32 fotos incríveis de uma carreira vivenciada embaixo d’água

O fotógrafo David Doubilet quer impressionar as pessoas com suas imagens – e inspirar a conservação. Veja como nesta galeria retrospectiva.

Por Christina Nunez
Publicado 27 de jun. de 2018, 12:36 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT

Por mais de 40 anos, David Doubilet tem capturado o magnífico e o misterioso para a National Geographic como fotógrafo subaquático. Nesse tempo, ele capturou ambientes marinhos de vários lugares, da Tasmânia ao Canadá. Doubilet também é há muito tempo embaixador da Rolex.

Agora, no Ano Internacional dos Recifes de Coral, Doubilet está em uma missão de documentar os recifes de coral do mundo. Ele quer explorar alguns dos recifes mais remotos e mais críticos do planeta, em um momento em que eles estão encarando desafios e ameaças sem precedentes. Doubilet recentemente respondeu perguntas sobre seu trabalho na Polinésia Francesa, logo antes de uma missão para fotografar tubarões e corais no Atol Fakarava.

Você sabia desde jovem que queria tirar fotos subaquáticas. Como sua missão evoluiu?

Quando eu tinha 12 ou 13 anos, eu tinha certeza de que passaria boa parte da minha vida debaixo d’água. Comecei a mergulhar no Mar do Caribe com densos campos de corais Acropora palmata, muitas algas e peixes de coral. Era um oceano vasto, parecia um paraíso sem fim cheio de criaturas extraordinárias que ninguém conhecia.

Hoje, todo mergulho ainda é uma viagem de descoberta, mas agora tem uma diferença: uma urgência oculta em explorar um lugar, um organismo ou um ecossistema que pode desaparecer. O oceano pode ser vasto, mas é vulnerável. Nós exploramos menos de cinco por cento de nossos oceanos, mas nós pescamos, comemos ou sistematicamente destruímos quase 90% das espécies que vivem lá. Eu entro no mar agora para documentar a devastação e a beleza, para pedir por mudança e para dar uma sensação de esperança.

Qual é a importância da fotografia como ferramenta de conservação?

As fotos têm o poder de celebrar, educar, honrar, humilhar e iluminar. Pode ser um catalisador direto para a conservação de uma espécie ou de todo um ecossistema, inspirando muitos a vivenciarem pessoalmente o que é um lugar.

A National Geographic publicou uma história em janeiro de 1989 sobre mergulhadores nadando com sete raias que se acumularam sob pescadores limpando suas capturas no North Sound da ilha Grand Caiman. Depois de a história ser publicada, outros mergulhadores começaram a viajar para as Ilhas Cayman para ver e nadar com as raias. Esse encontro virou um dos mergulhos mais populares do planeta, agora algumas centenas de raias recebem milhares de turistas todos os dias. As raias passaram a ser protegidas, embaixadoras inestimáveis do oceano.

Quais são algumas das suas imagens favoritas, seja de uma perspectiva artística ou de conservação?

Uma imagem de sucesso transcende o jornalismo. Para proteger uma espécie ou ambiente, você precisa entender e se comover. Artisticamente, eu me sinto atraído por imagens de icebergs em cima e embaixo da água, porque são uma combinação de água, luz e gelo. Também são metáforas para o oceano, onde apenas uma pequena fração é visível aos olhos humanos. Eles também são um aviso sobre o aquecimento global, recuos glaciais e aumento do nível do mar.

Às vezes uma imagem de conservação tem a capacidade de chocar ou irritar, como o massacre dos golfinhos no Japão. O poder dessa imagem gera emoção e reação aos golfinhos presos e feitos de refém em seu próprio sangue.

O que você acha que mudou no seu trabalho conforme foi ficando mais velho?

A revolução digital foi ótima para os fotógrafos subaquáticos. Nós não ficamos mais limitados a 36 fotos por câmera – ficamos sem ar muito antes de ficarmos sem espaço para mais fotos. Trabalhamos em um ambiente desafiador, com pouca ou nenhuma luz, pouca visibilidade, correntes fortes e tempos limitados de mergulho, mas agora podemos olhar para nossas câmeras e começar a corrigir nossos erros instantaneamente.

Uma série de lentes customizadas me permitem capturar microimagens endoscópicas e imagens panorâmicas com ângulo muito aberto de navios naufragados ou recifes de corais que vibram com vida e cor. Nós temos capacidade de vídeo DSLR incorporada que nos permite adicionar textura e amplitude às nossas histórias. Hoje eu posso tirar fotos que antes, com o filme, eu só poderia sonhar.

Que tipo de reação você já recebeu pelo seu trabalho?

É uma sensação maravilhosa quando alguém diz: “suas fotos mudaram minha vida”, ou “suas fotos me influenciaram para virar mergulhador, fotógrafo, cineasta, cientista, ilustrador ou simplesmente entrar no oceano”.

Eu acredito firmemente que nós subimos nos ombros daqueles que vieram antes de nós. Fico feliz em saber que eu influenciei duas gerações de fotógrafos subaquáticos e ver esses novos fotógrafos subindo nos meus ombros e indo mais longe tecnicamente, cientificamente e artisticamente. Fico especialmente orgulhoso dos meus colegas da National Geographic Brian Skerry, Paul Nicklen, Thomas Peschak e Laurent Ballesta, que continuam a testar os limites como visionários subaquáticos. Estamos na linha de frente em uma batalha para proteger e preservar um mundo que está desaparecendo.

Tem lugares com os quais você tem uma ligação emocional mais forte?

Sou emocionalmente apegado a lugares diferentes por motivos diferentes. O Mar Vermelho, porque comecei minha carreira lá, o Triângulo de Corais, por causa da biodiversidade – mas sou especialmente apegado ao Parque Jardines de la Reina, em Cuba, um santuário marinho que lembra o Caribe intocado da minha juventude. Já tive encontros que mudaram minha vida com focas-harpas no mar de gelo do Canadá, uma espécie que se tornou o rosto da mudança climática para nós, nos levando novamente a documentar a luta dos filhotes de foca-harpa para sobreviver em um mundo de gelo instável.

Existe algum lugar, assunto ou característica que você ainda queira observar?

Na verdade, o oceano ainda é praticamente inexplorado. Espécies e ecossistemas estão desaparecendo antes que nós tenhamos uma chance de entendê-los e documentá-los. Eu quero identificar e documentar as áreas de maior biodiversidade marinha e aquelas sob maior ameaça.

Como desafio técnico, quero capturar um coral em nosso tempo, propriamente iluminar uma variedade de corais vibrantes e capturar as camadas complexas em escala real antes que sejam irreversivelmente degradados pela combinação de mudança climática e exploração excessiva. Mais importante, eu quero dar uma voz aos que não têm voz e continuar tirando fotos que fazem as pessoas se importarem, se apaixonarem e protegerem o mar.

Qual é a maior ameaça aos nossos oceanos?

Somos nós. Nossa ação ou falta de ação vai ditar o futuro dos nossos oceanos e, subsequentemente, o futuro do nosso planeta. Se os oceanos acabarem, nós acabamos.

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