Como Paris quer acabar com o cheiro de xixi
A cidade das luzes quer acabar com o problema da urina em vias públicas.
Esta reportagem está na edição de novembro da revista National Geographic.
Além da culinária requintada e da moda elegante, há outro aspecto tradicional de Paris que é bem menos agradável para moradores e turistas. Desde antes da época de Napoleão, no princípio do século 19, a Cidade Luz vem combatendo a malcheirosa praga dos pipis sauvages, a prática de urinar em locais públicos. Embora muito difundida, trata-se de algo ilegal. Mas isso não parece ter evitado os jorros de urina que escorrem por ruas e postes e regam vasos de plantas.
O que a prefeitura pode fazer? Bem, tentar transformar esses delitos menores em algo similar a um serviço público. No início deste ano, com a ajuda da agência de design Faltazi, as autoridades parisienses resolveram testar a instalação de mictórios públicos. Batizado de Uritrottoir (“mictório de calçada”), o receptáculo é preenchido com palha ou serragem tratadas a fim de neutralizar o odor. Quando chega ao seu limite, depois de cerca de 200 xixis, um sensor alerta para que se esvazie o conteúdo, que é então levado a um ponto de compostagem, tornando-se insumo de plantas. “Apenas de flores”, diz Laurent Lebot, um dos criadores do Uritrottoir. “Nunca de frutos ou hortaliças.” A Faltazi está testando dois modelos numa das estações ferroviárias de Paris, a Gare de Lyon. Restam dúvidas: as pessoas vão de fato usar o mictório? Se funcionar para os homens, seria possível projetar um modelo feminino discreto?
Não são equipamentos baratos: cada um custa uns 5 000 dólares, fora a manutenção. E podem estimular mais pipis públicos, e não menos. Mas, e se o resultado for espargir pelas ruas parisienses um aroma apenas de pão fresco, e não o odor acre de urina? Mais oui. Aí sim.