Explorer Investigation: México é um dos países mais perigosos do mundo para jornalistas
Novo episódio da série investiga como o país da América Latina está enfrentando os ataques à liberdade de expressão.
O quarto episódio da série Explorer Investigation, parceria da National Geographic com a Vice, mostra por que o México é considerado um dos países mais perigosos do mundo para exercer o jornalismo. Tomando como ponto de partida o assassinato do jornalista Javier Valdez, caso que foi um divisor de águas ao chamar a atenção internacional e colocar em alerta a sociedade mexicana, o repórter David Hiriart indaga como é ser jornalista nas zonas mais perigosas do país e quais são os riscos aos quais os jornalistas estão expostos de maneira permanente. Liberdade de Expressão estreia na sexta-feira (28/09), no Youtube, no Nat Geo App e Fox App.
Em Culiacán, uma das cidades icônicas do narcotráfico no México, David acompanha o repórter Enrique Martínez na cobertura das notícias policiais e sente o perigo latente de exercer o jornalismo em uma das cidades mais violentas do México. Martínez explicará como são os protocolos de segurança que os jornalistas como ele têm tido que adotar ao enfrentar os riscos impostos por grupos criminosos que dominam tudo através de suas ameaças.
Ainda em Culiacán, David se une a centenas de pessoas que homenageiam o jornalista Javier Valdez, assassinado em 15 de maio de 2017, fato considerado uma advertência dos cartéis sobre como se comportarão toda vez que não conseguirem controlar ou ditar uma linha editorial aos jornalistas. Mais tarde, David conversa com a viúva de Javier, Giselda Triana, para conhecer o lado íntimo da luta incessante de Javier por informar a verdade.
Ameaças
Na Cidade do México, David conhece Gildo Garza, repórter que, em 2017 e depois de ter recebido ameaças de morte cada vez mais violentas, decidiu deixar o estado nortista de Tamaulipas e refugiar-se na capital do país sob o sistema de proteção de jornalistas que o governo mexicano oferece. Garza relata suas duras experiências nas ocasiões em que foi intimidado, e conta que hoje sobrevive com sua família no que ele descreve como um “refúgio” e do qual não pode falar. Ele descreve ainda como as redações locais se encontram infiltradas por grupos criminosos que, ao buscar utilizá-los para enviar mensagens a políticos e a outros cartéis, pretendem ditar uma linha editorial aos jornalistas que estão ameaçados de morte.
Por último, David entrevista a jornalista Carmen Aristegui, para entender como funciona outro tipo de censura: a que vem diretamente do governo. Aristegui e sua equipe foram espionados e intimidados pelo governo mexicano depois de ter exposto casos de corrupção relacionados ao presidente Enrique Peña Nieto.
Perseguidos, espionados, desaparecidos e assassinados, existem jornalistas que decidem manter-se em um ofício que não paga os riscos aos que os expõe. No entanto, encontram razões urgentes para fazê-lo e não estão dispostos a dar-se por vencidos.
Saiba mais
- Em 2012, o México tornou-se o segundo país da América Latina a adotar um mecanismo especializado para a proteção de jornalistas em risco. O primeiro país foi a Colômbia, em 2000.
- Durante o governo de Felipe Calderón, de 2006 a 2012, a Artículo19 registrou mais de mil ataques contra jornalistas. A poucos meses de terminar o mandato de Enrique Peña Nieto, esse número quase dobrou.
- 48% dos ataques registrados contra jornalistas no México durante o mandato de Peña Nieto foram cometidos por funcionários públicos - ou seja, quase metade – enquanto menos de 10% dos ataques são relacionados ao crime organizado.
- Desde a sua criação em 2012, o Mecanismo de Proteção para Jornalistas já acolheu 380 comunicadores, 44% das pessoas ligadas a ele. Atualmente, 262 jornalistas recebem alguma medida de proteção.
- Em 2017, Cándido Ríos se tornou o primeiro jornalista assassinado após ser acolhido pelo Mecanismo de Proteção.