O caminho de Jane Goodall até os chimpanzés

Assista ao documentário Jane: A Mãe dos Chimpanzés, sábado, 10, às 20h15, no canal National Geographic.

Apenas uma pequena bolsa de viagem com um bloco de notas, uma caneta esferográfica para a estação chuvosa e um lápis para o período mais seco. Junto a binóculos, sem grande alcance, e um plástico bem dobrado para usar em caso de chuva. Esses elementos faziam parte do kit-explorador de Jane Goodall, em sua primeira expedição a Gombe, há mais de 60 anos.

Com uma paciência quase imperturbável, ela espera pelos ajustes de luzes, câmeras e microfones. Cinco minutos bastaram para que Jane começasse a ser entrevistada. "Eu gosto de dizer que só preciso de um take", comenta Jane, enquanto espera que a equipe de gravação se estabeleça.

"Todos meus amigos próximos sabiam que eu faria essa viagem. Eles sabiam que esse era o meu destino, então, ninguém ficou surpreso. Minha família me apoiou. Apenas alguns cientistas ou diretores da escola achavam que eu era louca", lembra sobre a reação de seus colegas, quando contou que iria em uma expedição para a África.

A primeira vez que Jane chegou à África foi em 1957, aos 23 anos. Naquela época, a ida era de barco, uma jornada que não poderia ser feita através do Canal de Suez, devido ao conflito entre o Reino Unido e o Egito. "Esta viagem emocionante eu fiz sozinha e tive a oportunidade de conhecer o Dr. Louis Leakey. Voltei para a Inglaterra porque esperava obter novos fundos ", lembra Jane.

Não demorou muito e o dinheiro para retomar a exploração surgiu, mas, dessa vez, com uma particularidade. "Apareceu esse requisito em que 'Jane' precisava de um companheiro. Não foi eu que convenci minha mãe a me acompanhar, mas Louis Leakey, porque queria alguém que não competiria comigo. E ele sabia perfeitamente que essa mãe extraordinária e encorajadora não deixaria de me apoiar no que Leakey achava que seria um momento muito difícil.

"Até onde sei, ela aceitou me acompanhar desde o início", diz sobre a decisão de sua mãe. Jane geralmente diz que ela era a mais corajosa das duas. "Eu estava vivendo meu sonho na selva. Mas também havia escorpiões, centopeias e cobras que não me incomodavam, mas à minha pobre mãe..."

As memórias alegres de sua mãe marcam Jane, que também compara com a relação da maternidade nos animais estudados. "Ela sempre esteve lá para me apoiar e aumentar minha moral. Mais tarde, eu aprendi que na sociedade dos chimpanzés também há mães boas e ruins. Como também há boas mães que protegem seus filhos, mas não as sufocam. E agora vemos novamente que, após tantos anos, é óbvio que as crianças das mães encorajadoras levam a vida melhor. É essa a importância dos primeiros anos de vida, seja um humano de um chimpanzé ", diz a primatóloga.

Em sua primeira semana em campo, Jane teve de enfrentar a dificuldade de não conseguir se aproximar dos chimpanzés. Foi sua mãe quem reparou, desde seu lugar de observação, que os chimpanzés viajavam, em pequenos ou grandes grupos, além de descobrir o que comiam ou como dormiam. "Mas, ao mesmo tempo, eu sabia que, se eu não chegasse perto, não conseguiria reconhecer [os chimpanzés] como indivíduos e a pesquisa não faria sentido. Meu sonho terminaria e, em segundo lugar, decepcionaria Louis Leaky, que me ofereceu uma oportunidade. Mas nunca pensei em desistir porque nunca desisti, acho que sou teimosa", Jane conclui sorrindo.

Assista ao documentário Jane: A Mãe dos Chimpanzés, sábado, 10, às 20h15, no canal National Geographic.