Como os cruzeiros estão se adaptando à covid-19 na era da Ômicron

A pandemia continua atrapalhando a indústria de cruzeiros. Veja como fazer se você planeja viajar de navio nos Estados Unidos.

Por Amy McKeever
Publicado 30 de jan. de 2022, 07:00 BRT, Atualizado 30 de jan. de 2022, 13:16 BRT
foto de passageiros carregando malas e desembarcando de navio de cruzeiro

Passageiros usando máscara desembarcam do cruzeiro AIDAnova e embarcam em um ônibus para o aeroporto de Lisboa, Portugal, em 3 de janeiro de 2022. A linha de cruzeiros alemã, de propriedade da Carnival, cancelou a viagem cinco dias antes do retorno a Hamburgo, na Alemanha, após 68 membros da tripulação e passageiros testarem positivo para Covid-19, apesar da exigência de vacina no navio.

Foto de Horacio Villalobos, Corbis/Getty Images

A pandemia está derrubando a indústria de cruzeiros mais uma vez.

No final de dezembro, apenas seis meses após os cruzeiros retomarem a navegação nos portos dos Estados Unidos, os casos de Covid-19 a bordo começaram a disparar – passando de 162 nas duas primeiras semanas do mês para 5 mil na segunda metade do mês. Como a diretora do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, Rochelle Walensky disse recentemente a deputados e senadores, foi um aumento de cerca de 30 vezes.

Nas semanas que se seguiram, o CDC alertou viajantes para evitar cruzeiros, mesmo que estivessem totalmente vacinados. Houve uma enxurrada de cancelamentos, incluindo várias viagens da Royal Caribbean e Norwegian Cruise Line, por causa de tripulantes que estavam doentes e destinos fechando seus portos para cruzeiros. Os navios que embarcam tiveram que tornar mais rígidos seus protocolos Covid-19 – que incluem a exigência de vacinação, testes e máscaras – e fazer alterações de itinerário de última hora.

Transportando mais de 2 mil passageiros, o navio de cruzeiro de luxo Cordelia Empress chega ao porto de Mumbai, na Índia, em 4 de janeiro de 2022, depois que um membro da tripulação testou positivo para Covid-19. Na era da Ômicron, com o avanço de casos, muitos cruzeiros tiveram que ajustar itinerários ou foram cancelados no meio da viagem.

Foto de Indranil Mukherjee, AFP/Getty Images

Para complicar ainda mais, a Ordem Condicional de Navegação do CDC – uma estrutura de procedimentos de segurança obrigatórios para navios de bandeira estrangeira em águas dos EUA – expirou em 15 de janeiro. Seguir essa orientação agora será opcional para navios de cruzeiro, o que significa que eles poderão traçar seu próprio curso de segurança.

Para as pessoas que planejaram suas viagens meses ou mesmo anos antes da chegada da Ômicron, essas circunstâncias de mudanças rápidas se mostraram quase impossíveis de lidar.

“As pessoas que viajam agora precisam ser muito flexíveis”, diz Chris Gray Faust, editora-chefe da publicação online do setor Cruise Critic. “Descubra o que sua linha de cruzeiro está exigindo. O que era a política de um mês atrás pode não ser a política de hoje.”

Então, como os viajantes podem entender tudo isso? Veja o que dizem os especialistas.

Como os protocolos da Covid-19 estão mudando?

Querendo se livrar de sua reputação inicial da pandemia como ‘transportadoras flutuantes de doenças’, as linhas de cruzeiro trabalharam com o CDC para instituir protocolos de Covid-19 bastante rigorosos a bordo – condição da agência para permitir que os navios saíssem dos portos dos EUA novamente. O CDC estabeleceu orientações para testar tripulantes e passageiros e como lidar com surtos. A maioria das linhas de cruzeiro também instituiu a exigência de vacinação.

Não vai mudar muito para os navios que participam do novo programa voluntário do CDC. Eles ainda relatarão os dados de Covid-19 à agência diariamente e seguirão regimes de testes específicos para passageiros e tripulantes. As linhas de cruzeiro também não poderão escolher quais protocolos seguir, diz o capitão Aimee Treffiletti, chefe da unidade marítima do CDC. Se eles optarem por participar, devem concordar com tudo.

A Norwegian Cruise Line já indicou que vai aderir ao programa do CDC. Brian Salerno, vice-presidente sênior de política marítima global da Cruise Lines International Association, espera que muitas empresas de cruzeiros participem. Ele argumenta que as linhas de cruzeiro, muitas vezes, foram além dos requisitos do CDC – instalando tecnologia de purificação de ar ou até mesmo laboratórios de testes PCR a bordo — e provavelmente não começarão a relaxar agora.

“É um imperativo comercial fazer isso direito”, diz Salerno. “Ninguém vai relaxar durante a Ômicron.”

Trata-se também de uma questão de imagem pública. O CDC planeja classificar por cores a situação de cada navio para que qualquer um possa verificá-la a qualquer momento. Os navios marcados em verde não têm casos relatados de Covid-19, enquanto os marcados em vermelho estão sob investigação do CDC. As linhas de cruzeiro que não fazem parte do programa voluntário serão marcadas em cinza. Esses navios podem ter seus próprios protocolos de saúde e segurança, mas não foram revisados pelo CDC.

“Ninguém quer ser marcado de cinza”, diz Salerno. “Obviamente, todo mundo quer ser verde.”

Mas com o aumento dos casos da Ômicron, por que o CDC está afrouxando o controle sobre a indústria de cruzeiros? Treffiletti diz que a agência está confiante de que identificou as melhores práticas para mitigar a transmissão a bordo de um cruzeiro – o que ela enfatiza que foi feito em parceria com linhas de cruzeiro. Agora, ela diz, o CDC decidiu flexibilizar sua autoridade regulatória “caso a caso, em vez de fechar todos os navios de cruzeiro de uma só vez”.

O CDC ainda poderá embarcar em qualquer navio em águas americanas e realizar inspeções, ressalta ela. Os navios que não estiverem participando do programa voluntário também terão que relatar todos os casos de Covid-19 – mas não todos os dias – e ainda estarão sujeitos à ordem da agência exigindo o uso de máscaras no transporte público.

Como funciona a exigência de vacinação?

A maioria das linhas de cruzeiro atualmente exige que todos os passageiros, incluindo crianças elegíveis, sejam totalmente vacinados (ou seja, duas doses de Pfizer ou Moderna, uma dose de Johnson & Johnson ou uma equivalente aprovada pela OMS). Salerno diz que as taxas de vacinação a bordo de navios de cruzeiro estão perto de 95% para passageiros e tripulantes.

Algumas empresas aceitam crianças que não foram vacinadas: a Royal Caribbean e a Carnival, por exemplo, exigem que todos os viajantes com mais de 12 anos sejam vacinados, enquanto passageiros mais jovens podem embarcar com teste negativo. A Disney Cruise Lines exige que todos com idade superior a cinco anos estejam vacinados. (A Walt Disney Company é a proprietária majoritária da National Geographic Partners).

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    Profissionais de saúde tratam um surto de coronavírus a bordo do Queen Elizabeth da Cunard, atracado em A Coruña, Galiza, Espanha, em 4 de janeiro de 2022.

    Foto de M. Dylan, Europa Press/Getty Images

    As linhas de cruzeiro também alinham suas políticas de vacinação com as de seus destinos. Assim, embora o Reino Unido considere as crianças totalmente vacinadas após apenas uma dose de uma vacina de mRNA, um navio que zarpe para o Caribe pode permitir apenas crianças que tomaram duas doses.

    Enquanto isso, à medida que a Ômicron se espalha, algumas linhas de cruzeiro começaram a exigir doses de reforço. A partir de 1º de fevereiro, a Viking exigirá que qualquer pessoa elegível para uma dose de reforço a tenha recebido pelo menos 14 dias antes de partir dos EUA. Além disso, o CDC recentemente enfatizou que estar “atualizado” nas vacinas inclui uma dose de reforço.

    A Ômicron é ainda mais transmissível do que a variante Delta – e melhor em evitar a imunidade da vacina. Mas, embora as vacinas não sejam mais tão eficazes para impedir que você seja infectado, elas ainda são a melhor proteção, diz Kathryn Willebrand, epidemiologista que recentemente publicou como coautora um estudo sobre a transmissão de Covid-19 a bordo de navios de cruzeiros com a médica de doenças infecciosas Lauren Pischel.

    Willebrand ressalta que as vacinas ainda são eficazes na prevenção de doenças graves – o que é especialmente importante no meio do oceano, em um barco cuja equipe médica pode estar sobrecarregada ou doente. “Você não quer precisar de cuidados médicos quando está longe de casa”, diz ela.

    Com que frequência você será testado?

    As linhas de cruzeiro exigem que passageiros e tripulantes façam testes antes de embarcar em um navio, embora os requisitos específicos sejam diferentes. Alguns aceitam apenas testes de PCR, enquanto outros aceitam os resultados de um teste rápido de antígeno – em alguns casos, somente se o teste for supervisionado por um profissional da saúde. E enquanto algumas empresas exigem que você faça o teste antes de sair de casa, outras administram testes no terminal antes do embarque.

    Os membros da tripulação geralmente são submetidos a testes de rotina durante a viagem porque são particularmente vulneráveis a infecções. Eles passam mais tempo no navio, em locais mais próximos, e tendem a ter mais interação com os outros. Mas os passageiros podem ser obrigados a fazer o teste antes de qualquer passeio em terra, se o porto de escala exigir ou se desenvolverem sintomas durante a viagem.

    Se você não tiver nenhum sintoma, geralmente não precisa ser testado antes de desembarcar do navio. Em vez disso, Treffiletti e o CDC recomendam fazer o teste cinco dias após sua viagem. No entanto, Gray Faust adverte que, se você for viajar de avião internacionalmente após desembarcar, seu destino final pode exigir um teste negativo – ou a linha de cruzeiro pode administrar testes a todos se houver um surto grave de Covid-19 a bordo.

    O que acontece se houver um surto?

    Ainda assim, a Covid-19 provou ser capaz de passar por cima desses protocolos, principalmente na época da Ômicron. Como a Covid-19 está no ar e os navios de cruzeiro são ambientes fechados, os barcos são ambientes de maior risco para transmissão, diz Willebrand. Milhares de pessoas passam por salas de jantar, cassinos e outras áreas onde partículas de vírus podem estar pairando no ar.

    Sob a orientação do CDC, as linhas de cruzeiro devem educar tanto a tripulação quanto os passageiros para identificar e relatar os sintomas da Covid-19. Se alguém a bordo desenvolve sintomas, a pessoa é testada e isolada até que saiam os resultados ou até que não esteja mais transmitindo. Aqueles que ainda estiverem itransmitindo no final de uma viagem geralmente são obrigados a ficar em quarentena em terra – e Treffiletti diz que o CDC pode trabalhar com linhas de cruzeiro para facilitar isso.

    Como os passageiros são vacinados, no entanto, os contatos próximos não precisam necessariamente ficar em quarentena, a menos que comecem a desenvolver sintomas. Gray Faust diz que as linhas de cruzeiro foram bem-sucedidas no rastreamento de contatos para notificá-los pelo mesmo motivo que os navios de cruzeiro são tão vulneráveis à transmissão – são comunidades fechadas.

    “Se você for a um restaurante e a pessoa ao seu lado estiver doente, você não saberá disso”, diz Gray Faust. “Mas em um navio, eles voltam e reencontram pessoas. Isso é algo que os navios de cruzeiro desenvolveram que realmente está além do que os outros tipos de viagem fazem.”

    Tudo isso depende do sistema de honra. Sempre há o risco de que seus colegas marítimos se recusem a cumprir os mandatos de máscara ou ocultem seus sintomas da tripulação para evitar a quarentena. As linhas de cruzeiro têm o poder de pedir a esses passageiros que desembarquem e voltem para casa às suas próprias custas.

    Ainda assim, essas regras nem sempre são aplicadas – e é por isso que os especialistas dizem que a decisão de zarpar, em última análise, se resume à própria tolerância ao risco.

    O que fazer para garantir uma viagem mais segura?

    Embora o CDC recomende que as pessoas evitem cruzeiros, Treffiletti diz que há algumas coisas que você pode fazer para ajudar a mitigar riscos se decidir viajar.

    Primeiro, antes de zarpar, verifique a tabela codificada por cores no site do CDC para ver se seu navio está participando do programa voluntário Covid-19 da agência. Nesse caso, você poderá ver se há algum surto a bordo. Se as coisas parecerem perigosas, a maioria das linhas de cruzeiro implementou políticas de remarcação e cancelamento bastante flexíveis.

    Se você está apenas reservando agora, pesquise os protocolos de cada linha de cruzeiro para ver se estão alinhados ao seu próprio nível de conforto. Gray Faust recomenda a compra de seguros para Covid-19 e cancelamentos – um custo extra que valerá a pena se você for infectado e não puder embarcar.

    Gray Faust diz que sua mala também deve levar em conta as incertezas. Ela recomenda levar roupas e medicamentos extras  caso você precise ficar em quarentena. Se puder, inclua algumas máscaras KN95 extras e testes rápidos de antígeno também.

    Mas, acima de tudo, Gray Faust diz que os passageiros precisam fazer uma viagem aceitando que haverá protocolos de saúde em vigor – que podem mudar à medida que as condições pioram ou melhoram – e que eles existem para mantê-lo seguro.

    “Você precisa estar bem com isso”, diz ela. “Você ainda pode fazer uma ótima viagem. Mas estará se protegendo e protegendo outras pessoas se usar máscara e tomar a vacina.”

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