Condições climáticas extremas ameaçam uma das cachoeiras mais impressionantes da Terra
As Cataratas de Victoria são uma das maravilhas naturais mais exuberantes do mundo — mas o que acontece quando a região fica mais seca e mais quente?
AS CATARATAS DE VICTORIA SÃO uma das maiores e mais impressionantes cachoeiras do planeta.
Presente em toda a extensão do rio Zambeze — que tem mais de um quilômetro e meio —, a lendária queda se inicia na borda de um grande planalto de rocha vulcânica e possui até 107 metros de altura. Ela produz névoas que podem ser vistas a mais de 20 quilômetros de distância, e é por isso que os moradores locais a apelidaram de Mosi-oa-Tunya, ou “a fumaça que troveja”.
Mas, embora a cachoeira exista nesse planalto, localizado na fronteira entre a Zâmbia e o Zimbábue, há cerca de dois milhões de anos, mudanças extremas nos níveis de precipitação provocadas pelas mudanças climáticas ameaçam seu futuro.
As Cataratas de Victoria estão ficando mais secas e mais quentes. Ao passo que a região ainda receba aproximadamente a mesma precipitação anual, as chuvas estão concentradas em um período menor de tempo. As temperaturas também estão subindo — em um artigo de julho de 2018, o pesquisador sul-africano Kaitano Dube descobriu que a temperatura média diária em outubro foi 3,7 graus mais alta entre 1976 e 2017. No ano passado, a área sofreu a pior seca em um século, transformando as cataratas em um fio de água em dezembro.
Essas condições climáticas extremas ameaçam não apenas a grandeza das cataratas, mas também a saúde de seu ecossistema e a economia local. O jornal The Guardian relata que as recentes secas causaram cortes de energia nos dois países, que dependem da energia hidrelétrica gerada pela Represa Kariba, rio abaixo.
Águas que sustentam a vida
As névoas das Cataratas de Victoria sustentam um ecossistema semelhante a uma floresta tropical, que fica adjacente às cataratas, no penhasco oposto, como uma imagem espelhada só que sem água, repleta de árvores de mogno, figueiras, palmeiras e outras espécies da flora.
A fronteira entre a Zâmbia e o Zimbábue fica no meio do caminho, e cada país possui seu parque nacional em uma das margens do Zambeze. Os desfiladeiros e penhascos abaixo das quedas nesses parques representam um território profícuo para aves de rapina, incluindo falcões e águias.
Há muito tempo, os humanos também dependem das cataratas. Artefatos de pedra do hominíneo Homo habilis foram identificados perto das cataratas e mostram que os primeiros humanos podem ter vivido no local dois milhões de anos atrás. Outras ferramentas “modernas” também mostram evidências muito mais recentes — de 50 mil anos atrás — de assentamentos nas Cataratas de Victoria durante a Idade da Pedra.
Turismo moderno
Hoje, o turismo é essencial para impulsionar o crescimento econômico. Centenas de milhares de visitantes de todo o mundo viajam para as cataratas a cada ano. Hotéis, restaurantes, campings e outras empresas turísticas surgiram para atendê-los.
A beleza das cataratas reside no estado natural delas, mas a área corre certo risco de sofrer um desenvolvimento descontrolado baseado no turismo — mais resorts, hotéis e até uma possível barragem abaixo das cataratas que poderia inundar vários desfiladeiros do parque. Os operadores de turismo da região oferecem de tudo, desde sobrevoos de helicóptero a bungee jumping, e o controle dessas atividades, sem deixar de oferecer uma experiência de qualidade para todos, é um desafio constante.