Encontrado porta-aviões naufragado na Segunda Guerra
Conhecida por explorar águas profundas onde já descobriu navios militares no passado, a Deep Blue, organização do co-fundador da Microsoft Paul Allen, ajudou a encontrar a embarcação perdida.
“Estamos lidando com um ambiente muito difícil”, disse à imprensa Robert Kraft, diretor de operações submarinas de Paul Allen. “São milhares de metros de profundidade e é muito imprevisível. Estamos colocando muitos equipamentos eletrônicos e de alta voltagem em águas bem profundas onde não deveriam ir. Então sempre temos desafios.”
Encomendado para ser um navio de Guerra, o Lexington foi apresentado como porta-aviões em 1925. No dia 4 de maio de 1942 juntamente com outro porta-aviões, o U.S.S. Yorktown, lutou contra três porta-aviões japoneses na primeira batalha de porta-aviões da história. O Lexington aguentou muitos ataques de bombas e torpedos até sucumbir em 8 de maio. Uma segunda explosão causou incêndios incontroláveis à embarcação, desencadeando a convocação de abandonar navio. O U.S.S. Phelps disparou os últimos torpedos que então afundaram o navio.
Navios americanos resgataram 2.770 tripulantes e oficiais do navio condenado. Entre eles estavam o capitão e seu cachorro Wags, mascote da embarcação desde o começo. Esse episódio foi o primeiro naufrágio de um porta-aviões na história.
O U.S.S. Lexington finalmente foi encontrado com décadas de atraso e a milhares de metros debaixo d’água.
A equipe do R/V Petrel – navio de buscas do bilionário e co-fundador da Microsoft, Paul Allen – descobriu destroços do porta-aviões da Segunda Guerra Mundial na segunda-feira, a cerca de três mil metros de profundidade do Mar de Coral e a mais de 800 km da costa leste da Austrália.
O Lexington foi um dos primeiros porta-aviões construídos pelos Estados Unidos e afundou em 1942 com 216 tripulantes e 35 aeronaves a bordo.
Relíquias dos tempos de guerra
Allen é filho de um veterano da Segunda Guerra e a equipe do R/V Petrel planejava encontrar o Lexington há cerca de seis meses, quando receberam coordenadas de onde o porta-aviões poderia estar. Para isso, reequiparam o navio de 76 metros, originalmente alocado no Mar das Filipinas em 2017, com instrumentos submarinos que podem alcançar profundidades de até 5.600 metros.
Vários navios afundaram juntamente com o Lexington como os U.S.S Sims, Neosho e Yorktown. O porta-aviões japonês Shōhō também sucumbiu e o Shōkaku sofreu danos severos.
A Batalha do Mar Coral interrompeu um avanço japonês e também ficou marcada por ter sido a primeira vez que dois navios duelaram sem nunca terem se visto.
Sob o mar
Outras expedições de Allen também renderam descobertas. Sua equipe ajudou a encontrar os U.S.S. Ward em novembro de 2017, o U.S.S. Indianapolis em agosto de 2017 e o U.S.S. Astoria em fevereiro de 2015. Da mesma forma, ajudou a encontrar o navio de guerra japonês Musashi e o contratorpedeiro italiano Artigliere em março de 2015 e 2017, respectivamente.
As imagens subaquáticas mostram as grandes armas e os escudos de explosão que o porta-aviões exibia, assim como algumas aeronaves espalhadas pelo fundo do oceano. Três quartos de século debaixo d’água causaram danos ao navio que já fora imponente, mas é, sem dúvidas, um achado histórico e arqueológico importante.
“É como se todo o esforço que você faz valesse a pena. E para mim, pessoalmente, sinto um pouco de alívio e fico ansioso para a próxima etapa, que é explorar os destroços”, disse o piloto e pesquisador Paul Mayer à imprensa. “Depois disso, quero procurar pelo próximo.”