Por que o Ramadã é o mês mais sagrado na cultura islâmica

O avistamento da lua crescente marca o início do Ramadã, momento de piedade e autorreflexão para os muçulmanos em todo o mundo.

Um palestino ora na Grande Mesquita de Gaza durante o mês sagrado do Ramadã na Cidade de Gaza.

Foto de Ali Jadallah, Anadolu Agency, Getty
Por Eslah Attar
Publicado 14 de abr. de 2021, 11:30 BRT

Todos os anos, muçulmanos do mundo inteiro esperam pelo avistamento da lua crescente, que estabelece o primeiro dia oficial do Ramadã, o nono mês do calendário islâmico e o mês mais sagrado da cultura islâmica.

O início do Ramadã varia a cada ano porque o calendário lunar islâmico segue as fases da lua. O início e o fim do Ramadã são definidos por uma comissão de avistamentos lunares na Arábia Saudita. O mês sagrado começa no dia seguinte ao avistamento da lua crescente, que nem sempre está acessível, pois sua aparição é bem sutil e dura apenas cerca de 20 minutos. Se a lua não fica visível a olho nu devido à neblina ou às nuvens, são realizados cálculos lunares para prever se ela está no céu. Este ano, o Ramadã foi iniciado em 13 de abril e irá terminar em 12 de maio com celebrações do Eid al-Fitr.

MESQUITA AZUL

Construído no início do século 17, o edifício mais fotogênico de Istambul recebe esse nome por causa dos azulejos azuis que adornam seu interior.

Foto de Keith Arnold, Getty Images

Origem do Ramadã

O Ramadã, um dos meses do calendário islâmico, também fazia parte dos antigos calendários árabes. O nome do Ramadã deriva da raiz árabe “ar-ramad”, que significa “calor escaldante”. Os muçulmanos acreditam que, em 610 d.C., o anjo Gabriel apareceu ao profeta Maomé e revelou a ele o Alcorão, o livro sagrado do Islã. Acredita-se que essa revelação, Laylat Al Qadar — ou a “Noite do Poder” — tenha ocorrido durante o Ramadã. Os muçulmanos jejuam durante esse mês como forma de comemorar a revelação do Alcorão.

O Alcorão possui 114 capítulos e é considerado como a palavra vinda diretamente de Deus, ou Alá. Já o Hádice, um livro que contêm relatos dos companheiros de Maomé sobre sua filosofia e suas obras, complementa o Alcorão. Juntos, Alcorão e Hádice formam os textos religiosos do Islã.

O mês de observância

Durante o Ramadã, os muçulmanos têm como objetivo crescer espiritualmente e fortalecer a comunhão com Alá. Para isso, os fiéis praticam oração e recitação do Alcorão, ações conscientes e altruístas e a renúncia de qualquer tipo de difamações, mentiras e discórdias. 

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    Adoradores muçulmanos oram perto da Cúpula da Rocha na Mesquita Al-Aqsa de Jerusalém durante o Ramadã.

    Foto de Muammar Awad Xinhua, Eyevine, Redux

    Ao longo do mês, os muçulmanos jejuam, evitando beber e ter relações sexuais entre o nascer e o pôr do sol. O jejum é obrigatório para todos os muçulmanos, exceto para mulheres grávidas ou em período menstrual, pessoas doentes, viajantes ou idosos. Os dias de jejum que não tiverem sido cumpridos durante o Ramadã, podem ser cumpridos durante o restante do ano, tanto seguidamente como em dias avulsos.

    As refeições são oportunidades para os muçulmanos se reunirem com outras pessoas da comunidade e realizarem o jejum juntos. O chamado Suhur é uma refeição feita de madrugada, geralmente às 4h, antes da oração do Fajr, que é a primeira oração do dia. O Iftar, refeição da noite, pode começar assim que a oração do pôr do sol, Maghrib, terminar — normalmente por volta das 19h30. Como o profeta Maomé quebrou seu jejum com tâmaras e um copo d'água, os muçulmanos comem tâmaras tanto no Suhur quanto no Iftar. Alimento básico do Oriente Médio, a tâmara é rica em nutrientes, tem fácil digestão e fornece açúcar ao organismo após um longo dia de jejum.

    Após o último dia do Ramadã, os muçulmanos celebram seu fim com o Eid al-Fitr - o “festival de quebra de jejum” - que começa com orações comunitárias ao amanhecer. Durante três dias de festa, os participantes se reúnem para orar, comer, trocar presentes e prestar homenagem aos parentes falecidos. Algumas cidades também recebem eventos festivos e grandes reuniões de oração.

    Esse ano, a pandemia de coronavírus prejudicará a observância do Ramadã em todo o mundo, fazendo com que mesquitas fechem e interrompendo os planos de reuniões tradicionais de Suhur e Iftar. Mas, embora as celebrações devam ser moderadas esse ano, o espírito dessa tradição com séculos de história permanecerá o mesmo para muitos como um momento de piedade e autorreflexão.

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