Veja o rosto de um homem da época em que o Império Romano chegava ao fim

Adelasius Ebalchus viveu na Suíça há 1,3 mil anos — e sua expressão exibe uma característica bastante incomum nunca antes observada na maioria das reconstruções faciais.

Por Kristin Romey
Publicado 17 de mai. de 2019, 17:57 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Adelasius Ebalchus, que viveu no norte da Suíça há 1,3 mil anos. Ele estava no fim ...
Adelasius Ebalchus, que viveu no norte da Suíça há 1,3 mil anos. Ele estava no fim da adolescência ou no início de seus vinte anos quando morreu.
Foto de Oscar Nilsson

Adelasius Ebalchus possui um nome definitivamente latino para um homem que viveu na Suíça por volta de 700 d.C., séculos após a queda do Império Romano do Ocidente. A escolha do nome foi intencional, explica Mirjam Wullschleger do Departamento de Arqueologia do Cantão de Soleura. Foi nessa época que os povos germânicos migraram para o planalto suíço no norte do país, alterando o idioma e a cultura do restante do Império Romano para o idioma e a cultura da tribo dos alemanos, cuja língua nativa era o alemão.

Contudo, o nome de Adelasius e a maior parte do que acreditamos saber sobre ele são especulações. Sua face foi reconstruída a partir de um esqueleto descoberto em 2014, recuperado de um dos 47 túmulos do início da Idade Média escavados antes de uma construção na cidade de Grenchen, no norte da Suíça. Ele foi enterrado de acordo com as tradições romanas, em um túmulo revestido e coberto de pedras, com seus pés apontados para o norte.

Com base em seus restos mortais, os pesquisadores determinaram que Adelasius tinha entre 19 e 22 anos de idade e media cerca de 1,65 metros. Ele sofria de osteomielite crônica, uma infecção óssea, e deficiência de vitaminas — dois fatores que provavelmente ocasionaram sua morte precoce. Seu túmulo revestido de pedra pode indicar uma classe social mais alta do que a do restante das pessoas que viviam em Grenchen na época.

Adelasius foi enterrado em um túmulo revestido com pedras, o que pode indicar que pertencia a ...
Adelasius foi enterrado em um túmulo revestido com pedras, o que pode indicar que pertencia a uma classe social alta.
Foto de Department of Archaeology of the Canton Solothurn, Switzerland

Quando Oscar Nilsson, arqueólogo e reconstrutor facial, foi contratado para reconstruir o rosto de Adelasius Ebalchus, ele ficou impressionado não apenas com a qualidade do crânio impresso em 3D com o qual iria trabalhar, mas também com o estado da arcada dentária do modelo histórico.

"Nunca vi dentes tão alinhados ou perfeitos", afirma Nilsson, que já reconstruiu rostos de esqueletos do período Paleolítico. "Não é um caso comum para mim. Normalmente, preciso começar reconstruindo os dentes, olhando o que há em volta deles".

Nilsson sabia que deveria destacar os dentes de Adelasius e decidiu que o rosto reconstruído estaria sorrindo — uma decisão que não foi fácil.

Ao reconstruir rostos — especialmente para casos judiciais — não é aconselhado reconstruí-los sorrindo, afirma Nilsson. Isso gera uma distração em relação ao impacto físico geral da reconstrução, explica ele, e cria "uma suposição inconsciente de que era uma pessoa feliz".

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    Uma cópia 3D de seu crânio foi utilizada como base para a reconstrução facial. Adelasius tinha ...
    Uma cópia 3D de seu crânio foi utilizada como base para a reconstrução facial. Adelasius tinha dentes bons, o que era incomum na época.
    Foto de Department of Archaeology of the Canton Solothurn, Switzerland

    "Não quero descrever uma personalidade que não conheço", afirma ele. "Entretanto, ao mesmo tempo, preciso criar um rosto que dê a impressão de que a pessoa já esteve viva e que possui uma alma".

    Nilsson já trabalhou em indivíduos de diversas regiões e épocas, mas um suíço do início da Idade Média foi inédito para ele. "É bastante interessante e ao mesmo tempo muito pouco explorado. Espero que consiga ajudar a desvendar alguns mistérios desse período da história".

    Adelasius será exibido no Museu Kultur-Historischen de Grenchen até o início de junho e, em novembro, será colocado em exibição permanente no Museu de Arqueologia do Cantão de Soleura em Olten.

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