Chão de sal – as cores e grafismos das salinas vistas do céu

Imagens aéreas do Rio Grande do Norte revelam paisagens coloridas, e um descaso com o meio ambiente

Por Renato Stockler
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Uma área de extração de sal mecanizada e industrial, às margens do Rio Apodi, em Mossoró. O relevo baixo e plano permite que as águas do mar avancem até 35 quilômetros para dentro do continente.
Foto de Renato Stockler

Quando criança, eu gostava de mergulhar de olhos abertos no mar, a fim de ter a sensação do sal nos olhos. Eu queria me colocar em um lugar desconfortável, onde não se enxerga com nitidez. Minhas lágrimas se fundiam com o mar; a água salgada podia ser o choro da Terra. Me intrigava o fato de aquela substância ter tanta importância para povos antigos nos seus rituais religiosos ou até mesmo no uso da salga como a única forma de preservar certos alimentos, como a carne.

Depois que me tornei fotógrafo, viajei por várias praias do Brasil, mas as perguntas sobre a origem do sal marinho ainda eram latentes. Até que, pesquisando o crescimento econômico do país entre os anos 2008 e 2012, tomei contato com algumas grandes obras de infraestrutura, entre elas a ampliação do Terminal Salineiro de Areia Branca, no Rio Grande do Norte.

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    O avanço da água do mar inunda tanques de formas variadas (acima). O clima da região é seco, com baixa pluviosidade e temperatura média anual de 27,3°C, o que contribui para os altos índices de evaporação.
    Foto de Renato Stockler

    Na busca por mais informações dos ciclos de crescimento da economia local, fiquei sabendo da existência de grupos extratores de sal marinho – áreas alagadas pela criação de canais e pelo bombeamento da água do mar para a sua evaporação, deixando como resíduo o sal e um forte impacto no ecossistema. Como dar a dimensão das grandes salinas e contar sobre a tradição e o conhecimento técnico da produção artesanal de sal? As fotos aéreas eram o melhor caminho.

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        O movimento dos ventos esculpe pequenos montes e forma longas trilhas de sal acumulado. A commodity, que já foi a mais valiosa do planeta, coloca hoje o Brasil na quinta posição do mercado produtor mundial.
        Foto de Renato Stockler

        A visão aérea permite contextualizar um ecossistema – e os impactos gerados pelas mudanças climáticas ou pela ação humana. Em contrapartida, o grafismo cheio de recortes autoriza que o fotógrafo desconstrua a visão documental estrita, ao misturar cenários e possibilidades de visualização múltiplas. Foi inevitável o meu encantamento com a vista dos céus: os pequenos recortes que parecem ser construídos de forma aleatória na paisagem se misturam a fim de gerar texturas próprias, em um ponto de vista que a visão horizontal jamais permitiria. Do alto, os tanques de extração se encaixam em um quebra-cabeça não linear, como se fossem paisagens cubistas.

        Confira a reportagem completa na edição de julho da National Geographic.

        Publicado por ContentStuf

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