Cinegrafista flagra captura e venda ilegal de preguiça na Amazônia
O vídeo acompanhou todo o processo de tráfico do animal. O bicho deve ser revendido como animal de estimação ou levado para tirar fotos com turistas.
As imagens mostram uma preguiça se segurando no topo de uma árvore na selva peruana enquanto dois homens cortam o tronco. Quando a árvore despenca do alto dos seus 30 metros, a preguiça também cai. Os homens, madeireiros ilegais, pegam o animal ainda vivo sob os restos da árvore e o colocam dentro de uma bolsa preta. Eles fecham a bolsa, atravessam a selva com a preguiça e a jogam dentro de um barco. Depois, abrem a bolsa para dar uma rápida olhada – a preguiça está molhada pela condensação de sua respiração dentro da bolsa apertada e sem ventilação. Os madeireiros fecham a bolsa, a preguiça volta à escuridão.
Após uma viagem pelo Amazonas até a cidade portuária de Iquitos, os madeireiros vendem a preguiça por US$ 13. O mercado de Belén, onde os vendedores operam, é um conhecido ponto de venda ilegal de animais selvagens.
Registrado no fim de agosto, e enviado a National Geographic pela ONG World Animal Protection, o vídeo mostra a excruciante viagem de um animal, da natureza ao cativeiro. Para o turista que tira selfies com preguiças – ou tamanduás, tartarugas, papagaios, cobras e jacarés –, isso mostra o sofrimento a que essas criaturas são submetidas até chegarem nos braços de pessoas que amam animais.
No início do mês, a National Geographic investigou o uso de animais selvagens capturados ilegalmente na indústria do turismo da Amazônia. Em Puerto Alegría, no Peru – aproximadamente 322 km de onde essa preguiça fora capturada –encontrei aproximadamente 18 espécies diferentes de animais selvagens mantidas em cativeiro para turistas segurarem e tirarem fotos.
“Embora o cativeiro seja algo ruim para todas as espécies, o efeito sobre as preguiças é especialmente prejudicial. Elas dormem até 20 horas por dia na natureza, e a personalidade aparentemente calma e dócil fazem com que a captura, o transporte e o manuseio do animal seja muito fácil. O estresse dessas experiências pode levar a mortes prematuras”, diz Neil D’Cruze, diretor de políticas da World Animal Protection.
O cinegrafista capturou essas imagens por acidente. Ele filmava o cotidiano dos madeireiros ilegais no Peru, e sabia que trabalho deles alimenta o comércio ilegal de animais. Mas ele não esperava testemunhar a captura de um animal. Sua câmera continuou registrando tudo enquanto a ação se desenrolava.
Não se sabe o que aconteceu com a preguiça, mas é provável que tenha sido vendida para o mercado ilegal de animais, ou para a indústria da “selfie”. “Assim que esses animais são retirados da natureza, é improvável que eles tenham um final feliz em suas vidas”, acrescenta D’Cruze.