Conheça ‘Oumuamua, rocha de outro sistema diferente de tudo que já vimos

O objeto interestelar é provavelmente um asteroide com comprimento 10 vezes maior que a largura.

Por Michael Greshko
Publicado 21 de nov. de 2017, 16:00 BRST, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
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Ilustração revela o primeiro asteroide interestelar: `Oumuamua. O objeto percorreu o espaço por milhões de anos antes do encontro casual conosco. Parece ser um objeto vermelho escuro, alongado, metálico ou rochoso, com cerca de um quarto de milha de comprimento. É diferente de qualquer coisa encontrada no sistema solar.
Foto de Ilustração de European Southern Observatory, M. Kornmesser

Algo estranho passou pela Terra no mês passado, e graças a um trabalho rápido, astrônomos conseguiram obter a primeira boa visualização de um visitante do espaço interestelar.

Agora chamado de 'Oumuamua, nome havaiano para "um mensageiro de longe que chega primeiro", o objeto é o primeiro pedaço de rocha e gelo de outro sistema estelar conhecido. Ele fornece a astrônomos a chance de vislumbrar restos deixados pela formação de um planeta alienígena.

"Isso foi muito legal. Para a comunidade que estuda asteroides, isso é tão grande quanto o anúncio da onda gravitacional", disse o astrônomo da Nasa Joseph Masiero quando o objeto foi descoberto, referenciando as recentes detecções de ondulações no tecido espaço-tempo.

E como os pesquisadores relatam na Nature, o visitante faz jus às suas origens exóticas: o comprimento do objeto é, pelo menos, 10 vezes maior que a largura – lembra um lápis cósmico gigante vagando no vácuo.

"Ele é extraordinariamente alongado, algo muito incomum. Não temos nada do tipo em nosso sistema solar", diz a líder do estudo, Karen Meech, do Instituto de Astronomia da Universidade do Havaí.

MAIS A CAMINHO

Rob Weryk, pesquisador pós-doutorado da Universidade do Havaí, viu o intruso interestelar pela primeira vez em 19 de outubro, em imagem feita pelo telescópio Pan-STARRS 1.

Quando informou o astrônomo Marco Micheli, da Agência Espacial Europeia, os dois perceberam que o objeto, chamado provisoriamente de A/2017 U1, superava a atração gravitacional do sol. No momento em que confirmaram o caminho de voo balístico do objeto, ele estava saindo do sistema solar a mais de 160.000 km/h.

Depois de observar o objeto em sua jornada de saída, os cientistas perceberam que o ‘Oumuamua não gerou uma cauda de gás ou pó enquanto voava pelo sol. Isso significa que o objeto interestelar provavelmente não é um cometa, mas um asteroide formado na parte interna de outro sistema estelar.

Eles também viram que a superfície reflete luz mais avermelhada, como alguns cometas e asteroides em nosso sistema solar. Para explicar isso, Meech sugere que ‘Oumuamua seja revestido de sujeira de materiais orgânicos, ferro metálico ou minerais piroxenos. Para o olho humano, ele é provavelmente marrom escuro.

Além disso, o objeto escurece e ilumina 10 vezes a cada poucas horas. Esse ciclo sugere que o asteroide seja longo e fino e realize uma rotação a cada 7,34 horas. Quando 'Oumuamua brilha intensamente, seu lado longo fica virado para nós, refletindo mais efetivamente a luz solar. Quando escuro, estamos olhando para um dos seus extremos pontudos.

O ciclo do asteroide também indica que ele tem entre 950 a 40 mil de comprimento, mas apenas 130 metros de largura. Essa finura não tem precedente. Apenas cinco objetos conhecidos em nosso sistema solar tem o formato oblongo como esse, e todos são menores que o 'Oumuamua.

O objeto já está fora do alcance dos telescópios terrestres, mas astrônomos ainda o seguem com instrumentos no espaço. Meech diz que o telescópio espacial Spitzer, que examina a luz infravermelha, está observando o 'Oumuamua esta semana, e sua equipe usará o Telescópio Espacial Hubble em janeiro de 2018 para acompanhá-lo ainda mais.

À medida que esse mensageiro interestelar sai do sistema solar, outros devem tomar seu lugar. A equipe de Meech diz que, hoje, há pelo menos um objeto do tamanho de ‘Oumuamua dentro de um raio de 150 milhões de quilômetros do Sol. A vantagem é que agora temos uma ideia melhor do que procurar em caso de origens estranhas.

"Eu acho que o futuro é promissor", diz ela, "porque haverá mais objetos desse tipo, e estaremos preparados".

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