Cenas dramáticas de caça a baleias são encontradas em arte rupestre

As pinturas corroboram artefatos históricos que sugerem que caçadores navegavam em pequenos barcos com arpões improvisados.

Por Sarah Gibbens
Publicado 19 de fev. de 2018, 11:16 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
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Uma imagem da ravina de Izcuña mostra a caçada a uma baleia.
Foto de Benjamín Ballester

Com arpões improvisados e jangadas, um caçador acerta uma baleia grande.

Deve ter sido uma boa matança para caçadores-coletores que viveram em uma das regiões mais secas do mundo, o Deserto do Atacama, no Chile, há 1.500 anos.

O momento, e outros como esse, foram congelados no tempo por artistas antigos há quase 1.500 anos. Em uma pintura rupestre vermelha brilhante, pintada com óxido de ferro, a tradição da caça antiga ainda pode ser vista. Segundo os arqueólogos, baleias, peixes-espadas, leões-marinhos e tubarões estão entre as representações.

Um novo estudo, publicado no periódico Antiquity, resume o quão crítica era a caça marinha para caçadores-coletores durante essa época e como a arte rupestre conta a sua história dramática.

Primeiras descobertas

A arte rupestre foi descoberta pela primeira vez nessa parte do Chile por antropólogos no começo do século 20. Entre o oceano e o deserto está um vale chamado El Médano, onde a primeira arte rupestre foi catalogada nessa região. Por mais de mil anos, a existência da arte rupestre era conhecida apenas por pessoas locais de Paposo que vivem na região.

O novo estudo foca na arte das cavernas encontradas a vários quilômetros de distância do norte de El Médano, em um local chamado Izcuña, mas as pinturas do período geralmente fazem referência às artes de El Médano.

Mais de 300 imagens foram encontradas. Muitas das pinturas mostram peixes, mas armas e jangadas também foram documentadas.
Foto de Benjamín Ballester

Nova arte

Na ravina de Izcuña, 328 pinturas diferentes foram encontradas em 24 pedaços de pedra diferentes. Muitas foram degradadas pela humidade trazida pelas camanchacas – neblinas que se formam na costa chilena e se movem para o interior. Mas foi preservada arte suficiente para datá-la na mesma época que a outra encontrada em El Médano.

Os tipos mais comuns de arte mostram as silhuetas de peixes grandes. Outras imagens mostram cenas de caça com jangadas e armas. Animais terrestres também são representados na arte, mas encontrar representações de vida marinha em uma arte rupestre é mais raro.

O autor do estudo, Benjamín Ballester, observa que os peixes ou as baleias sempre são desenhados maiores do que os caçadores e as jangadas, fazendo da presa uma antagonista assustadora.

“No geral, a caça é representada como uma prática especialista, solitária e individual, conduzida por poucas pessoas selecionadas,” observa o autor.

Uma economia marinha

Mais do que arte, as imagens ilustram evidências arqueológicas que a caça marinha era uma parte essencial dessa sociedade.

Durante escavações anteriores, os arqueólogos encontraram arpões improvisados construídos com eixos de madeira de 3 metros, com ponta de flechas destacáveis datando de 7.000 anos atrás.

Ballester diz que, ao olhar para os artefatos e a arte como um todo, os arqueólogos podem entender melhor sobre a vida antiga no Chile.

“Caças [marinhas] eram um dos elementos mais importantes para a subsistência deles, mas eles também eram ótimos pescadores e coletores de moluscos,” ele disse.

“De seus assentamentos na costa, eles participavam ativamente de sistemas de troca em larga escala com comunidades agropastoris do interior do vale e oásis do Atacama, especialmente a troca de peixe seco por produtos manufaturados.”

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