Nova perereca é descoberta em rodovia abandonada no Brasil

O anfíbio com manchas parecidas às de onças-pintadas pode já estar ameaçado de extinção, segundo novo estudo.

Por Elaina Zachos
Publicado 23 de nov. de 2017, 18:51 BRST, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
perereca-onca
Pesquisadores encontraram a perereca-onça em uma rodovia abandonada na Amazônia.
Foto de Rafael de Fraga

Cientistas descobriram uma nova espécie de perereca em um lugar incomum – uma estrada abandonada no Amazonas.

Quando herpetólogos ouviram pela primeira vez os anfíbios machos coaxarem na floresta, já suspeitaram que se tratava de uma nova espécie. Rafael de Fraga, do Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas (Inpa), confirmou, com a ajuda de colegas, a suposição inicial através de estudos genéticos.

A equipe nomeou a espécie Scinax onca, ou perereca-onça, pela pele, repleta de manchas, e pela população de onças-pintadas que vive na região onde foi encontrada.

“Durante as expedições para coleta de dados, tivemos a sorte de avistar várias onças-pintadas”, disse Fraga, que contou ter percebido certa apreensão de alguns membros da equipe.

Mas comentou que “a estrada é definitivamente mais perigosa que onças, muitas pessoas morreram em batidas de carro ou queda de pontes.”

O anfíbio é a 27ª espécie de Scinax – o gênero de pererecas com nariz protuberante – conhecida na Bacia Amazônica. Existem mais de 800 espécies de pererecas no mundo inteiro.

A confluência dos rios Purus e Madeira, onde os anfíbios vivem, é um lugar “muito especial do ponto de vista biológico”, disse Fraga. Isso porque ele abriga uma diversidade de espécies, incluindo um parente da perereca-onça, o Scinax iquitorum.  

Uma descoberta no fim?

Ainda se sabe muito pouco sobre a criatura recém-identificada, descrita em estudo recente no periódico Zookeys.

O anfíbio de olhos alaranjados mede menos que 5 cm e tem virilha branca com pontos pretos. Ele também possui dimorfismo sexual evidente – as fêmeas são maiores que os machos.

Fraga disse que o coaxar do animal parece o som de uma serra-elétrica, e o macho consegue segurar uma nota no canto de acasalamento por mais de 100 milisegundos.

“[A descoberta] não é uma grande surpresa, mas indica um esforço do Brasil para compreender o meio ambiente”, disse Daniel Frost, curador emérito do Museu Americano de História Natural, que não estava envolvido no estudo.

Apesar de uma nova espécie ser descoberta na Amazônia dia sim, dia não, as espécies estão desaparecendo antes mesmo de serem identificadas. Os anfíbios, em especial, estão sumindo em uma taxa alarmante por fatores como os fungos parasitários Chytridiomycota e o desmatamento.

Fraga suspeita que a perereca já está ameaçada de extinção. Planos para recuperar a estrada onde foi encontrada coloca ainda mais pressão no anfíbio e em várias outras espécies que vivem no local.

“Não nos opomos totalmente à recuperação da estrada, muitas pessoas vivem completamente isoladas de recursos básicos, como medicamentos”, disse Fraga.

“Mas é preocupante ver a região ser transformada em áreas urbanas sem a preocupação com a biodiversidade perdida”.

 

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