Exclusivo: Orcas raras são registradas em imagens subaquáticas pela primeira vez

Um barco que voltava da Antártida teve um encontro casual com um tipo de orca dificilmente visto.

Por Erica Tennenhouse
Publicado 5 de mar. de 2018, 17:16 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Primeiras imagens subaquáticas: Orca Tipo D
As orcas do Tipo D vivem em mares revoltos e longe da costa, por isso, raramente são avistadas.

Por volta de 6h, em uma manhã de dezembro de 2017, ouviu-se um anúncio no alto-falante de um navio que se dirigia da Antártica para a América do Sul: todos deveriam se encaminhar ao convés.

Os 148 passageiros da embarcação – principalmente turistas, mas também naturalistas e um cinegrafista que voltava para casa de uma viagem ao continente mais austral do planeta – foram recebidos com uma visão excepcionalmente rara: um grupo de orcas tipo D.

Essas orcas de aspecto estranho só foram vistas um punhado de vezes nos últimos 70 anos, e são tão distintas de outras orcas que podem até ser consideradas como uma espécie diferente.

Os 40 animais atravessaram a extensão do navio National Geographic Explorer, dando aos espectadores um espetáculo incrível.

"Elas estavam brincando e pareciam estar seguindo nosso barco... elas simplesmente continuavam aparecendo", lembra Gregg Treinish, diretor executivo da ONG de Montana, Adventure Scientists e explorador da National Geographic que foi convidado para dar uma palestra na expedição de Lindland.

Essa foi a cena vista de cima. Enquanto isso, uma câmera submersa capturou o primeiro vislumbre desses animais misteriosos debaixo d'água. A filmagem capturou as criaturas pretas e brancas que nadavam graciosamente na água, algumas movendo-se em sincronia impressionante uma com a outra.

A cena foi testemunhada por pura sorte, diz Treinish, observando que mesmo uma expedição criada especificamente para esse fim encontraria dificuldades para localizar tais animais. Isso ocorre porque eles tendem a viver em águas mais profundas, longe da terra, em áreas propensas a ventos e tempestades.

Orcas D-iferentes

As orcas tipo D só foram identificadas em 1955, quando um grupo de orcas de aparência peculiar ficou preso em uma praia na Nova Zelândia. Suas cabeças eram mais bulbosas, suas barbatanas dorsais mais agudas e as manchas brancas em seus olhos eram muito menores do que de outros membros da espécie.

Desde então, os avistamentos foram tão escassos que até mesmo Robert Pitman, ecologista marinho do Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) e especialista mundial em tipos D, nunca viu uma. 

Grupo de orcas faz bullying em uma baleia-azul
Imagens de drone flagaram um grupo de orcas fazendo bullying em uma baleia-azul próximo à costa da Caligórnia, EUA.

No entanto, ele conseguiu mapear suas características físicas estudando cuidadosamente as fotografias tiradas por marinheiros. Ele diz que a orca tipo D possui o aspecto mais distinto dos quatro tipos conhecidos de orcas – A, B, C e D – que habitam nas águas da Antártida.

Não só a aparência é única, mas os genes também. Em 2013, Pitman fez parte de um grupo que obteve o DNA de um esqueleto de museu na Nova Zelândia. Esses resultados sugeriram que os genes da orca tipo D divergiram o suficiente para torná-la uma espécie separada, mas é necessário estudar mais indivíduos para confirmar essa descoberta.

Espécie misteriosa?

Encontros como esse fornecem informações muito importantes sobre onde esses golfinhos vivem e sobre seus hábitos. "Não sabemos quase nada sobre o que elas comem, sua longevidade, migração, ou sua estrutura social", diz Conor Ryan, biólogo marinho e naturalista na expedição de Lindblad.

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    Para Pitman, o vídeo também oferece algo que tem sido difícil ver em fotografias: "A primeira oportunidade de observar como é o animal inteiro".

    Assim, as filmagens serviram para confirmar que as características que distinguem essas orcas – grandes cabeças redondas; manchas oculares minúsculas; e pontas dorsais pontudas – são iguais, acima ou abaixo da superfície.

    Enquanto isso, Pitman tenta organizar uma viagem que finalmente poderia colocá-lo frente a frente com orcas tipo D e fornecer mais informações para talvez conseguir definir a sua espécie.

    "Se essa for uma nova espécie", diz ele, "pode muito bem ser o maior animal ainda não descrito no planeta."

    Erica Tennenhouse é uma jornalista científica de Toronto. Siga Erica no Twitter.

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