Poluição do ar associada a transtorno bipolar e depressão

Novo estudo aponta para pesquisa mostrando uma ligação entre poluição e saúde mental precária.

Por Sarah Gibbens
Publicado 27 de ago. de 2019, 09:19 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Homem pesca próximo a usina de carvão DTE, em Detroit, nos EUA.
Homem pesca próximo a usina de carvão DTE, em Detroit, nos EUA.
Foto de Ami Vitale, Nat Geo Image Collection

A poluição do ar tem um enorme impacto em nossa saúde. A Organização Mundial da Saúde a associa com doenças mortais como câncer de pulmão e derrame, e uma nova pesquisa sugere que regiões poluídas têm mais casos de doenças neurológicas como depressão e transtorno bipolar.

Nos Estados Unidos, cientistas encontraram cidades com a pior qualidade do ar, indicada pela Agência de Proteção Ambiental, que tiveram um aumento de 27 por cento em transtornos bipolares e 6 por cento em depressão, quando comparadas com a média nacional.  

O geneticista da Universidade de Chicago e autor do estudo, Andrey Rzhetsky, tem o cuidado de observar que a pesquisa não prova definitivamente que a poluição do ar causa doenças mentais, mas diz que isso mostra onde alguém pode estar mais em risco.

Estudos similares em Londres, na  China, e na  Coreia do Sul  encontraram uma ligação parecida entre lugares poluídos e saúde mental precária.

Rzhetsky diz que seu estudo mostra que, nas cidades nos Estados Unidos onde a poluição cresce, transtornos neurológicos cobram seu preço.

Forte poluição na Índia causa engavetamento.
Uma forte poluição cobria o norte da Índia, excedendo 10 vezes o limite recomendado. A baixa visibilidade da poluição causou um engavetamento de 18 carros a cerca de 48 quilômetros de Nova Deli. Respirar o ar poluído foi comparado a fumar 50 cigarros em um dia. Temperaturas frias e ventos lentos foram os responsáveis pelo aumento perigoso da poluição.

Mapeando a poluição

Os pesquisadores observaram dados dos Estados Unidos e da Dinamarca para estabelecer a conexão.

Nos Estados Unidos, eles primeiro analisaram 11 anos de dados de seguros de saúde de 151 milhões de pessoas que registraram casos de quatro doenças psiquiátricas: transtorno bipolar, depressão grave, transtorno de personalidade e esquizofrenia. Também analisaram casos de epilepsia e de doença de Parkinson.

Depois, examinaram dados da Agência de Proteção Ambiental sobre ar, água e qualidade do solo por cidade e viram onde os pedidos de seguro saúde e taxas de poluição intensa se sobrepunham. Poluição do ar e transtorno bipolar apareceram como a sobreposição mais forte.

Para reproduzir as descobertas dos Estados Unidos, os pesquisadores colaboraram com cientistas dinamarqueses para estudar o efeito da poluição na Dinamarca. Diferente dos americanos, os dinamarqueses não examinaram dados regionais, mas o quanto um indivíduo é exposto à poluição do ar durante a infância. Semelhante aos dados americanos, a exposição à poluição do ar foi associada com as taxas mais altas de transtorno bipolar e depressão.

“Essas descobertas acrescentam às evidências atuais de estudos prévios de uma possível ligação entre a poluição do ar e doenças psiquiátricas,” diz Ioannis Bakolis, epidemiologista da King’s College de Londres que não fez parte do estudo.

No entanto, ele diz que a base do estudo  dados em regionais tem muitas variáveis para afirmar conclusivamente que a poluição do ar possa estar causando transtorno bipolar e depressão.

Efeitos no corpo humano

Muito do que os cientistas sabem sobre como a poluição do ar afeta o cérebro é de estudos feitos com cachorros e roedores.  Um estudo feito em 2002 analisou o efeito que a poluição relacionada ao tráfego tem em cães selvagens. Foram observadas lesões pulmonares, nasais e cerebrais.

“O que acontece no cérebro é algo parecido com uma inflamação,” diz Rzhetsky. “Isso resulta em sintomas que se parecem com os de depressão [em cães].”

Em uma pesquisa publicada ano passado, cientistas em Beijing descobriram que inalar partículas de suspensão ‘rouba’ as habilidades das pessoas, levando a baixas pontuações em testes verbais e de matemática.

O autor do estudo, Xin Zhang, especulou na época  que a poluição estaria danificando a massa branca do cérebro.

Cérebro na natureza

Na Inglaterra, cientistas atualmente estão monitorando como a qualidade do ar da cidade pode estar afetando 250 crianças. Elas usarão mochilas com monitores de ar feitos pela Dyson que percebem quando e onde eles encontram maior poluição.

Funcionários municipais dizem que essa informação ajudará a melhorar a saúde pública.

Rzhetsky também espera que fatores de riscos ambientais também sejam seriamente observados por profissionais da saúde mental que tratam doenças neurológicas.

Usar um meio ambiente limpo para tratar esses transtornos seria o “santo graal”, ele diz.

Enquanto cientistas ainda tentam estabelecer uma ligação certa entre poluição e problemas de saúde mental, o benefício psicológico de estar natureza  já foi firmemente estabelecido: quando passamos tempo na natureza – seja em áreas selvagens ou em um parque da cidade – nós fazemos um favor aos nossos sobrecarregados cérebros.

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