Condições climáticas extremas ameaçam uma das cachoeiras mais impressionantes da Terra

As Cataratas de Victoria são uma das maravilhas naturais mais exuberantes do mundo — mas o que acontece quando a região fica mais seca e mais quente?

Por Amy McKeever
Publicado 23 de fev. de 2020, 08:30 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Homens mergulham em um poço no topo das Cataratas de Victoria.
Homens mergulham em um poço no topo das Cataratas de Victoria.
Foto de Annie Griffiths, Nat Geo Image Collection

AS CATARATAS DE VICTORIA SÃO uma das maiores e mais impressionantes cachoeiras do planeta.

Presente em toda a extensão do rio Zambeze — que tem mais de um quilômetro e meio —, a lendária queda se inicia na borda de um grande planalto de rocha vulcânica e possui até 107 metros de altura. Ela produz névoas que podem ser vistas a mais de 20 quilômetros de distância, e é por isso que os moradores locais a apelidaram de Mosi-oa-Tunya, ou “a fumaça que troveja”.

Mas, embora a cachoeira exista nesse planalto, localizado na fronteira entre a Zâmbia e o Zimbábue, há cerca de dois milhões de anos, mudanças extremas nos níveis de precipitação provocadas pelas mudanças climáticas ameaçam seu futuro.

As Cataratas de Victoria estão ficando mais secas e mais quentes. Ao passo que a região ainda receba aproximadamente a mesma precipitação anual, as chuvas estão concentradas em um período menor de tempo. As temperaturas também estão subindo — em um artigo de julho de 2018, o pesquisador sul-africano Kaitano Dube descobriu que a temperatura média diária em outubro foi 3,7 graus mais alta entre 1976 e 2017. No ano passado, a área sofreu a pior seca em um século, transformando as cataratas em um fio de água em dezembro.

Essas condições climáticas extremas ameaçam não apenas a grandeza das cataratas, mas também a saúde de seu ecossistema e a economia local. O jornal The Guardian relata que as recentes secas causaram cortes de energia nos dois países, que dependem da energia hidrelétrica gerada pela Represa Kariba, rio abaixo.

Águas que sustentam a vida

As névoas das Cataratas de Victoria sustentam um ecossistema semelhante a uma floresta tropical, que fica adjacente às cataratas, no penhasco oposto, como uma imagem espelhada só que sem água, repleta de árvores de mogno, figueiras, palmeiras e outras espécies da flora.

A fronteira entre a Zâmbia e o Zimbábue fica no meio do caminho, e cada país possui seu parque nacional em uma das margens do Zambeze. Os desfiladeiros e penhascos abaixo das quedas nesses parques representam um território profícuo para aves de rapina, incluindo falcões e águias.

Há muito tempo, os humanos também dependem das cataratas. Artefatos de pedra do hominíneo Homo habilis foram identificados perto das cataratas e mostram que os primeiros humanos podem ter vivido no local dois milhões de anos atrás. Outras ferramentas “modernas” também mostram evidências muito mais recentes — de 50 mil anos atrás — de assentamentos nas Cataratas de Victoria durante a Idade da Pedra.

Turismo moderno

Hoje, o turismo é essencial para impulsionar o crescimento econômico. Centenas de milhares de visitantes de todo o mundo viajam para as cataratas a cada ano. Hotéis, restaurantes, campings e outras empresas turísticas surgiram para atendê-los.

A beleza das cataratas reside no estado natural delas, mas a área corre certo risco de sofrer um desenvolvimento descontrolado baseado no turismo — mais resorts, hotéis e até uma possível barragem abaixo das cataratas que poderia inundar vários desfiladeiros do parque. Os operadores de turismo da região oferecem de tudo, desde sobrevoos de helicóptero a bungee jumping, e o controle dessas atividades, sem deixar de oferecer uma experiência de qualidade para todos, é um desafio constante.

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