Esta comunidade costeira está sendo engolida pelo oceano

O aumento do nível do mar está forçando os moradores dos Outer Banks, nos EUA, a lidarem com os impactos das mudanças climáticas.

Por Sarah Gibbens
Publicado 6 de jul. de 2018, 12:39 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
A areia invade o agora demolido Beacon Motor Lodge, em Nags Head, na Carolina do Norte. ...
A areia invade o agora demolido Beacon Motor Lodge, em Nags Head, na Carolina do Norte. Os motéis à beira-mar já marcaram a paisagem, mas não conseguiram competir com propriedades pessoais alugadas por proprietários individuais.
Foto de John Tully

LENTAMENTE, os Outer Banks da Carolina do Norte, nos EUA, estão sendo engolidos pelo mar.

O trecho de 300 quilômetros de ilhas próximo à costa é conhecido por suas praias idílicas e turismo próspero, mas os cientistas dizem que essas praias estão em risco. O aumento do nível do mar está forçando os moradores a lidar com o fato do chão estar desaparecendo sob os seus pés.

Um relatório de 2010 previu que os níveis do mar ao redor da Carolina do Norte poderiam subir 1 metro até 2100, à medida que as mudanças climáticas derretem as geleiras e contribuem para o aumento do nível do mar globalmente. Já o Departamento de Qualidade Ambiental da Carolina do Norte diz que cerca de 2 metros de área costeira é consumida pelo mar todos os anos.

A ascensão do mar está fazendo com que as áreas, historicamente instáveis, sofram ainda mais erosão. Os Outer Banks estão deslocando os bancos de areia que naturalmente se dirigem para a costa. Cada vez que uma tempestade causa um deslizamento de terra, a água do mar esculpe entradas e deposita a areia, espalhando-a em um lado da ilha quando o outro lado vai desaparecendo – é como uma roda girando lentamente.

Esse lento movimento promete causar impactos na paisagem e nas pessoas que moram lá.

“A vida continua, as pessoas estão se adaptando a essa nova realidade”, diz o fotógrafo John Tully.

Buscando um recomeço em 2015, Tully se mudou para os Outer Banks e passou dois anos documentando a lenta movimentação das ilhas no mar. Suas fotos mostram a mudança da paisagem física e as pessoas se adaptando a ela. Nas estradas próximas da costa, as tempestades carregam tanta areia que chegam a esconder a pista.

Quando o Cais de Pesca de Cape Hatteras foi inaugurado, em 1962, ele tinha 6 metros de largura e 150 metros de comprimento. Anos de tempestades danificaram o local, obrigando que o mesmo fosse fechado para o público em 2010, quando o furacão Earl atingiu a Carolina do Norte.
Foto de John Tully

A estrada 12, a principal via que corta os Outer Banks, é limpa e reparada regularmente. Muitas casas foram reforçadas com estacas, e algumas foram recolhidas e deslocadas para o interior das ilhas.

Para alguns desses moradores, a maior preocupação é perder uma casa de veraneio, mas outros moradores temem perder laços familiares profundos com a região. Em algumas partes da ilha, a água do mar já inundou cemitérios, e ameaça eliminar diversas gerações das ilhas.

A população da Carolina do Norte vem debatendo a melhor maneira de abordar a invasão da água do mar. Alguns têm pressionado para tornar o aumento do nível do mar um fator importante no planejamento e desenvolvimento. Outros pressionaram por uma legislação que rejeite essas alegações. Tully diz que aqueles que vivem nos Outer Banks compartilham um senso de comunidade sabendo que todos enfrentam essas águas juntos.

"Se eles soubessem o que fazer, eles fariam", diz ele, mas por enquanto, a comunidade segue dividida aguardando uma solução para conter a maré.

A areia soprada pelo vento na Cape Hatteras National Seashore é responsável pelo contante fechamento e manutenção de estradas. A rodovia é uma via norte-sul vital e conecta as comunidades das ilhas. À medida que a terra se estreita, no entanto, os custos de manutenção e reconstrução da estrada aumentam. Na cidade de Kitty Hawk, esta mesma seção da estrada entrou em colapso duas vezes em 2015, levando a colocação de uma parede de sacos de areia de 300 metros. Os valores gastos com manutenção e reparos já ultrapassaram US$ 104 milhões.
Foto de John Tully
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