Existem montanhas flutuantes em Plutão – esse tipo de coisa não dá nem para inventar

Dados coletados pela missão não-tripulada New Horizons revelam cinco aspectos surreais do planeta-anão.

Por Nadia Drake
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As montanhas de Plutão, campos de gelo e vales brilham no pôr-do-sol, enquanto o céu nebuloso do mundo brilha no alto.
Foto de NASA, Jhuapl, SwRI

Para um planeta tão pequeno, Plutão tem uma incrível diversidade de características, incluindo geleiras flutuantes, terrenos perfurados de maneira estranha, céus nebulosos e paisagens multi-coloridas. Agora os cientistas da missão New Horizons revelaram que o distante planeta-anão é ainda mais estranho do que se imaginava, com vulcões de gelo, montanhas flutuantes e luas de comportamentos erráticos.

Os cientistas apresentaram o novo conjunto de observações da nave espacial New Horizons, que passou por Plutão em julho de 2015, durante reunião da Divisão de Ciências Planetárias da Sociedade Astronômica Americana. E os dados revelam que Plutão não é como esperávamos.

A equipe ganha “10 pela exploração” e “0 pela habilidade de previsão”, disse Alan Stern, investigador principal do New Horizons. "O sistema de Plutão está nos desconcertando."

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Perto da ponta mais oeste do campo de gelo conhecido como Sputnik Planum, folhas gigantes de água congelada podem ser quebradas e reorganizadas, produzindo o que Moore chama de “terreno anárquico". Cadeias emaranhadas de blocos angulares, alguns com 40 km de extensão e 5 k de altura, formam montanhas que se estendem caoticamente perto da planície macia e jovem. A nova análise sugere que Sputnik Planum pode ter cerca de 10 milhões de anos. Basicamente, “nasceu ontem”, disse Stern. “É uma grande descoberta que pequenos planetas podem ser ativos, em uma escala massiva, bilhões de anos após sua formação.”

Fraturas enormes, oceano enterrado

Algumas partes da superfície de Plutão, como a Sputnik Planum, são macias. Outras são cheias de pontas e parecem uma versão alienígena da pele de uma cobra. Ainda assim, outras regiões são devastadas por fraturas enormes, como a Virgil Fossa, a oeste do Sputnik Planum. Essas quebras parecem ter se formado quando Plutão expandiu a crosta. “Um oceano em resfriamento e congelamento lento se expandirá", explicou Bill McKinnon da Universidade de Washington em St. Louis. Se a crosta de Plutão esconde um oceano de água enterrada – o que para os cientistas é provável que aconteça – então à medida em que esse oceano vagarosamente congela e expande, ele pode pressionar a crosta de Plutão e produzir essas fissuras enormes.

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    Missão New Horizons

    Vulcões de gelo

    Dois poços perto o polo sul de Plutão podem ser caldeiras vulcânicas de gelo. Os poços estão localizados no cume de duas montanhas enormes, Wright Mons e Piccard Mons. Cada montanha possui alguns quilômetros de altura e pelo menos 100 km de extensão, com tamanho e forma parecidos com os dos vulcões do Havaí. Mas ao invés de soltarem lava, os vulcões de Plutão soltam gelo, talvez nitrogênio, monóxido de carbono ou uma lama aquosa vinda de um oceano enterrado.

    Jeff Moore, do Centro de Pesquisa Ames da NASA, disse durante uma apresentação que a equipe ainda não está pronta para concluir que essas características são de fato vulcões, “mas parecem muito suspeitas".

    Se forem reais, seriam os primeiros vulcões avistados no sistema solar externo. E embora a equipe planeje confirmar a descoberta com mais dados, alguns membros já estão convictos.

    “Quando você vê uma grande montanha com um buraco no topo, geralmente é uma coisa", disse Oliver White, também do NASA Ames. “Eu estou tendo dificuldade em não ver esses vulcões.”

    Anarquia, montanhas flutuantes

    As montanhas de Plutão podem ser mais parecidas com os nossos icebergs do que nossas montanhas. Formadas por água congelada, esses grandes blocos provavelmente estão flutuando em um “mar” de gelo de nitrogênio, revelou Moore. Em algumas regiões, as montanhas são tão grandes quanto as Montanhas Rochosas, mas ainda são flutuantes leves o suficiente para subir acima do nitrogênio mais denso e dos gelos de monóxido de carbono. “Até a maior montanha de Plutão poderia estar simplesmente flutuando", disse Moore durante sua apresentação.

    Um dos potenciais vulcões de gelo, Wright Mons, tem cerca de 160 km de extensão, 4 km de altura e possui um poço gigante perto de seu cume cerca de 56 quilômetros de diâmetro.
    Foto de NASA, Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory, Southwest Research Institute

    Atmosfera pequena e gelada

    Antes do sobrevôo, os cientistas pensavam que Plutão tinha uma atmosfera fofa que poderia ser de sete a oito vezes mais volumosa que o próprio planeta. Também se acreditava que ela, constituída principalmente de nitrogênio, estava escapando tão rapidamente que cerca de 1 quilômetro de gelo da superfície de Plutão sublimou e desapereceu durante seus 4,6 bilhões de anos de vida.

    Agora, os cientistas da New Horizons dizem que essa ideia está completamente equivocada. A atmosfera de Plutão não é tão volumosa quanto acreditavam e não está escapando tão rápido como previam. “No novo ritmo, é cerca de 15 centímetros (de gelo desaparecido)", disse Leslie Young, do Instituto de Pesquisa do Sudoeste. Ao contrário, a maior parte do nitrogênio de Plutão está se aproximando do planeta-anão. Embora seja estranho, a observação pode ser explicada pela alta presença de cianeto de hidrogênio na atmosfera. Ninguém esperava encontrar cianeto de hidrogênio nessas quantidades, mas ele teria um efeito de esfriamento significante na atmosfera, mantendo ela aninhada próxima de Plutão.

    Luas com comportamento estranho

    As quatro pequenas luas de Plutão finalmente foram reveladas – Nix, Estige, Cérbero e Hidra são, como quase tudo nesse sistema, mais estranhas do que os cientistas pensavam. Cérbero e Hidra parecem serem feitas de objetos menores que colidiram devagar e se juntaram, como o cometa em forma de pato onde a sonda Rosetta está orbitando. “Em algum momento do passado, havia mais do que as quatro (pequenas) luas de Plutão, tinham pelo menos seis,” disse Mark Showalter do Instituto SETI em uma coletiva de imprensa.

    Dados da missão New Horizons da NASA indica que pelo menos duas – e possivelmente as quatro – das pequenas luas de Plutão pode ser o resultado da fusão de luas ainda menores. Se essa descoberta for confirmada com mais análises, ela pode fornecer dicas importantes sobre a formação do sistema de Plutão.
    Foto de NASA, Jhuapl, SwRI

    Além de todas essas estranhezas também tem as rápidas taxas de rotação das pequenas luas. Hidra vence a corrida, girando ao redor de si mesma uma vez a cada 10 horas, mas todas as luas estão rodopiando mais rápido do que o esperado. “Nós simplesmente nunca vimos um sistema de satélite que faz isso", disse Showalter. E mais, Nix possui uma cratera estranha e avermelhada que os cientistas ainda não conseguiram explicar. E Cérbero, que os cientistas achavam que seria a ovelha negra do rebanho, na verdade é tão brilhante que suas três irmãs.

    Siga Nadia Drake no Twitter.

    Publicado em 9 de novembro de 2015.

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