Missão Dart: colisão proposital com asteroide pode revelar mais detalhes sobre a formação do Sistema Solar

Estudos científicos recém-publicados utilizaram fotos de telescópios para estudar a composição de um asteroide atingido por uma espaçonave da Nasa em 2022.

Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 21 de mar. de 2023, 12:37 BRT

Esta ilustração mostra a ejeção de uma nuvem de detritos depois que a espaçonave Dart da Nasa colidiu com o asteroide Dimorphos. A imagem foi criada com a ajuda de fotos em close de Dimorphos que a câmera Draco na espaçonave Dart tirou pouco antes do impacto.

Foto de ESO M. Kornmesser

Em uma oportunidade única, astrônomos conseguiram observar a composição de um asteroide com detalhes que podem ajudar a entender a formação do Sistema Solar.  Os dados foram coletados a partir da colisão entre a espaçonave Double Asteroid Redirection Test (Dart), da Nasa, e um asteroide de 150 metros de largura chamado Dimorphos, que ocorreu em setembro de 2022. 

Com dados coletados da Missão Dart, que marcou a primeira vez em que os humanos intencionalmente mudaram o curso de um objeto celeste, duas equipes de astrônomos realizaram estudos sobre as estruturas químicas e morfológicas do asteroide. 

As pesquisas, publicadas em dois artigos científicos em março de 2023, trazem informações coletadas com o Very Large Telescope (VLT), um conjunto de quatro telescópios de 8,2 metros administrado pelo Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês). 

Um dos estudos, publicado na revista científica Astronomy & Astrophysics, fornece novas ferramentas para entender a formação de objetos celestes, como os planetas, segundo um comunicado divulgado pelo ESO. “Os asteroides são relíquias bastante inalteradas do material que formou os planetas e as luas do nosso Sistema Solar,” disse Brian Murphy, doutorando na Universidade de Edinburgh, Reino Unido, e co-autor do estudo na divulgação do ESO. 

O trabalho de Murphy, que foi liderado por Cyrielle Opitom, também astrônoma na Universidade de Edinburgh, estudou a nuvem de material ejetada após o impacto da sonda Dart. Os cientistas acompanharam a evolução da nuvem de detritos durante um mês e detectaram uma série de características morfológicas do asteroide, incluindo espirais, aglomerados de partículas e uma cauda de detritos que começou a se formar apenas algumas horas após o impacto devido à radiação solar. 

Usando o Very Large Telescope (VLT) do ESO, duas equipes científicas observaram as consequências da colisão entre a espaçonave Dart (Double Asteroid Redirection Test) da Nasa e o asteroide Dimorphos. O impacto controlado foi um teste de defesa planetária, mas também proporcionou à comunidade astronômica uma oportunidade única de aprender mais sobre a composição do asteroide a partir do material ejetado.

Foto de ESO NASA

O estudo também analisou a composição química do Dimorphos em busca de gases como oxigênio, água, xénon e nitrogênio. Entretanto, as assinaturas químicas desses elementos não foram identificadas.

A segunda pesquisa, publicada na revista Astrophysical Journal Letters, estudou como é que o impacto da Dart alterou a superfície do asteroide. “Quando observamos objetos do Sistema Solar, vemos a luz solar que é dispersada por suas superfícies ou suas atmosferas”, explica Stefano Bagnulo, astrônomo do Observatório e Planetário de Armagh, no Reino Unido, e autor principal do artigo. 

“Ao seguirmos como é que a polarização da luz solar varia na superfície do asteroide em relação à Terra e ao Sol, podemos revelar a estrutura e a composição da sua superfície”, explicou Bagnulo em comunicado divulgado pelo ESO. 

Os resultados indicam que a variação de luz que pode ser observada de corpos celestes depende da composição do material espalhado, e não de sua estrutura, seja uma superfície de um objeto ou uma nuvem de detritos. 

Oportunidade única para estudar asteroides 

Para Cyrielle Opitom, autora principal do artigo publicado na revista científica Astronomy & Astrophysics, a missão da Nasa deu uma oportunidade única aos pesquisadores. “A sonda Dart nos deu uma excelente perspectiva para estudar um impacto controlado, quase como se este tivesse ocorrido num laboratório”, disse a astrônoma em comunicado à imprensa. 

Por isso, conclui Opitom, a experiência “não pode ser repetida por nenhuma infraestrutura futura, o que torna os dados obtidos extremamente preciosos para uma melhor compreensão da natureza dos asteroides.”

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