Cinegrafista flagra captura e venda ilegal de preguiça na Amazônia

O vídeo acompanhou todo o processo de tráfico do animal. O bicho deve ser revendido como animal de estimação ou levado para tirar fotos com turistas.

Por Natasha Daly
Publicado 8 de nov. de 2017, 20:36 BRST, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Câmera flagra captura e venda de bicho-preguiça na Amazônia
Madeireiros ilegais cortaram a árvore onde estava a preguiça, colocaram o bicho em uma bolsa e o venderam no mercado negro.

As imagens mostram uma preguiça se segurando no topo de uma árvore na selva peruana enquanto dois homens cortam o tronco. Quando a árvore despenca do alto dos seus 30 metros, a preguiça também cai. Os homens, madeireiros ilegais, pegam o animal ainda vivo sob os restos da árvore e o colocam dentro de uma bolsa preta. Eles fecham a bolsa, atravessam a selva com a preguiça e a jogam dentro de um barco. Depois, abrem a bolsa para dar uma rápida olhada – a preguiça está molhada pela condensação de sua respiração dentro da bolsa apertada e sem ventilação. Os madeireiros fecham a bolsa, a preguiça volta à escuridão.

Após uma viagem pelo Amazonas até a cidade portuária de Iquitos, os madeireiros vendem a preguiça por US$ 13. O mercado de Belén, onde os vendedores operam, é um conhecido ponto de venda ilegal de animais selvagens.

Registrado no fim de agosto, e enviado a National Geographic pela ONG World Animal Protection, o vídeo mostra a excruciante viagem de um animal, da natureza ao cativeiro. Para o turista que tira selfies com preguiças – ou tamanduás, tartarugas, papagaios, cobras e jacarés –, isso mostra o sofrimento a que essas criaturas são submetidas até chegarem nos braços de pessoas que amam animais.

No início do mês, a National Geographic investigou o uso de animais selvagens capturados ilegalmente na indústria do turismo da Amazônia. Em Puerto Alegría, no Peru – aproximadamente 322 km de onde essa preguiça fora capturada –encontrei aproximadamente 18 espécies diferentes de animais selvagens mantidas em cativeiro para turistas segurarem e tirarem fotos.

“Embora o cativeiro seja algo ruim para todas as espécies, o efeito sobre as preguiças é especialmente prejudicial. Elas dormem até 20 horas por dia na natureza, e a personalidade aparentemente calma e dócil fazem com que a captura, o transporte e o manuseio do animal seja muito fácil. O estresse dessas experiências pode levar a mortes prematuras”, diz Neil D’Cruze, diretor de políticas da World Animal Protection.

O cinegrafista capturou essas imagens por acidente. Ele filmava o cotidiano dos madeireiros ilegais no Peru, e sabia que trabalho deles alimenta o comércio ilegal de animais. Mas ele não esperava testemunhar a captura de um animal. Sua câmera continuou registrando tudo enquanto a ação se desenrolava.

Não se sabe o que aconteceu com a preguiça, mas é provável que tenha sido vendida para o mercado ilegal de animais, ou para a indústria da “selfie”.  “Assim que esses animais são retirados da natureza, é improvável que eles tenham um final feliz em suas vidas”, acrescenta D’Cruze.

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