Flor considerada extinta redescoberta no Havaí por meio de drones

Uma rara flor que habita penhascos e tida como exterminada foi encontrada por cientistas em Kauai.

Por Kristen Pope
Publicado 25 de abr. de 2019, 11:17 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Pesquisadores do Jardim Botânico Tropical Nacional redescobriram a planta nativa havaiana Hibiscadelphus woodii.
Pesquisadores do Jardim Botânico Tropical Nacional redescobriram a planta nativa havaiana Hibiscadelphus woodii.
Photo Courtesy of Ken Wood, National Tropical Botanical Garden

Os paredões remotos e escarpados dos penhascos do Vale Kalalau, em Kauai, no Havaí, são praticamente inacessíveis ao homem. Por décadas, pesquisadores do Jardim Botânico Tropical Nacional (NTBG) em Kauai acessaram esses penhascos por trilhas em traiçoeiras cadeias de montanhas e descendo de rapel paredões verticais de penhascos, explorando cada esconderijo atrás de plantas raras nativas. Mas agora eles têm uma nova ferramenta para ajudá-los: os drones.

No fim de janeiro, um voo de drone fez uma descoberta surpreendente: a Hibiscadelphus woodii, uma prima do hibisco vista pela última vez em 2009 e considerada extinta, ainda crescia no desfiladeiro.

A espécie foi descoberta em 1991, batizada em 1995 e considerada extinta em 2016. Ela tem flores de coloração forte amarela, que mudam para um tom arroxeado com o tempo. Os pesquisadores acreditam que ela é polinizada por pássaros nativos. Embora os cientistas tenham recorrido à polinização cruzada, enxertia e estaqueamento apical para propagar a planta, todas as tentativas foram infrutíferas.

O voo do drone de janeiro captou uma imagem que se acredita ser a H. woodii, enfiada em um canto. Em fevereiro, eles iniciaram outra missão para confirmar o que viram, levando um drone às coordenadas de GPS originais e fazendo novas imagens, que revelaram três plantas H. woodii individuais no desfiladeiro.

“Esperávamos encontrá-la florida, mas não estava florescendo nessa época”, afirma Ben Nyberg, especialista em drone do NTBG.

Botânica aérea

Nyberg pilotou o drone que fez a descoberta. Ele utiliza um sistema quadriculado para a varredura dos penhascos, além de sua intuição para definir em quais fragmentos procurará. Nyberg reúne pontos de GPS e marca atributos como a elevação para que as plantas possam ser encontradas novamente.

Contudo, ainda que soubessem onde estão as plantas, alcançá-las não é tarefa fácil. As três plantas H. woodii  estão em um local tão perigoso e de difícil acesso (cerca de 150 a 180 metros abaixo do cume das montanhas) que ninguém ainda consegue chegar ao local.

“Pensamos na possibilidade de transportar alguém para lá, mas esse segmento do penhasco é tão íngreme e tão baixo que não temos certeza de que haveria espaço suficiente para caber um helicóptero”, afirma Nyberg. “Seria muito difícil e perigoso chegar apenas até o topo do penhasco e depois ainda seria necessário fazer rapel até o local.”

No entanto, eles esperam que a nova tecnologia possa ajudar com esse dilema. Atualmente, estão pesquisando um drone capaz de coletar partes cortadas de plantas e esperam empregar essa nova tecnologia para ter maior acesso às plantas do desfiladeiro. O NTBG usa drones há aproximadamente dois anos e meio na região, que é conhecida como hotspot de biodiversidade (ponto abundante de biodiversidade).

Mais descobertas ocultas?

“Nas últimas décadas, os botânicos do NTBG descobriram 11 espécies vegetais novas para a ciência ao redor dos escarpados penhascos Kalalau de Kauai,” afirma Kenneth R. Wood, biólogo pesquisador do NTBG. “Em uma análise da diversidade da flora nas ilhas do Havaí, nenhum outro vale se compara a Kalalau em número de espécies únicas. O vale de Kalalau possui ainda a maior quantidade de espécies de plantas ameaçadas, estando 51 atualmente na lista federal de espécies ameaçadas.”

A recente redescoberta da H. woodii pelo drone deixa os cientistas animados com o potencial de essa tecnologia encontrar novas espécies — e redescobrir outras consideradas extintas — em regiões ainda mais remotas e traiçoeiras.

“Acredito que existam possibilidades infinitas”, afirma Nyberg. “Há tantos usos diferentes para essa tecnologia em tantas áreas diferentes.”

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