Veja como a erupção de um vulcão está reconfigurando a paisagem do Havaí

A contínua erupção do Kilauea fez surgir inclusive uma pequena ilha por um breve período de tempo.

Por Alejandra Borunda
Publicado 25 de jul. de 2018, 15:36 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
A erupção do Kilauea formou brevemente esta pequena ilha na costa do Havaí.
Foto de Cortesia U.S. Geological Survey

A contínua erupção do vulcão Kilauea fez surgir uma pequena adição à cadeia de ilhas do Havaí. Uma pequena ilhota, de apenas seis a nove metros de ponta a ponta, apareceu na costa da Grande Ilha do Havaí, e parecia estar pronta para se aventurar sozinha no grande Pacífico azul.

Mas a ilhota não durou muito tempo. Em apenas alguns dias, uma nova torrente de lava preencheu a lacuna entre a costa e a pequena ilha, transformando-a em um istmo.

A breve existência da ilha é apenas o último acontecimento de um antigo drama: a história de milhões de anos da origem das ilhas havaianas. Entenda como o arquipélago cresceu e como a atual erupção vem modelando a topografia do Havaí, a maior e mais jovem ilha da cadeia.

Elas vêm das profundezas

O primeiro indício da primeira ilha do Havaí surgiu através do leito oceânico há mais de 60 milhões de anos. Um chafariz de rocha quente e derretida, ou magma, direto das profundezas do manto foi ejetado verticalmente até que a lava subisse em bolhas pelo mar. O novo monte de rocha aquecida continuou crescendo poucos centímetros a cada ano até que, 50 ou 100 mil anos depois, rompeu a superfície do Oceano Pacífico. E, assim, nasceu uma ilha.

O magma vem de “pontos quentes” nas profundezas do manto terrestre. Os pontos quentes parecem fixos em seus lugares, fervendo como uma chaleira incessante que jorra jatos contínuos de magma que ascendem à superfície da Terra.

Mas as placas tectônicas apoiadas sobre o manto se movem lentamente conforme um cronograma geológico, deslocando-se, atualmente, alguns centímetros na direção noroeste a cada ano. Com o movimento das placas, elas arrastam as ilhas para longe de sua fonte de magma sob a superfície. E é nesta ocasião em que os vulcões das ilhas se tornam extintos.

Algumas ilhas mais antigas do Havaí, como Kauai e Ni’ihau, costumavam estar posicionadas onde o Kilauea se encontra hoje, há aproximadamente cinco milhões de anos. As ilhas mais antigas de todo o longo arquipélago, ou ao menos aquelas que ainda estão sobre a superfície do oceano, a quase cinco mil quilômetros a noroeste, nasceram há cerca de 60 milhões de anos.

A Ilha do Havaí aumenta

A Grande Ilha do Havaí é a ilha mais jovem do arquipélago, ao menos entre aquelas sobre a superfície. Lo’ihi, uma ilha em andamento que cresce na costa sul da Grande Ilha do Havaí, ainda está submersa, devendo emergir em aproximadamente 10 mil anos.

A Ilha do Havaí foi erguida por cinco vulcões diferentes. Dois deles se afastaram o suficiente da fonte de magma para se tornarem extintos, deixando três de seus companheiros ainda ativos: Mauna Loa, que entrou em erupção pela última vez em 1984, Hualalai, que entrou em erupção pela última vez em 1801, e o atual centro das atenções, Kilauea.

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    O vulcão entrou em erupção em 3 de maio, mas a lava continua a escorrer.

    O Kilauea está em erupção quase que constantemente desde 1983, às vezes de maneira explosiva, jorrando nuvens de cinza e lava alto na atmosfera e, às vezes, de maneira efusiva, fluindo como uma sopa de rocha líquida. O derramamento de magma foi tanto por entre as diferentes fissuras ao longo das laterais do vulcão que quase tudo visível na superfície tem menos de mil anos, um estalar de dedos em tempo geológico.

    Mas a erupção que começou em maio é “inédita nos tempos modernos”, disse Tina Neal, cientista responsável pelo Observatório de Vulcões do Havaí, ao programa Hawaii News Now.

    A lava começou a fluir no centro de um empreendimento residencial chamado Leilani Estates, em ahupua’a (uma tradicional divisão de regiões) em Keahialaka. Andrew Hara, fotógrafo nativo da ilha, estava a caminho do empreendimento quando ouviu a crepitação e sentiu o odor forte de gás, e começou a tirar fotos.

    No decorrer dos meses seguintes, Hara tirou fotos do vulcão em seu ciclo de diferentes ânimos, documentando o impacto de sua erupção na comunidade e as mudanças físicas da própria ilha.

    Agora, quase três meses depois, o vulcão não mostra sinais de que pretende desacelerar.

    Recentemente, a erupção como um todo ejeta de 50 a 100 metros cúbicos de lava por segundo, o suficiente para encher um container em menos de um único segundo, diz Janet Babb, geóloga do Observatório de Vulcões do Havaí.

    “Em alguns lugares, a lava corre a 40, 50 quilômetros por hora”, diz Hara. “Não seria possível dirigir um carro rápido o suficiente para escapar dela”. E quando o rio de lava chega ao oceano, ele vaporiza e efervesce, produzindo explosões ocasionais que jorram bombas de lava a mais de 30 metros no ar.

    “A água do mar se transforma em vapor ao entrar em contato com a lava a 1.000ºC”, explica Babb.

    O contato com a água também esfria a lava, transformando-a em novas estruturas rochosas, como o pequeno e novo istmo. Em algumas semanas, todo o complexo pode ser engolido por uma nova camada de lava, adicionando-a à inevitável expansão das costas do Havaí.

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