-do-sol aconteciam logo antes da cheia do Nilo, por exemplo. E começaram a relacionar o céu com os ciclos naturais", diz Las Casas.
Outros fenômenos, como períodos de seca e chuva também podiam ser previstos ao olhar para o céu. “No caso dos solstícios e dos equinócios, foi observado que a certas posições do Sol e da sombra que ele causava coincidiam com mudanças no clima. Então, passou–se a considerar que as estações trocavam sempre nessas épocas”, Las Casas. Mas, com os avanços tecnológicos astronômicos e atmosféricos, não se olha mais para o céu com esse objetivo. “Hoje buscamos outras respostas."
Entretanto, ainda há quem busque nos astros uma orientação sobre as estações do ano. “Muitos agricultores ainda seguem as estações a partir de observações do céu e usam fenômenos como o equinócio ou solstício para organizar o plantio de suas colheitas. Assim como a humanidade faz há centenas de anos", diz Las Casas.
Como ver o equinócio
O equinócio, diferente de um eclipse ou de uma Superlua, não é um fenômeno fácil de se observar. Mas Las Casa sugere uma maneira.
“Para observar o equinócio é preciso acompanhar a sombra causada pelo movimento do Sol”, diz ele.
Durante o equinócio, próximo ao meio-dia, o Sol estará exatamente em cima do chamado Equador Celeste, que é a projeção da linha do equador no céu. Nesse momento, a sombra gerada será única desse fenômeno e permitirá que o observador descubra a exata latitude terrestre em que ele se encontra.
“Observe a sombra a partir de um poste ou qualquer haste vertical que projete uma sombra, como em um relógio de sol. Ao meio-dia, a sombra gerada será a menor possível para aquele dia e o ângulo que ela tiver em relação a haste, será a latitude daquele ponto na Terra”, dizz Las Casas.
Como exemplo, Las casas conta que quem estiver próximo à cidade de São Paulo na data, deve levar em conta que o ângulo da sombra, nesse horário, deve estar próximo dos 23º. “É um experimento interessante, que mostra que as observações do espaço não precisam de super equipamentos e podem ser feitas por todos”, afirma.